O exercício como princípio fundamental dos meus cuidados com a FC

Instituto Unidos pela Vida - 05/04/2017 07:30

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Por Klyn Elsbury

Nesta semana me senti incrivelmente afortunado por conversar com Chris Kvam, um advogado realizado, marido devotado, atleta motivado, e colega membro do comitê da Cystic Fibrosis Lifestyle Foundation (Fundação Estilo de Vida com Fibrose Cística). Como se não bastasse, ele também tem fibrose cística. Embora todos estejamos familiarizados com as batalhas associadas a essa doença, a perspectiva dele é animadora.

Chris compartilhou: “Sou uma pessoa que está vivendo com FC. A FC não me definiu, mas me levou a correr atrás de meus sonhos e a vivê-los, implacavelmente”. E certamente foi essa atitude que o ajudou a conquistar algumas proezas muito impressionantes no atletismo.

Durante o ensino médio e a universidade, Chris fez corrida e competiu. Seu tempo mais rápido, naquela época, foi de 4 minutos e 34 segundos por milha (1,6 km). Desde então, ele terminou uma meia maratona Ironman Triathlon (modalidade de triatlo de longa distância), a maratona de Nova York, maratonas de esqui cross-country (modalidade do esqui nórdico, praticada no ambiente natural com neve baixa e inclinação moderada). Além disso, correu e pedalou milhares de milhas por todo o mundo, incluindo as montanhas rochosas canadenses e os Pireneus franceses.

Conheça mais sobre a programação de treinos, a motivação e o que ele planejou como próxima proeza.

Como é a sua programação de treinos?
Minha programação de treinos varia com base na época do ano e no evento esportivo para o qual estou treinando. Há duas estações – esqui nórdico e ciclismo. Também pratico corrida durante todo o ano. Atualmente, estou fazendo a transição do treino de esqui cross-country para o ciclismo. Corro 2 a 3 milhas (3,2 a 4,8 km) todos os dias úteis de manhã, antes do trabalho. Em dois desses dias, tento acrescentar uma sessão de ciclismo ou uma corrida, à noite. Estes são os treinos mais intensos. Um dia do fim de semana é reservado para um treino de longa distância e o outro é o dia do descanso. Faço 100 a 150 flexões/abdominais todos os dias e, recentemente, adicionei dois exercícios com kettlebell (instrumento para musculação que consiste em um peso no formato de bola com uma alça) de vinte minutos durante a semana.

Qual é seu exercício preferido?
O ciclismo é o exercício de que mais gosto. Correr sempre terá lugar especial na minha vida, mas nada é mais emocionante e libertador que “voar” com sua bicicleta por uma estrada.

Como você equilibra a carreira, o atletismo e a fibrose cística?
Faço do exercício uma prioridade. Acredito que muitas pessoas, com e sem FC, caem na armadilha de deixar o exercício sair do topo da sua lista de prioridades. O  O exercício é o princípio fundamental dos meus cuidados com a FCFB_IMG_1428095861548, e impulsiona a minha aderência a todos os outros aspectos do meu tratamento. Esse compromisso com o exercício viabiliza a minha carreira atenuando e controlando o potencial impacto negativo da FC sobre minhas capacidades para executar o trabalho que eu adoro. Não assisto muita TV, não tenho uma vida social agitada – felizmente, muitos dos meus amigos também são ciclistas!

Você se considera um atleta?
Sim, absolutamente. Quando me olho no espelho, vejo um atleta, não uma pessoa doente. Treino para maximizar meu potencial atlético e para explorar os limites das minhas habilidades físicas, independentemente da minha função pulmonar. Defino o sucesso um pouco diferente agora do que na época em que eu corria para competir. Eu costumava dar muita importância a minha colocação e ao meu tempo em comparação com os outros. Hoje estou competindo apenas comigo mesmo. Quando participo de um evento que exigiu meses de treinamento e preparação é uma celebração deste sucesso. Eu ainda sou um atleta.

Quem você considera um exemplo?
Qualquer pessoa que teste os próprios limites: Ernest Shackleton ao sobreviver contra todas as probabilidades; Roger Bannister ao definir o treino intervalado moderno e quebrar a marca dos 4 minutos por milha; Tyler Hamilton quando terminou o Tour de France (Volta da França) com a clavícula quebrada; Franklin Roosevelt e John Kennedy por superarem doenças crônicas e alcançarem sua grandeza; os fundadores do ACT UP que me mostraram o poder de uma comunidade afetada por uma doença. Estes exemplos, e outros como estes, me fizeram acreditar que eu poderia fazer qualquer coisa.

Em que você pensa enquanto se exercita?
O pensamento que mais vem a minha mente enquanto me exercito é “Uau, meu Deus, isso é incrível. Não consigo acreditar que estou realmente fazendo isso”. Para mim o exercício não é mais um tratamento, é o que eu gosto de fazer, e o que me dá uma profunda alegria.

Qual é a sua motivação?
Encontro motivação em muitos lugares, grandes e pequenos. No desejo de ter um bom desempenho no próximo evento, no desejo de dormir bem à noite, na busca de nunca perder minha boa condição física ou capacidade. O medo pode ser um motivador poderoso, que eu tento abrandar com outras recompensas mais positivas. Se algum dia eu me encontrar em uma situação em que eu não consiga mais fazer as atividades que adoro, quero ter a certeza de que fiz tudo o que eu podia com as minhas habilidades enquanto as tinha. Não me arrependerei de nada.

Em que medida a FC afeta o seu atletismo?
Acredito que isso depende da mente. Certamente eu teria sido mais rápido na universidade se não tivesse uma doença pulmonar crônica, mas não sou um corredor profissional, e a FC não me faz menos atleta que qualquer outro. Na verdade, ter FC tornou-me mais focado e orientado a priorizar a minha boa condição física que muitos dos meus pares e, como resultado disso, eu sou realmente mais atlético por causa da FC.

Quais são os seus objetivos?
No curto prazo eu me inscrevi no 2015 Mt Washington Hill Climb, uma corrida de bicicleta que sobe a estrada do Monte Washington. Esse evento orientará o meu treino durante próximos quatro meses. Terei várias outras provas significativas de bicicleta este ano. Depois de setembro, farei a transição para o treino visando à maratona anual de esqui cross-country. No longo prazo, meus objetivos giram em torno da família e da carreira. Minha esposa e eu estamos no meio de um processo de adoção, e muito ansiosos para nos tornarmos pais.

Curiosidade:
No final da nossa conversa, perguntei se havia uma frase favorita que Chris repetisse para si mesmo quando precisava de uma motivação extra. “Dar menos do que o seu melhor é sacrificar o dom”, de Steve Prefontaine, tornou-se um mantra pessoal.

Todos nós desejamos que Chris tenha sucesso em tudo o que faz, na aventura no Monte Washington, quando se tornar pai, quando se destacar nos tribunais, e ao inspirar outros, tal como Roosevelt e Kennedy.

Fonte: http://www.cflf.org/blog/ask-athlete-chris-kvam

Traduzido por Vera Carvalho: Voluntária de Tradução de Textos do Instituto Unidos pela Vida. Vera tem formação em história social com mestrado voltado ao abandono de crianças. Foi gerente de informação na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, onde recebeu as primeiras demandas por traduções de textos acadêmicos e científicos. A tradução tornou-se a sua principal atividade profissional há treze anos.

Nota importante: As informações deste texto têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com sua equipe multidisciplinar, eles poderão esclarecer todas as suas perguntas!

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