A gente te entende: os cuidados que você tem agora fazem parte da vida da Verônica desde sempre
Comunicação IUPV - 23/09/2020 08:00A pandemia causada pela covid-19 trouxe novos hábitos para a vida de todos os brasileiros e da população mundial. Lavar as mãos com frequência, evitar locais aglomerados e com pouca ventilação, utilizar álcool em gel e usar máscara de proteção agora fazem parte da rotina de todos nós.
E muitos desses hábitos já deveriam fazer parte do nosso dia a dia mesmo antes da pandemia, não é verdade? Afinal, não é só da covid-19 que precisamos nos proteger. Existem muitos vírus, germes e bactérias que podem trazer prejuízos para a nossa saúde.
E no caso da Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, Psicóloga, fundadora e diretora geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, esses hábitos sempre estiveram presentes. Verônica foi diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos e esses cuidados, de fato, sempre foram incorporados em sua rotina, já que, por conta da doença, o contato com certos vírus e bactérias pode trazer consequências graves para a sua saúde.
De acordo com Verônica, hábitos de higiene, como lavar as mãos com frequência, utilizar álcool em gel e o uso de máscara de proteção, são comportamentos indispensáveis para todas as pessoas em qualquer tempo.
“Em outros momentos, como durante o surto de H1N1 em 2009, já nos relembraram da importância da higienização correta das mãos e do uso de álcool gel, e agora a pandemia causada pelo coronavírus escancara esta necessidade em dimensões ainda maiores. Mas, para quem tem fibrose cística, ter um frasco de álcool em gel por perto é regra básica. Nós sempre precisamos tomar cuidado com a contaminação por vírus e bactérias que, para quem não tem fibrose cística podem ser inofensivos, mas, para nós, pode desencadear uma grave infecção respiratória. Então, eu sempre tenho álcool na bolsa, em casa, no escritório. Nunca vou ao hospital ou à um atendimento médico sem máscara. Isso, para nós, sempre foi uma realidade”, afirmou.
Mas não são apenas os hábitos de higiene que também faziam parte do dia a dia da Verônica e das pessoas diagnosticadas com fibrose cística. O distanciamento social é outra prática que agora, durante a pandemia, teve que ser seguido pela população, mas que estava presente na rotina de quem tem a doença.
“O contato com outras pessoas diagnosticadas com fibrose cística também nunca foi possível para nós. Os dois metros de distância sempre foram necessários entre quem tem a doença, pois desta forma evitamos a contaminação cruzada de bactérias. Dadas as proporções, nós seguiremos necessitando de máscaras, álcool em gel e distanciamento social de pessoas com fibrose cística, mesmo quando a pandemia acabar”, afirmou Verônica.
Ao ler esse relato, você pode estar pensando: então as pessoas com fibrose cística não tiveram mudanças na rotina durante a pandemia. Isso não é totalmente verdade. De acordo com Verônica, mesmo que os hábitos de higiene já estivessem presentes no seu dia a dia, algumas coisas mudaram nesse período e vários cuidados foram redobrados.
“Embora quem tenha fibrose cística sempre tenha sido orientado para tomar cuidado com a higiene, com locais fechados, entre outros aspectos, nós nunca precisamos lavar pacotes de supermercado, por exemplo. Eu sempre tomei muito cuidado com a higienização dos alimentos, por outras tantas doenças que podem ser ocasionadas, como por exemplo uma intoxicação alimentar. Já os sapatos, se pensarmos bem, é um quesito de higiene que deveria ser mantido, já que trazemos para dentro de casa uma infinidade de sujidades e bactérias da rua, em especial quando você tem criança em casa, que está sempre brincando no chão. Naturalmente, assim como em todas as casas, com a pandemia esses cuidados ficaram ainda mais acentuados, mas vários deles deveriam ser mantidos mesmo quando tudo isso acabar”, disse.
Verônica atua como diretora geral do Unidos pela Vida mas essa é apenas uma das diversas atividades que realiza em seu dia a dia como Psicóloga, especialista em análise do comportamento, gestora de projetos sociais, membro do Grupo Brasileiro de Estudos de Fibrose Cística e palestrante. Além disso tudo, Verônica é casada e mãe da linda Helena, e conciliar todas essas e outras responsabilidades, como o tratamento para a fibrose cística, foi um desafio durante a pandemia.
“Acredito que não há no mundo uma pessoa que não tenha sido fortemente afetada pela pandemia, seja emocionalmente ou profissionalmente. Só o fato de termos sido parados à força da rotina em que vivíamos e não termos mais liberdade para fazermos o que sempre fizemos, já é uma mudança. No meu caso, tem sido uma rotina extremamente agitada, considerando que meu trabalho no Instituto continuou, e até aumentou, considerando minhas atividades e o time pequeno que temos. Meu marido trabalha nos três períodos, pois é professor e coordena cursos de graduação. Temos uma uma filha de 1 ano e 8 meses que está em pleno desenvolvimento e energia, demandando ininterruptamente e não podemos mais acessar a rede de apoio como antes (escola, família). Com tudo isso, tenho o tratamento, as inalações, fisioterapias, atividade física, e nos dividimos com os cuidados com a casa, alimentação, educação e criação da nossa filha. Ao mesmo tempo, temos vivido momentos únicos em família, que não aconteceriam com tanta frequência no dia, como por exemplo fazer todas as refeições juntos, todos os dias. As principais adaptações estão ligadas à rotina, pois precisamos estabelecer bem uma divisão de tempo de trabalho e cuidados com a nossa filha para cada um, de modo que a gente consiga minimamente seguir com tudo acontecendo, além do meu tratamento para a fibrose cística”, afirmou.
A Verônica te entende e sabe que é difícil ficar longe de quem a gente ama, utilizar máscara de proteção e carregar álcool em gel para todo lado, mas ela também sabe o quão importante são essas atitudes para proteger você e todos ao seu retorno. E para te ajudar a passar por esse momento, Verônica deixou a seguinte mensagem:
“Gostaria de relembrar a todos que higiene é um hábito que sempre deverá ser levado em conta, e que momentos como esse devem servir para trazer grandes aprendizados para toda a população. Além do coronavírus, existem outros tantos vírus no mundo, alguns ainda nem conhecidos, que poderão desencadear tantas outras doenças como a covid-19. Álcool em gel e higienização das mãos já são reforçados há muitos e muitos anos, e um bom exemplo disto foi a recente H1N1. Nós, que temos fibrose cística, entendemos que cuidados assim podem ser cansativos, mas, quando lembramos que é para o nosso bem, devemos segui-los à risca. Entendemos que ficar longe de quem a gente gosta não é legal, como por exemplo quando estamos internados. Mas temos a certeza de que tudo isso vai passar, sairemos mais fortes e logo tudo será uma lembrança de uma fase complexa, porém, repleta de aprendizados para toda vida”, finalizou.
Por Kamila Vintureli
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.