A gente te entende: os cuidados que você tem agora fazem parte da vida da Clarisse Melo Maia desde sempre
Comunicação IUPV - 11/09/2020 08:25A pandemia causada pela Covid-19 trouxe mudanças para a sua rotina, não é verdade? Agora você não sai de casa sem máscara e o álcool em gel está sempre por perto. Mas você sabia que existem pessoas que seguem esses e outros cuidados desde muito antes da pandemia? É o caso da Clarisse Melo Maia, de 30 anos e diagnosticada com Fibrose Cística tardiamente, aos 17 anos.
Clarisse é natural de Recife, Pernambuco, mas atualmente mora na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, uma mudança que se fez necessária para que pudesse entrar para a fila de transplante. Mesmo com essa nova realidade, poucas coisas mudaram. A Clarisse, assim como todas as pessoas com Fibrose Cística, precisa ter cuidados redobrados com a higiene para evitar a contaminação por bactérias, situação que poderia causar infecções pulmonares. Por isso, usa máscaras quando precisa ir a consultas em hospitais ou frequentar locais com muita aglomeração, além de ter o álcool em gel sempre por perto e evitar o compartilhamento de objetos pessoais. Tudo isso é necessário porque bactérias que muitas vezes não causam nenhuma consequência para quem não tem a doença, podem trazer sérios riscos para a saúde de quem tem Fibrose Cística, doença genética, ainda sem cura e que causa sintomas como tosse crônica, pneumonia de repetição, suor mais salgado que o normal e diarreia.
“Antes da pandemia todo mundo aqui em casa já seguia vários desses cuidados que agora fazem parte da vida de toda a população. Eu principalmente. Todo cuidado era pouco para evitar as bactérias. Mas, é preciso admitir que não era na intensidade que estamos fazendo agora. Antes eu usava a máscara em locais lotados e durante as consultas médicas, mas agora não vamos na esquina sem esse item. É claro que já conhecer e reconhecer a importância dessas medidas de higiene facilitou muito, mas agora tudo está seguindo de uma maneira muito mais intensa”, afirmou.
A Clarisse é mãe do Davi, de 2 anos de idade e que não tem Fibrose Cística. Ela afirma que a maternidade sempre foi um sonho em sua vida e a chegada do Davi foi uma grande conquista. A gravidez ocorreu sem grandes complicações até o sétimo mês, quando a bactéria B. cepacia trouxe mudanças para a sua vida.
“Por conta dessa situação o Davi precisou nascer antes do tempo. Eu dei entrada no hospital para tentar segurá-lo um pouco mais enquanto iniciava o tratamento, e foi nesse momento que precisei utilizar o oxigênio e não consegui mais deixar de usá-lo, sigo precisando 24 horas por dia desde então. E algum tempo após o nascimento do Davi, meu médico informou que eu precisaria entrar para a fila do transplante. Foi o pior momento para ouvir essa notícia, meu filho tinha acabado de nascer, mas entendemos que era a escolha certa a se fazer. Por isso, mudamos para Porto Alegre, onde sigo me preparando e aguardando para realizar o transplante pulmonar”, contou.
A rotina de cuidados e preparação para estar o melhor possível quando a tão esperada ligação chegar e Clarisse for chamada para realizar o transplante segue de maneira intensa, mesmo durante a pandemia. Clarisse realiza atividades físicas diariamente e não descuida do tratamento, além de ter adicionado outras etapas ao processo de cuidado com a higiene.
“Apesar de seguir esses cuidados durante toda a vida, muita coisa também mudou pra gente. Antes eu não me preocupava em chegar da rua e precisar tirar o sapato na porta, ou precisar lavar todas as compras. Hoje, toda vez que a gente sai, a volta é uma missão. Temos que limpar tudo, colocar sapato e roupa para lavar, tomar banho, colocar roupa limpa e tem que ser assim mesmo. Todo cuidado é pouco neste momento de pandemia. Além desses aspectos, a minha rotina também ficou bem mais intensa do que já era porque o Davi não está mais indo para a escola e fica em casa o dia inteiro sem muita distração – afinal, chega uma hora que os brinquedos já não resolvem. Ele quer sair, brincar, correr, ver os amigos. E por estar o tempo todo com ele, tive que adaptar minha rotina de tratamento. Tento realizar a fisioterapia e inalações antes do Davi acordar, mas se ele acorda antes tudo se inverte e ele acaba sendo a prioridade. Porém, nunca deixo de fazer nada. Na hora do cochilo dele eu faço atividade física, tudo que posso para seguir com o tratamento da melhor maneira possível”, afirmou.
Clarisse sabe que o momento é difícil e que precisar lavar as mãos várias vezes ao dia e ter álcool em gel sempre por perto são hábitos difíceis de incorporar na rotina de quem nunca viu a necessidade de segui-los, mas ela reforça que essas medidas são extremamente importantes para que você proteja a sua saúde e a saúde de todos ao seu redor.
“Sem dúvidas estamos vivendo um período novo, totalmente diferente, e precisamos nos adaptar, além de torcer para que passe logo. Hoje eu estou vivendo com mais intensidade todos esses cuidados de higiene, mas eles sempre fizeram parte da minha vida, por isso eu sei que as máscaras incomodam. Mas não podemos correr nenhum risco. A gente sabe que é ruim, que às vezes sufoca, mas é necessário. Nossa saúde não tem preço”.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.