Entendendo a adesão ao tratamento na Fibrose Cística

Comunicação IUPV - 22/04/2019 15:44

Entende-se por doença crônica aquela que persiste por períodos superiores a seis meses e não se resolve em um curto espaço de tempo. Como exemplo de doenças crônicas, temos o diabetes, Alzheimer, hipertensão, asma, AIDS, doenças autoimunes, além da Fibrose Cística e outras. As doenças crônicas têm em comum o tratamento contínuo, seja ele medicamentoso, psicológico, físico, etc.
A Fibrose Cística é considerada uma doença que necessita de tratamento multidisciplinar, e envolve tratamento medicamentoso, nutricional, psicológico, atividades físicas e, muitas vezes, tratamentos paliativos. Muitos estudos relatam que o tratamento da Fibrose Cística pode despender várias horas diárias, podendo dificultar a adesão ao tratamento.
Vemos na literatura diversos conceitos de Adesão ao Tratamento, como:
Segundo Correr (2016) a  adesão terapêutica é mais do que apenas tomar os comprimidos. Trata-se, afinal, do quanto o paciente compreende, concorda e participa do seu tratamento.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2003) a adesão ao tratamento tem sido definida como a extensão na qual o comportamento do paciente coincide com o plano de cuidados acordado com os profissionais de saúde, incluindo médicos e outros profissionais de saúde.
A falta de adesão ao tratamento é considerada como um problema de saúde pública, variando de 15 à 93% para portadores de doenças crônicas, com média estimada de 50%.
E a grande problemática na adesão ao tratamento envolve 5 fatores, como: fatores socioeconômicos, fatores relacionados ao paciente, fatores relacionados à doença, fatores relacionados ao tratamento e o sistema e equipe de saúde.
Sabemos que grande parte do tratamento da Fibrose Cística consiste no uso de medicações, realização de nebulizações, fisioterapia respiratória, suplementações vitamínicas, atividade física, além de internações periódicas para tratamento endovenoso, etc. Além de todo tratamento, boa parte das pessoas com Fibrose Cística têm rotinas estabelecidas de estudo, trabalho, família, e algumas pessoas com FC têm filhos, também. Deste modo, listamos abaixo alguns fatores que podem melhorar a adesão ao tratamento, considerando que ela é fundamental para a melhora no prognóstico da doença:

  • Organização: Estabeleça uma rotina de tratamento, como horários pré-definidos para cada etapa. Assim como escovar os dentes, saiba que em determinado horário você precisa fazer sua inalação, fisioterapia, etc;
  • Use aplicativos ou alarmes no celular: Existem hoje diversos aplicativos que auxiliam na melhora da adesão ao tratamento, onde você pode adicionar todos os medicamentos utilizados, os horários de cada medicação, a dosagem, lembretes, resultados periódicos (temperatura, glicemia, peso, etc), adicionar atividades (musculação, fisioterapia, correr, etc) além disso alguns aplicativos permitem adicionar cuidadores (pessoas de sua confiança que vão ajudar a lembrar que precisa melhorar sua adesão). Em breve teremos um especial do Unidos pela Vida para você!
  • Investimento de tempo: Não veja a adesão como perda de tempo. Você está investindo tempo na sua saúde para poder fazer o que ama sentindo-se bem!
  • Não tenha vergonha: A Fibrose Cística é parte de você e não o limite do que você pode ser!
  • Busque entender cada etapa: Converse com seu médico sobre o por que e o que cada etapa do seu tratamento fará na sua saúde. Para que serve a inalação? O que este medicamento fará? Quando passamos a entender a importância de cada etapa, fica mais fácil sabermos a diferença que isso fará na sua saúde.
  • Peça ajuda: Fale com um familiar, amigo ou com quem convive diariamente para que ele te lembre de fazer seu tratamento, quando você esquecer!

E o mais importante: veja seu tratamento como meio para você realizar algum sonho e como parte importantíssima da sua vida e da sua saúde! Invista em você!
Por: Vinícius Bednarczuk de Oliveira, doutor em ciências farmacêuticas, diretor científico do Unidos pela Vida, professor universitário, fundador da Catálise Consultoria Científica, membro efetivo do Conselho Regional de Farmácia do Paraná.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, psicóloga, especialista em análise do comportamento, fundadora do Unidos pela Vida, membro do Grupo Brasileiro de Estudo em Fibrose Cística. Diagnosticada com FC aos 23 anos, tem hoje 32 anos e é mãe da Helena.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

Fale conosco