Depoimento – Franciele Meyer

Comunicação IUPV - 12/04/2023 07:48
Franciele Meyer

Franciele Meyer Pompeu tem 36 anos, mora em Gramado/RS, é casada e foi diagnosticada com fibrose cística logo nos primeiros dias de vida. Além do íleo meconial, outro sintoma característico da fibrose cística que ela apresentava desde pequena eram as pneumonias de repetição e a tosse crônica.

Mesmo com o diagnóstico para uma doença rara, Franciele afirma que aproveitou a sua infância. “Eu brincava muito, corria, tomava banho de chuva e fazia tudo que qualquer criança faz. Eu cresci dessa forma e só fui entender a gravidade da fibrose cística aos 14 anos, quando comecei o atendimento com a equipe interdisciplinar do Hospital das Clínicas de Porto Alegre.”

De acordo com Franciele, ela e sua mãe não conheciam a doença de maneira profunda e não receberam, até esse momento, as informações corretas sobre o tratamento. Com a equipe do hospital, receberam todas as orientações que precisavam.

“A partir desse momento, realizamos outros exames para confirmar o diagnóstico e iniciar os cuidados necessários. Confesso que essa fase foi mais complicada. Eu era adolescente, rebelde, e não aderi muito bem ao tratamento. Lembro que não queria fazer as nebulizações e as fisioterapias. Foi um momento complicado”, relembrou.

Adesão ao tratamento

A completa aceitação do diagnóstico e tratamento chegou para a Franciele aos 18 anos, quando ela começou a trabalhar e a viver mais intensamente a fase adulta. “Foi neste período que aceitei e entrei nos trilhos definitivamente aos 24 anos, quando casei. Foi nessa época que passei a ter mais exacerbações e a necessidade de ficar internada com mais frequência.”

Essas situações a incentivaram ainda mais a aderir ao tratamento, e as fisioterapias e inalações integraram de vez o dia a dia de Franciele. “Hoje, com 36 anos e com a saúde mais debilitada, tenho consciência de que se eu tivesse me cuidado mais durante a infância e adolescência, eu estaria melhor hoje e não precisaria de tantas internações. Aderir ao tratamento o quanto antes pode nos dar mais qualidade de vida. Mantendo o pulmão limpo fazemos com que ele fique livre de infecções e bactérias que vão se instalando ali e criando resistência aos antibióticos.”

Rede de apoio

Além do seu marido, Franciele também conta com o apoio da sua mãe, do seu cunhado e da sua irmã, que também tem fibrose cística. “Todos lidam bem com a doença. Claro que a minha mãe está sempre preocupada, mas se doa totalmente e cuida de nós com o maior amor do mundo. O meu esposo também sempre cuidou e ainda cuida de mim, cobra muito a adesão ao tratamento e me ajuda em momentos que não tenho muita disciplina.”

Franciele afirma que não se considera uma pessoa muito ambiciosa e não tem sonhos grandes na vida, mas uma das suas grandes realizações seria poder fazer trilhas longas por matas em todo o país. “Quero poder viajar de carro pelo Brasil e para fora também. Quero conhecer pessoas novas e realidades diferentes. Em 2019, fiz uma viagem assim pelo litoral da Bahia. Foram 30 dias no total e realizei meu sonho de conhecer a ilha de Abrolhos e poder ver as jubartes. Foi a grande realização de um sonho.”

Para finalizar, Franciele afirma que, para ela, ser uma pessoa de fibra significa estar sempre se reinventando. “É aproveitar cada momento ao máximo e valorizar mais o meu tempo e a minha vida. Para todos os familiares de uma pessoa com fibrose cística, meu conselho é que não desanimem e sejam sempre fonte de motivação para seus filhos. A rotina é desgastante, mas com o incentivo da família fica muito mais fácil e leve encarar tudo.” 

Para as pessoas com fibrose cística, Franciele reforça a importância dos cuidados diários. “Não relaxe com o tratamento. Inicie uma atividade física, faça algo que você goste de verdade. Não importa o que seja, mas faça. As nebulizações e fisioterapias são essenciais, então mantenha o foco, pois quanto mais você se cuidar, melhor será sua qualidade de vida. Viva, tenha um hobby, estude, trabalhe, viaje, faça terapia e SEJA FELIZ!!.”

Por Kamila Vintureli 

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Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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