Depoimento – Gabriel Paim de Abreu
Comunicação IUPV - 05/11/2024 09:53Gabriel Paim de Abreu tem 25 anos, nasceu em Major Vieira/SC, e foi diagnosticado com fibrose cística logo nas primeiras semanas de vida, após a triagem no Teste do Pezinho e confirmação por meio do Teste do Suor.
A notícia sobre o diagnóstico do filho para uma doença rara foi um momento difícil para os pais do Gabriel, que receberam informações precipitadas sobre a fibrose cística, principalmente em relação à expectativa de vida.
“O tratamento foi iniciado imediatamente, mas não foi fácil para eles ouvirem alguns detalhes sobre como seria o meu futuro. Por sorte, logo fomos para uma consulta em Curitiba/PR, e iniciei o tratamento no Hospital Pequeno Príncipe, onde tive acesso a profissionais da saúde que conheciam mais sobre a fibrose cística e trouxeram explicações sobre o tema”, contou.
Infância
Gabriel não apresentava muitos sintomas da fibrose cística durante a infância, período da vida em que foi muito ativo e gostava de brincar com os amigos. Apesar de ainda ser uma criança e não entender muito sobre a doença, seguia todas as etapas do tratamento corretamente.
“Eu morava no interior do Paraná e aproveitava a tranquilidade da cidade pequena para brincar na rua e me divertir. Felizmente, nunca tive nenhuma dificuldade ou limitação causada pela fibrose cística, então foi uma época em que aproveitei muito”, relembrou.
Foi neste momento que o esporte surgiu na vida de Gabriel pela primeira vez. O futebol foi sua escolha, e jogava sempre que possível, na rua, no clube ou na escolinha de futebol do colégio onde estudava. “Eu sempre gostei muito de esporte e desde criança sou apaixonado pela bola, pelo futebol. Comecei com cinco anos e nunca parei.”
Adolescência
Gabriel afirma que sempre teve uma atitude tranquila em relação à fibrose cística, e acredita que isso se deve ao apoio e explicações que recebia dos seus pais. “Eles sempre me ajudaram a entender bem a doença e o tratamento. Acredito que isso foi algo positivo e que me ajudou a lidar melhor com tudo”, afirmou.
A adolescência e o início da vida adulta de Gabriel aconteceram em outro cenário: Curitiba. Além da mudança de cidade, ele afirma que também passou por muitos questionamentos neste período, principalmente relacionados a futuros relacionamentos.
“Não foi nada que me abalou ou me deixou triste, apenas ficava pensando em como eu abordaria o meu diagnóstico com namoradas e amigos. Apesar das dúvidas, eu sempre consegui me relacionar bem com as pessoas e, conforme fui amadurecendo, tudo foi ficando mais tranquilo”, relembrou Gabriel.
Faculdade
Gabriel é formado em Educação Física. Ele afirma que a decisão de seguir nessa área surgiu já no Ensino Médio, e foi uma das escolhas mais fáceis que fez na vida. Atualmente, ele trabalha como personal trainer.
“Eu sempre fui muito ligado ao esporte, então foi uma decisão tranquila para mim seguir nessa carreira. Outro ponto que pesou foi ser uma área que me ajudaria a estar sempre ativo, já que a prática regular de atividades físicas é um dos pilares do tratamento da fibrose cística”, contou.
Evolução
Gabriel é elegível ao elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor (Trikafta®), e lembra que quando começaram a falar sobre o medicamento, não acreditava que seria algo que chegaria até as pessoas com fibrose cística no Brasil. Além disso, por sempre apresentar um quadro estável, não entendia como o uso do modulador poderia ser benéfico para o seu caso.
“Quando comecei a utilizar percebi o quanto ainda consigo evoluir e melhorar. Eu sempre fiz musculação, por exemplo, e tinha dificuldade para ganhar massa muscular e peso. Eu pesava 66 quilos e meu sonho era chegar aos 70, objetivo que conquistei após um mês e meio de utilização do Trikafta®. No total, ganhei 16 quilos em poucos meses”, afirmou Gabriel.
Para ele, a utilização do modulador foi um divisor de águas em sua vida com fibrose cística.
“Além do ganho de peso, também senti muita diferença na minha respiração. Eu nunca tive dificuldade para respirar, mas com o uso do medicamento, percebi que tenho capacidade para muito mais. Outro fator foi que, por melhorar em diversos aspectos, os médicos que me acompanham também retiraram alguns medicamentos que, antes, eu precisava usar diariamente, o que me trouxe ainda mais qualidade de vida”, contou.
Para Gabriel, ser uma pessoa de fibra significa matar um leão por dia, vencer diversas batalhas, e sinônimo de resiliência. “Precisamos ter a cabeça no lugar e não encarar o diagnóstico como uma desculpa ou um bloqueio para a vida. É querer sempre mais, é querer ficar bem, querer se manter bem.”
Para finalizar, Gabriel deixa uma mensagem para todas as pessoas com fibrose cística do Brasil sobre a importância da prática regular de atividades físicas.
“Não tenha receio e encare o exercício como parte do seu tratamento, porque ele é. Ele ajuda muito, e no meu caso, me ajudou durante a vida inteira. Comece aos poucos, converse com a sua equipe e defina o que funcionará melhor para você. Sem dúvidas, fará toda a diferença”, finalizou.
Por Kamila Vintureli
Quer fortalecer o trabalho realizado pelo Unidos pela Vida? Clique aqui e escolha a melhor forma de fazer uma doação.
Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.