Nove formas que a Fibrose Cística pode afetar o organismo

Instituto Unidos pela Vida - 12/12/2016 16:30

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A fibrose cística é uma doença genética que afeta aproximadamente 1 em 10 mil nascidos vivos no Brasil. Os sintomas da fibrose cística podem variar de paciente para paciente, pois dependem de qual mutação o paciente tem nos genes “defeituosos”, quando foi realizado o diagnóstico, como é feito o tratamento, entre outras variáveis.

No entanto, há vários pontos em comum na maneira como a FC afeta o organismo de acordo com a Cystic Fibrosis Trust.

Pulmões

Normalmente, os pulmões de quem tem FC são a parte do organismo mais afetada. Todo mundo tem um revestimento de muco nos pulmões, que existe essencial para reter detritos “indesejados” inalados, como poeira ou bactérias. Esse muco é, em seguida, expelido naturalmente. Contudo, nas pessoas com fibrose cística esse revestimento de muco é muito mais espesso e viscoso, o que significa que ele é mais difícil de expelir. Por ser mais difícil expulsar o muco, os pacientes com fibrose cística têm maior risco de infecções pulmonares.

Além disso, o muco torna-se mais espesso e começa a bloquear o movimento do ar nos pulmões, fazendo com que seja muito mais difícil para as pessoas com FC respirar e obter a quantidade necessária de oxigênio na corrente sanguínea. As técnicas de limpeza das vias aéreas (fisioterapia, por exemplo) são utilizadas para ajudar a soltar o muco e permitir que os pacientes respirem com mais facilidade, diminuindo o risco de infecções.

Sistema digestivo

O pâncreas é um órgão importante, no qual são produzidas as enzimas para quebrar os nutrientes dos alimentos que comemos. Muitos pacientes com fibrose cística descobrem que seu pâncreas não está funcionando corretamente, visto que o acúmulo de muco bloqueia os tubos que transportam as enzimas cheias de nutrientes para o sistema digestivo. Algumas das enzimas permanecem no pâncreas, o que causa inflamação. Os pacientes com fibrose cística frequentemente precisam tomar enzimas digestivas antes das refeições, para que possam digerir completamente os alimentos e absorver os minerais e as vitaminas.

Além disso, o pâncreas produz insulina, um hormônio vital para a regulação do açúcar no sangue. Sem níveis adequados de insulina os pacientes com fibrose cística podem desenvolver diabetes relacionada à Fibrose Cística, também conhecida como DRFC.

Fígado

Conforme os pacientes com fibrose cística envelhecem, muitos começam a desenvolver alterações na função hepática. O fígado produz a bílis, que ajuda no processo digestivo, particularmente na quebra das gorduras. Nos pacientes com FC a bílis pode se tornar excessivamente espessa e viscosa, e ocasionar inflamação e escarificação do fígado.

Fertilidade

Normalmente as meninas com fibrose cística terão a puberdade atrasada em 18 a 24 meses, às vezes mais, o que pode causar ansiedade se elas se sentirem diferentes entre seus pares. Contudo, elas atingirão a puberdade e terão corpos adultos.

Mulheres com fibrose cística são mais propensas a problemas de fertilidade, já que podem ter ciclos irregulares, portanto não ovular regularmente. Além disso, o muco vaginal é mais espesso, o que torna mais difícil ao esperma alcançar o óvulo.

Também entre os homens com fibrose cística o início da puberdade pode ser atrasado por 18 a 24 meses. Isso pode fazer com que eles pareçam menores e menos desenvolvidos que os colegas. Contudo, atingirão a puberdade e desenvolverão corpos adultos naturalmente.

Em relação à fertilidade, aproximadamente 98% dos homens com fibrose cística não serão capazes de gerar filhos sem a ajuda de métodos de fertilização artificial. Isso porque o canal deferente (que transporta o esperma dos testículos para o pênis) ou é bloqueado ou é completamente ausente. Portanto, eles produzem esperma saudável, mas seu organismo não é capaz de transportar o esperma para fecundar naturalmente suas parceiras.

Dedos das mãos e dos pés

Frequentemente pessoas que sofrem de doenças pulmonares como fibrose cística terão dilatação nas extremidades dos dedos das mãos e dos pés. A razão dessa dilatação é ainda desconhecida, e é conhecida também como Baquetamento Digital.

Suor

Em pacientes com fibrose cística o transporte de sal através das membranas celulares é alterado, o que significa que há uma concentração de sal no suor maior que em pessoas que não têm FC. Essa maior centração de sal no suor pode ser identificada através do Teste do Suor, exame considerado padrão ouro para o diagnóstico da Fibrose Cística. Além disto, este sintoma faz com que a doença também seja conhecida como Doença do Beijo Salgado, pois ao beijar alguém que tem FC, você sentirá um sabor mais salgado na pele dele, além de verificar pequenos grãozinhos de sal na pele em dias de calor.

Nariz e seio nasal

Pacientes com fibrose cística podem sofrer de pólipos nasais com frequência, que são pequenas bolsas de tecido inflamado que crescem no nariz e nos seios nasais. Os pólipos podem crescer individualmente ou em grupos, e podem levar a congestão nasal, corrimento nasal, dor nos seios nasais e perda do olfato. Os pólipos podem ser removidos cirurgicamente ou tratados com esteroides.

Por causa do acúmulo de muco, as pessoas com fibrose cística têm problemas nos seios nasais, que podem levar à dor na face, ao redor do nariz e dos olhos, congestão, perda do paladar e do olfato, e à constante necessidade de limpar a garganta.

Ossos

Com a idade, nossos ossos tornam-se frágeis e suscetíveis a quebras, mas para as pessoas com fibrose cística, esse processo acontece em idade mais precoce. A densidade e a força dos ossos estão ligadas à função pulmonar e ao peso corpóreo – duas áreas em que os pacientes com fibrose cística têm sérios desafios. É por isso que aproximadamente um terço dos pacientes adultos com fibrose cística tem baixa densidade óssea.

Saúde mental

Viver com uma doença crônica e complexa como a fibrose cística pode gerar impacto sobre a saúde emocional de algumas pessoas. Depressão, mudanças de humor e estresse são experiências comuns em pessoas com FC. É importante cuidar de sua saúde mental com a mesma atenção com que se cuida da saúde física! Ficar triste não é errado, mas ao mesmo tempo, você precisa estar atento se este sentimento é frequente ou passageiro. Acompanhar com um Psicólogo, por exemplo, pode ser importante para a melhora na qualidade de vida.

Fonte: http://cysticfibrosisnewstoday.com/social-clips/2016/10/25/ten-ways-cystic-fibrosis-affects-the-body/

Referências para Complementações e Ajustes à Realidade Brasileira: Livro “Fibrose Cística”, por Ilma Aparecida Paschoal Mônica Corso Pereira. Editora Yendis, 2010.

Traduzido por Vera Carvalho | Voluntária de Tradução de Textos do Instituto Unidos pela Vida. Tem formação em história social com mestrado voltado ao abandono de crianças. Foi gerente de informação na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde recebeu as primeiras demandas por traduções de textos acadêmicos e científicos. A tradução tornou-se a sua principal atividade profissional há treze anos.

Nota importante: As informações deste texto têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com sua equipe multidisciplinar, eles poderão esclarecer todas as suas perguntas!

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