Depoimento – Verônica Arce
Comunicação IUPV - 14/05/2019 12:30Em março de 2002, minha mãe descobriu que estava esperando mais um bebê e no dia 30 de dezembro ela foi para um dos hospitais de Porto Alegre para me receber em seus braços. Ela fez uma cesária e tudo foi muito bem, mas quando completei 4 meses de vida, descobriram que eu era portadora de uma doença conhecida como a Doença do Beijo Salgado. Eu fui diagnosticada com Fibrose Cística.
Como era muito pequena, não sabia passar aos meus pais os sintomas da doença que me atingiam, mas eles notaram que eu era diferente dos meus irmãos. Meu suor era mais salgado que o normal, eu tinha muita diarreia e muita dificuldade para crescer e engordar. Quando tinha apenas 1 ano e 3 meses, fui internada no hospital Santo Antônio de Porto Alegre. Nessa época, eu internava de 3 em 3 meses para realizar meu tratamento.
Quando completei 6 anos, fui encaminhada para o hospital da PUC, também em Porto Alegre, e meu estado de saúde começou a regredir e em 2013 a situação piorou ainda mais. Foi neste ano que, pela primeira vez, encontrei sangue no meu vômito. Esse primeiro episódio foi horrível, parecia um filme de terror. Minha mãe estava se arrumando para sair e eu estava brincando na rua com meus amigos quando resolvi entrar em casa e tudo ficou preto, eu me senti muito tonta e corri para o quarto da minha mãe, onde comecei a vomitar muito sangue e desmaiei.
Depois deste ponto, não lembro de mais nada até chegar ao hospital com meu tio que era taxista na época e me levou rápido para lá em busca de atendimento. Lembro de ver minha mãe, meu avô, muitos médicos e enfermeiros ao meu redor tentando me reanimar. Logo me encaminharam para outro hospital, onde tive outro episódio de vômito com sangue.
Na época, precisei ficar um mês internada para me recuperar, mas quando perceberam que meu caso não seria resolvido no hospital em que eu estava, me encaminharam para o Hospital de Clínicas. E foi nesse momento, com 10 anos de idade, que comecei minhas internações no 10º andar da ala norte do hospital, local para pacientes com bactérias multirresistentes. Eu ficava lá todo ano, pois as crises me deixavam muito fraca e pálida.
Quando completei 12 anos, descobri outro problema: eu estava com diabetes. Comecei a fazer o tratamento com uma endocrinologista, mas confesso que não me cuidava muito bem em casa e meus índices glicêmico eram muito altos, de 300 para cima. Eu sentia muita fome durante a madrugada e não recusava nenhum docinho durante o dia inteiro. Aos 13 anos, foi um alívio receber a notícia de que eu poderia começar a me internar na ala sul, área para pacientes que não possuem bactérias resistentes.
Agora, faz mais de 4 anos que eu não preciso ficar internada na ala sul, local onde conheci várias pessoas com Fibrose Cística, médicos e enfermeiros maravilhosos. Eu ainda não me cuido muito bem em casa, mas estou fazendo melhor o meu tratamento. Melhor do que eu fazia há algum tempo. Estamos no começo de 2019 e eu estou internada há vários dias e já conheci um novo grupo de médicos e enfermeiros que também são incríveis e cuidam muito bem de mim. Parece que, a cada ano, esses jovens profissionais aprendem e evoluem mais, dominando novas técnicas de tratamento para a Fibrose Cística.
Conheci uma médica chamada Graziella. Ela faz parte da pneumologia do hospital e é incrível, me dá muitos conselhos e me ajuda muito. Também conheci uma fisioterapeuta linda e maravilhosa no que faz. Ela também me ajuda muito e disse que estou me recuperando muito bem e que está impressionada com o meu desenvolvimento. Eu as amo e espero que fiquem neste hospital por muito tempo para que possam cuidar de mim.
Agradeço ao Osmar, que conheci na internação de 2018, pela preocupação que ele tem comigo e pelos bons atos como paciente com Fibrose Cística. Também agradeço aos médicos e funcionários do hospital por serem tão capacitados e cuidarem tão bem de mim. Agradeço a Deus por iluminar meus caminhos!
Por Verônica de Souza Arce da Rosa
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