Rapidez no tratamento das infecções pulmonares: fator fundamental para o combate das bactérias

Comunicação IUPV - 25/04/2019 15:25

O tratamento das infecções pulmonares causadas pela bactéria Pseudomonas aeruginosa em pessoas com Fibrose Cística (FC) pode ser mais eficaz se realizado dentro do tempo inicial de dois a três anos, período considerado crucial pois nele a bactéria está vulnerável aos antibióticos. Esse é o resultado da pesquisa “Rodovias Evolutivas para Infecção Bacteriana Persistente”, publicada na revista Nature Communications.  
As alterações genéticas, acumuladas ao longo do tempo, contribuíram para a capacidade das bactérias de se adaptarem a novos ambientes. Existe uma grande diversidade de bactérias que causam infecções crônicas em pessoas com Fibrose Cística, e os pesquisadores concordam que esse aumento da resistência aos antibióticos pode ocorrer independentemente da espécie de bactéria.
Apesar de se conhecer as adaptações genéticas das principais bactérias relacionadas à FC, poucos estudos analisaram os fenótipos bacterianos, ou seja, o impacto acumulado dessas mutações. Também não existem muitos estudos que avaliaram os estágios iniciais da infecção.
Para entender melhor a adaptação das bactérias ao corpo humano ou outro hospedeiro, pesquisadores da Dinamarca usaram métodos estatísticos que explicam os efeitos do corpo nas linhagens seguintes das bactérias e os seus caminhos adaptativos. A pesquisa avaliou 443 vias aéreas com P. aeruginosa em 39 pessoas com FC, e idade média da primeira infecção há 8,1 anos. Além disso, todos os casos foram tratados no Copenhagen CF Center em Rigshospitalet, no período de 10 anos.
Essa abordagem foi diferente da maioria dos estudos, que geralmente analisam pessoas mais velhas com FC e com infecções crônicas que já se tornaram resistentes. Segundo os autores, a nova pesquisa “preenche a lacuna importante entre os estudos de infecções agudas e infecções crônicas”.
Os resultados revelaram que P. aeruginosa rapidamente se adapta após dois a três anos da infecção, período em que há pouca resistência aos antibióticos. Depois desse tempo, as bactérias cresceram mais lentamente e reduziram sua vulnerabilidade à ciprofloxacina, um antibiótico comumente usado como tratamento.
“Isso significa que é preciso prestar muita atenção nesse período para evitar que a infecção se torne persistente”, disse Jennifer Bartell, PhD, pesquisadora do Centro de Bio-sustentabilidade da Fundação Novo Nordisk, Universidade Técnica da Dinamarca e uma das coordenadoras do estudo.
“Nesta fase inicial, as bactérias mudam muito e se tornam muito mais robustas, mas os médicos não vêem isso com as medições clínicas atuais”, disse Lea Sommer, PhD, do Rigshospitalet e co-autora do estudo.
Embora a taxa de crescimento e a resistência à ciprofloxacina tenham sido relevantes para a persistência das infecções em todos os participantes, o grupo apresentou diferenças entre si. Essa diversidade nas bactérias e nos modos de adaptação contribuem para a persistência das infecções nas vias aéreas, de acordo com os pesquisadores. Os resultados também apoiam a ideia de que a adaptação bacteriana é específica de cada pessoa e é influenciada por mutações específicas e antecedentes genéticos.
De acordo com a equipe, a resistência ao tratamento não depende das bactérias serem mucóides (produzirem uma camada protetora e viscosa) ou não, associada à maior dificuldade em combater a infecção e acelerar a perda da função pulmonar.
Por outro lado, características como a capacidade de se ligar a superfícies evoluem de forma mais consistente em situações persistentes e podem ser um melhor sinal precoce de infecção crônica.
“Nós estamos vendo quais traços podem realmente ser valiosos para os médicos monitorarem além da resistência aos antibióticos”, disse Sommer. A equipe está agora planejando avaliar a resposta das bactérias a outros antibióticos, o que pode ajudar a identificar e tratar melhor as infecções por meio de abordagens individuais para cada pessoa com infecções persistentes, incluindo aqueles com FC.
“Na clínica, os médicos poderão potencialmente obter dados de triagem das bactérias de cada caso e analisar como essa pessoa específica responde ao tratamento”, disse Bartell. “À medida que ganhamos experiência com mais pessoas, será mais fácil avaliar o que pode ser feito para impedir a transição para uma infecção crônica.”
Fonte: LOPES, J. Window for More Effective Treatment of CF Lung Infections is 2 to 3 Years, Study Suggests. Cystic Fibrosis News Today. 7 de março de 2019. Disponível em: https://cysticfibrosisnewstoday.com/2019/03/07/treatment-cf-lung-infections-2-3-years/.
Tradução: Julianna Rodrigues Beltrão, acadêmica do 9º período de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); presidente da Liga Acadêmica de Humanização do Cuidado em Saúde (LAHCS); atua no setor de Psicologia e Projetos do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, psicóloga – CRP 08/16.156, especialista em análise do comportamento, fundadora e diretora geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, diagnosticada com FC aos 23 anos de idade.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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