Depoimento | Serena, uma menina de muita Fibra!

Instituto Unidos pela Vida - 16/03/2014 20:15

Serena - para 15 de marçoSerena Figueiredo tem 13 anos e é natural do Rio de Janeiro.
Ela nasceu com um propósito: salvar um irmão da mielodisplasia, uma doença do sangue. Acontece que, infelizmente, nem tudo saiu como planejado. Serena nasceu com alguns problemas de saúde que impossibilitaram que ela fornecesse material para o irmão. Os problemas de saúde continuaram. Sintomas respiratórios, dificuldade de ganhar peso e diarreias constantes levaram os médicos a pensarem que Serena também tinha alguma doença crônica. Foi quando um médico do Instituto Fernandes Figueiras que foi chamado para um estudo de caso com os irmãos que desconfiou dos sintomas. Foi durante a consulta, quando a mão teve que trocar as fraldas de Serena por várias vezes que ele pediu para que ela investigasse a mucoviscidose, palavra que a mãe achou que se tratasse de um chingamento. Só alguns exames e um bom tempo depois que, no dia em que completou quatro anos, eles finalmente confirmaram o diagnóstico. Seguiram-se tempos difíceis em que Serena continuou com dificuldade de ganhar peso, mas aos poucos foi melhorando.
No final de 2012, Serena precisou ficar internada para uma sessão de antibióticos e soube que uma amiga, que se tratava para anemia falciforme, não resistiu e acabou morrendo. Foi quando ela se sentiu mais triste e abalada e teve medo de morrer. Mas, mesmo com tudo isso, Serena nos conta que foi depois dessa internação que ela descobriu que podia ser feliz, mesmo com FC. E felicidade parece mesmo ser a marca da Serena. Ela adora dançar e também joga futebol em Campo Grande, bairro onde mora com a família. Ela diz, sem falsa modéstia, que joga de igual pra igual com os meninos. Quando não está dançando, está jogando bola e garante que faz isso todos os dias.
Serena é do tipo de pessoa que adora reunir os colegas para brincar. Boa aluna, ela sente ter parado um ano de estudar para intensificar o tratamento. Hoje, já recuperada, ela cura o sexto ano e pensa em estudar para trocar a escola municipal por outra melhor. Ela sonha com o vestibular para a faculdade de educação física ou nutrição, coisas que ela gostaria de fazer porque a ajudaram muito e porque ela gostaria de também poder ajudar os outros.
Sobre como lida com a doença, Serena deixa bem claro: “Ninguém precisa fingir ser o que não é. Se estou a fim de um menino, por exemplo, vou logo contando da FC porque se o menino fica sabendo depois, por outra pessoa, é muito pior.” Argumenta. E ela é mesmo assim, extrovertida, meio moleca.
Serena já tinha ouvido falar sobre a Equipe de Fibra, mas foi no evento organizado pela ACAM-RJ em parceria com o Instituto Unidos pela Vida na Quinta da Boa Vista em julho do ano passado que ela entendeu mesmo o que era a equipe e decidiu que queria fazer parte.
Sua primeira prova foi a corrida das Academias Caixa no final de 2013. Ansiosa, Serena não via a hora da prova começar. Ela conta que a maior emoção foi quando colocou o número no peito e o chip de marcação do tempo no pé e se deu conta de que estava participando mesmo de uma competição. Ela achou incrível ver as outras equipe e até fez amizade com meninos de uma equipe da Rocinha. Também diz que sentiu-se muito importante quando viu as equipe de TV que filmavam o evento. Ela largou acompanhada com a fisioterapeuta Eloá que começou falando pra ela segurar o ritmo, mas ela conta que no meio da prova decidiu disparar e deixar Eloá pra trás. De ruim, só a sede que passou logo depois de se hidratar. Ela correu acompanhada da amiga Rafaela, outra atletinha de fibra, e diz que isso foi muito importante pra ela.
Sua segunda prova já foi uma corrida de gente grande. Ela participou do Circuito Rio Antigo, uma prova de 5Km onde alternou corrida e caminhada, sempre acompanhada da nutricionista Carol e de outras pessoas da equipe.
Sua última corrida foi a São Sebastiãozinho e ela nos conta que nessa prova sentiu-se mesmo um atleta. Mais segura, ela já começou forte e conseguiu chegar entre as primeiras. “Não me importo de chegar em primeiro, mas em passar da linha de chegada e fazer o meu melhor.”, conta.
Serena disse que para as corridas não faz muitos treinos, mas que um dia entregou a mochila pra mãe e foi correndo até a escola. Depois disso decidiu treinar mesmo e foi num desses treinos que conheceu um rapaz da Marinha que também treinava perto de casa. Ele perguntou por que ela estava correndo, ela explicou e a partir daí, ele disse que podiam treinar juntos. Esse rapaz e uma amiga são as companhias de Serena nos treinos, mas o grande incentivador dela é mesmo o irmão mais velho. “Já treinou hoje Serena?” Ele fica me perturbando, diz ela sorrindo.
Ela também diz que o contato com as outras pessoas da equipe pelo grupo no Facebook ajuda muito a se manter motivada.
A equipe está de olho na Serena porque ela quer continuar participando e tem um sonho: viajar com a equipe para uma prova fora do Rio. Para isso ela vai ter que cuidar da alimentação já que decidiu, por conta própria, que queria emagrecer e parou de se alimentar direito para a preocupação da mãe e da equipe que já mandou ela fazer tudo direitinho para garantir também a disposição para todas as atividades que gosta.
 
Depoimento enviado para a equipe do Instituto Unidos pela Vida por e-mail por Serena.
Este relato tem cunho informativo. Não pretende, em momento algum, substituir ou inferir em quaisquer condutas médicas. Em caso de dúvidas, consulte sua equipe multidisciplinar.

Fale conosco