Nova maneira de combater as infecções crônicas por Pseudomonas aeruginosa: atingindo a parede celular bacteriana

Comunicação IUPV - 14/05/2019 14:53

Atacar elementos da parede celular bacteriana pode ser uma maneira eficaz de ativar o sistema imunológico e combater infecções crônicas e resistentes ao tratamento em pessoas com Fibrose Cística (FC). Esse é o resultado da pesquisa “Determinação de suscetibilidade de cepas de Pseudomonas aeruginosa de infecções agudas e crônicas com direcionamento às proteínas da parede celular”, publicada no Nature Scientific Reports.
Muitas pessoas com doenças pulmonares crônicas, como a FC, têm maior risco de desenvolver infecções pulmonares causadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, trazendo pioras para o quadro e a função pulmonar.
Ao longo dos últimos anos, vários agentes antibacterianos foram desenvolvidos para ajudar a combater essas infecções. Porém, algumas bactérias tornaram-se resistentes a esses tratamentos. Por isso, encontrar novas formas de tratar infecções bacterianas crônicas e resistentes tornou-se uma preocupação científica.
As células que fazem parte do sistema imunológico do corpo humano, naturalmente, produzem proteínas, chamadas peptidoglicanos (PNG), para atacar elementos específicos da parede celular de bactérias. Com essa estratégia é possível bloquear alguns dos mecanismos de proteção da bactéria.
Considerando esse método, pesquisadores espanhóis avaliaram o potencial antibacteriano das proteínas lisozima e PNG, produzidas pelas células imunes do corpo humano, para combater as infecções resistentes ao tratamento.
A equipe utilizou amostras de Pseudomonas aeruginosa coletadas em infecções agudas, com bactérias isoladas na corrente sanguínea; e em infecções crônicas, com bactérias dos pulmões de pessoas com FC. Após a coleta, colocaram as diferentes amostras em contato com a lisozima e as PNG.
De maneira geral, descobriram que as proteínas tinham boa ação antibacteriana para a maioria das bactérias. O tratamento com lisozima provocou a morte de cerca de 40-50% das bactérias, enquanto a PNG apenas 20%. Não foram encontradas diferenças entre as amostras.
Curiosamente, quando as proteínas foram usadas em conjunto com um composto permeabilizante da parede celular, o colistina subinibitória, a atividade contra as bactérias foi aumentada. Em especial, as amostras dos indivíduos com FC, em comparação com a amostra da coleta no sangue, foram mais vulneráveis e apresentaram uma maior redução na sobrevida.
“O motivo pelo qual algumas cepas mostraram reduções de viabilidade em tratamentos combinados ainda deve ser verificada”, disseram os pesquisadores. “No entanto, uma explicação pode ser a vulnerabilidade ao permeabilizante, a colistina”.
O aumento da fragilidade bacteriana ao tratamento combinado pode resultar em alterações específicas das PNG e em seu metabolismo. Por outro lado, a adaptação nos casos de FC pode causar mudanças na parede celular da bactéria e consequente resposta ao tratamento.
“Portanto, cada cepa deve ser abordada individualmente para determinar a base molecular, porque é muito difícil determinar tendências gerais”, afirmam os pesquisadores.
Ainda assim, as descobertas do estudo sugerem que o uso de colistina subinibitória como permeabilizante, ou visando elementos da parede celular, pode ajudar a aumentar a atividade imunológica do corpo contra a Pseudomonas aeruginosa.  
De acordo com a equipe, os resultados sugerem que “atacar alguns elementos da parede celular da Pseudomonas aeruginosa para aumentar a atividade do sistema imunológico pode ser uma estratégia terapêutica promissora”.
Fonte: MELÃO, A. Targeting Bacteria Cell Wall Elements Can Fight Chronic P. aeruginosa Infection, Study Suggests. Cystic Fibrosis News Today. 25 de março de 2019. Disponível em: https://cysticfibrosisnewstoday.com/2019/03/25/targeting-bacteria-cell-wall-elements-can-help-fight-p-aeruginosa/.
Por: Julianna Rodrigues Beltrão, acadêmica do 9º período de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); presidente da Liga Acadêmica de Humanização do Cuidado em Saúde (LAHCS); atua no  setor de Psicologia e Projetos do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, psicóloga – CRP 08/16.156, especialista em análise do comportamento, fundadora e diretora geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, diagnosticada com FC aos 23 anos de idade.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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