Como lidar com a amamentação quando se tem Fibrose Cística

Comunicação IUPV - 22/10/2018 08:56

Por Janeil Whitworth na Coluna MODERN CF MAMA
É isso mesmo, estamos falando nesta coluna de seios e da coisa mais maravilhosa que eles podem fazer: alimentar seres humanos minúsculos. Quero me aprofundar nas razões para amamentar e na influência da Fibrose Cística (FC) na escolha de amamentar ou não.
Por que amamentar?
Os benefícios da amamentação são importantes tanto para a mãe quanto para o bebê. Há inclusive benefícios econômicos e ambientais para as famílias e comunidades. É gratuito, tem embalagem própria e evita o desperdício. De acordo com pesquisas, as mulheres que podem amamentar experimentam uma recuperação pós-parto mais rápida, já que a liberação do hormônio ocitocina ajuda a reduzir o útero ao tamanho de antes da gravidez. Além disso, as mulheres que amamentam têm redução no risco de desenvolver câncer de mama ou de ovário. Os bebês amamentados têm menor risco de desenvolver asma, infecções de ouvido e respiratórias, e síndrome da morte súbita infantil.
O leite materno é a nutrição dinâmica ideal para os bebês. Conforme o bebê cresce, o leite materno modifica-se para fornecer exatamente o que é necessário nutricionalmente para promover a saúde e o crescimento da criança. Isso não é sensacional?! Não conheço nenhum outro alimento que altere a sua própria composição com base na necessidade do consumidor.
Em uma situação ideal, parece bem claro que a escolha pela amamentação é a mais simples, devido aos benefícios compartilhados tanto pela mãe quanto pelo bebê. Contudo, com FC, sabemos que nada é simples. Frequentemente, a escolha por amamentar com FC é muito complicada, porque é uma decisão que deve ser tomada individualmente e há pouquíssimas informações científicas disponíveis a respeito.
A lactante com FC
As mulheres lactantes com FC podem amamentar os filhos com sucesso. Viva! Não há contraindicação estabelecendo que o leite materno de pacientes com fibrose cística é inconsumível – pode ser mais salgado, mas não é inconsumível. Contudo, física e caloricamente a amamentação exige muito do organismo. O que significa dizer que é um trabalho muito exigente para o nosso corpo. Eu sei exatamente o que isto significa, porque estou quase alcançando meu objetivo de amamentar por um ano.
Ao amamentar, podem-se queimar até 600 calorias por dia somente produzindo leite, ou seja, sem incluir o gasto extra de energia de se levantar no meio da noite para amamentar, e os cuidados com o bebê durante o dia todo. As mães queimam muitas calorias na amamentação e para manter um peso saudável precisam ingerir muitas calorias. Isso requer um grande esforço da mulher lactante, afinal toda mãe sabe que tem dias em que quase não sobra tempo para aproveitar uma refeição decente.
Existem outros fatores a serem considerados na hora de decidir sobre a amamentação quando se tem FC, e que devem ser discutidos com o seu médico e o seu sistema de apoio. Algumas das perguntas que surgem nesse momento são: todos os meus medicamentos são compatíveis com a amamentação? O que acontece se eu precisar tomar antibióticos intravenosos durante a amamentação? Devo extrair o leite para que meu parceiro possa ajudar com as mamadas? No longo prazo, é mais indicado amamentar apenas por um determinado período de tempo, ou simplesmente não amamentar? A lista de perguntas é enorme. Não há resposta certa, porque cada paciente e seu processo de doença são únicos. Trata-se de descobrir o que é melhor para você e sua família.
Próximo passo
Conforme as pessoas com FC vivem vidas mais longas e saudáveis, as informações e os recursos em relação à gravidez, maternidade e amamentação irão se tornar cada vez mais importantes. É triste que as pesquisas e as informações disponíveis atualmente para a mãe com FC que procura amamentar sejam relativamente inexistentes. Não há guias ou metas clínicas nutricionais que descrevam como manter um peso saudável durante a amamentação.
Muitas mães são forçadas a parar por causa da redução do índice de massa corporal. É necessário que se realizem mais pesquisas para determinar a segurança e os efeitos de longo prazo dos moduladores da CFTR  sobre a saúde e o bem-estar do criança. Atualmente, a paciente em conjunto com seu médico têm o compromisso de decidir quanto aos riscos e benefícios desses medicamentos, com base nas poucas informações disponíveis.
Todas as mães que amamentam precisam de incentivo e apoio de suas comunidades. E as mães com FC, em particular, precisam de mais apoio porque enfrentam barreiras únicas específicas da doença. Temos esperança de que nos próximos anos iremos celebrar a amamentação como uma experiência comum entre as mulheres com FC, provando a força que adquirimos quando nossos filhos nascem.
Nota: Cystic Fibrosis News Today é estritamente um site de notícias e informações sobre a doença. Não fornece orientação médica, diagnóstico ou tratamento. Este conteúdo não pretende ser um substituto para orientação médica, diagnóstico ou tratamento profissionais. Sempre procure a orientação do médico ou de outro profissional de saúde qualificado para esclarecer quaisquer dúvidas sobre uma condição médica. Nunca desconsidere a orientação médica profissional ou demore em procurá-la com base em algo que você leu neste site. As opiniões expressas nesta coluna não são as da Cystic Fibrosis News Today ou as da matriz, BioNews Services, e se destinam a estimular a discussão sobre questões relativas à fibrose cística.
Fonte: https://cysticfibrosisnewstoday.com/2018/08/08/cystic-fibrosis-whats-the-deal-breastfeeding/
Traduzido por Vera Carvalho, voluntária de tradução para o Instituto Unidos pela Vida. Vera é tradutora profissional com especialidade na área científica (carvalho.vera.carvalho@gmail.com).
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

Fale conosco