Conheça a ABTx e saiba mais sobre a doação de órgãos no Brasil

Comunicação IUPV - 12/03/2021 07:46

Você é doador de órgãos? Sabe a importância desse ato de amor e solidariedade? No Brasil, em 2020, mais de 38 mil pessoas seguem na lista de transplante, aguardando o SIM  de uma família que poderá mudar suas vidas. Em nosso país, a Associação Brasileira de Transplantados (ABTx), realiza um lindo trabalho de conscientização sobre a doação de órgãos, além de atuar em projetos de incentivo à atividade física entre pessoas transplantadas e na garantia dos direitos dessas pessoas.

E para trazer mais informações sobre essa atuação incrível, conversamos com o presidente da ABTx, Edson Arakaki. A associação foi fundada oficialmente em 2017 após uma reunião com o Dr. José Medina, na Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).

“Tudo aconteceu mais ou menos na mesma época dos Jogos Mundiais dos Transplantados em Málaga. A ideia inicial era muito voltada para o esporte e a participação de mais esportistas nas competições para transplantados. Hoje, nossa missão é sermos reconhecidos como uma associação focada na qualidade vida dos transplantados, através da atividade física, esporte e melhoria das políticas públicas. Além disso, atuamos fortemente para zerar a fila de transplante no Brasil por meio de campanhas que incentivem a doação de órgãos e tecidos em nosso país”, afirmou Edson.

Como se associar?

Se você realizou algum tipo de transplante, você pode se cadastrar na ABTx. Para se associar, basta entrar no site da ABTx, no endereço www.abtx.com.br. Neste site você encontrará uma aba para o cadastro e outra para solicitar a carteirinha da associação e será necessário preencher os dois formulários para se cadastrar na ABTx.

De acordo com Edson, é fundamental que todas as pessoas transplantadas do Brasil conheçam a ABTx, se tornem associados e comecem a fazer parte das ações realizadas na entidade. Dessa forma, o alcance das ações relacionadas a conscientização da doação de órgãos no Brasil serão ainda mais ampliadas.

“Se olharmos os números, no final de 2019, o Brasil atingiu a marca de 18,1 pmp (doadores por milhão da população), que foi um aumento de 6,5% comparado a 2018. Parece bom, mas comparando o Brasil com outros países, na Espanha este número é de 49%, nos EUA de 36,88% e na Croácia de 34,63%, que são os três primeiros países em doação. Nesta lista, o Brasil ocupa a 26ª posição. Ou seja, ainda temos que melhorar. Uma notícia boa é que atingimos a taxa de 60% de consentimento familiar e estados como Santa Catarina (47,2%) e Paraná (43,8%) apresentaram taxas de doador efetivo acima de 40 pmp. Nestes estados, a taxa de autorização familiar foi superior a 70%, 75% em Santa Catarina e 74% no Paraná. Isto mostra que existe uma grande desigualdade no Brasil, que pode refletir diferentes obstáculos que passam por cultura, infra-estrutura, informação, mitos, recursos e vários outros, mas que com políticas adequadas e informação correta e frequente, é possível mudar o cenário do transplante no Brasil”, afirmou Edson.

Projetos 

Entre suas principais ações, a realização de atividades e projetos ligados ao esporte são o carro chefe no trabalho de divulgação da doação de órgãos no Brasil realizado pela ABTx, abrindo espaço na mídia para falar sobre doação e de outros temas relacionados ao transplante. Confira abaixo as principais ações realizadas pela ABTx ao longo desses anos:

– Caminhada pela Doação de Órgãos em 2017, 2018 e 2019 na Avenida Paulista, São Paulo

– Torneio de Vôlei de Praia e Gamão em 2017, 2018 e 2019 em Teresina/PI

– Corrida pela Vida – sobre doação de órgãos – em 2017, 2018 e 2019 em Piracicaba/SP

– Corrida pela Doação de Órgãos em  2018, 2019, em São Paulo

– Caminhada e Corrida Sangue Bom 2018, em Campo Grande/MS

– Corrida da Boa Causa 2019, em Porto Alegre/RS

– Participação de evento de natação com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) – 2018 Complexo Maria Lenk – RJ

– Participação dos Jogos Mundiais para Transplantados, 2019 em Newcastle – Inglaterra e Jogos Latino Americanos de Transplantados 2018, Salta – Argentina

– Realização dos I Jogos Brasileiros para Transplantados – Curitiba – Novembro 2019

 “Existem estados no Brasil que já estão em um patamar muito bom de doação de órgãos, portanto, para melhorar o cenário em todo o país, a primeira coisa seria ver como estes estados estão trabalhando para ter estes índices bons. Outro tema que considero muito importante é manter a motivação, o treinamento e capacitação frequente das equipes que trabalham com transplante. Essa é outra atividade fundamental, desde a abordagem das famílias pelas equipes de captação, passando pelas equipes de coleta de órgãos e transporte até pelas equipes de notificação de morte encefálica. Precisamos ter campanhas frequentes e informativas sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, e não apenas durante o Setembro Verde, e com isso provocar a discussão do tema na família, pois no Brasil, a família é que decide pela doação. Alguns países como Espanha, Portugal e Holanda possuem leis que falam de doação presumida. Houve uma lei semelhante no Brasil em 1997, porém, foi revogada. Atualmente é a família que tem a decisão da doação. Mas pode ser um tema para discussão futuramente”, afirmou.

Segundo o registro da ABTO, os dados de 2019 mostravam aproximadamente 38 mil pessoas na fila de transplante. Deste total, 1.093 são crianças que aguardam pelo SIM de uma família que permitirá que realizem o procedimento e tenham suas vidas mudadas, como aconteceu com o próprio Edson.

“A doação transformou completamente minha vida, pois há 19 anos, se minha irmã Cristina não tivesse doado um rim, seria difícil prever como seria minha condição de vida hoje. A lembrança que eu tenho da fase pré-transplante é muito ruim, muito cansaço devido a perda de massa muscular e anemia, muita irritação pela uremia, dores intensas devido à gota, pelo desequilíbrio metabólico e principalmente a falta de perspectiva da vida no longo prazo. Tudo isso vai acontecendo diariamente, ou seja, a cada dia você acorda pior. O transplante mudou 100% isto, e acontece já no primeiro dia de pós operatório. Por isso, não sei como estaria hoje se não fosse este ato tão generoso e de amor da minha irmã, mas sei que se estou bem e vivendo uma vida plena, devo isto a ela. Eu acho que a doação de órgãos representa o que o ser humano pode ter de melhor. Hoje o mundo está muito individualizado, e as pessoas estão focadas apenas na própria auto realização e a preocupação é saber se recebeu muitas curtidas no facebook ou instagram, pois o que importa mesmo é ser protagonista sempre. Por outro lado, a doação é para “um outro”, que na maioria das vezes, nem é uma pessoa conhecida. Além disso, a decisão da doação deve ser feita em um momento de muito sofrimento e é necessário um desprendimento muito grande, para tomar uma decisão que na verdade não traz nenhum benefício para a pessoa que doou ou para a família que permitiu a doação. Portanto é um ato, onde não haverá contrapartida, o único “ganhador” é a pessoa que irá receber o órgão e o que ela ganha a possibilidade de uma nova vida. Portanto, doar representa a demonstração extrema do amor fraternal, onde não se espera nada em troca, não existe orgulho e é a bondade por essência. Doe, converse com sua família sobre este tema”, finalizou Edson.

Por Kamila Vintureli

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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