Depoimento – Kelita Brito da Silva
Comunicação IUPV - 18/08/2019 09:00Eu me chamo Kelita Brito da Silva, tenho 36 anos, sou técnica de enfermagem e acadêmica de enfermagem. Eu moro no Amazonas e sou a mãe de fibra de duas crianças com Fibrose Cística. Uma delas, meu amado Serginho, infelizmente, faleceu em 2012, aos 10 anos de idade. Enxergo essa morte precoce do meu guerreiro de fibra como resultado do início tardio do tratamento adequado para a doença. O diagnóstico chegou quando ele tinha 8 meses, mas somente aos 4 anos ele começou a se tratar de maneira adequado.
O tratamento do meu Serginho iniciou no Hospital São Lucas da PUC-RS. Precisávamos sair de Manaus para realizar as consultas de rotina no Rio Grande do Sul. Imaginem a distância! Mas, por conta do pulmão já bastante debilitado e colonizado por bactérias, nem todo esse esforço foi suficiente para que ele melhorasse e ele nos deixou.
Foi muito difícil. Eu achei que não suportaria tanta a dor. O meu esposo entrou em depressão e meu filho mais velho se isolou e era muito complicado para mim saber o que se passava na cabeça dele.Foi nesse momento que eu resolvi lutar pela minha família. Eu me levantei como uma coluna e pedi forças para Deus.
Mesmo naquele momento de pura dor, eu me levantei pois senti que, se não me posicionasse, todos morreriam de depressão. Naquele momento, se eu fraquejasse, levaria minha família junto. A minha casa não tinha mais alegria, por isso, em um gesto arriscado, resolvi engravidar novamente, mesmo sabendo de todos os riscos.
E em 2015 minha filha nasceu. Quando eu vi o brilho no olhar do meu filho mais velho, algo que eu não via há muito tempo, a alegria tomou conta de mim. Porém, após a realização do Teste do Pezinho, recebemos o diagnóstico e descobrimos que nossa bebê também tinha Fibrose Cística.
Na hora eu só conseguia pensar “Meu Deus, e agora?”. Fiquei muito triste, chorei muito, mas enxuguei as lágrimas e pensei “Eu tenho duas opções: ficar lamentando a vida toda ou ir a luta novamente e acertar em todos os aspectos que falhei com meu Serginho”.
Hoje, minha pequena Aylla também faz seu tratamento no Rio Grande do Sul, com a mesma equipe que tratou meu filho. Ela está com 3 anos e 6 meses e viajamos muito por conta do tratamento, mas tudo vale a pena. Atualmente, sou a presidente em exercício da Associação Amazonense de Assistência à Mucoviscidose (AAAM) e trabalho todos os dias para ajudar todas as mães que precisam de apoio. Não é fácil, mas conto com a ajuda das mães que são uma verdadeira benção em minha vida e também com meu esposo. Agradeço todas as pessoas que me ajudam, que estão ao meu lado sempre e também agradeço ao Unidos pela Vida, por permitir que eu compartilhe um pouco da minha história com todos vocês!
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.