A relação entre o trabalho profissional e a Fibrose Cística
Comunicação IUPV - 18/11/2019 19:50Até pouco tempo atrás, a Fibrose Cística (FC) era conhecida como uma doença da “infância”. Porém, graças às evoluções da medicina e dos tratamentos, as pessoas com FC agora podem chegar a vida adulta. E com essa etapa de vida vem alguns novos desafios, entre eles o trabalho e a carreira profissional.
Essa relação entre a FC e o trabalho pode conter muitos altos e baixos, pontos positivos e negativos. Por esse motivo, a colunista Elly Aylwin-Foster, que tem FC e mora no Reino Unido, compartilhou suas ideias sobre essa relação. Confira abaixo:
Por Elly Aylwin-Foster
Recentemente escrevi sobre obter mais feedback e sugestões da comunidade de FC para minha coluna de textos. Adoro compartilhar a minha jornada de FC com vocês, e minha intenção neste espaço é dar início a conversas importantes sobre o impacto que a comunidade de FC enfrenta no campo profissional, bem como falar dos obstáculos que tornam o exercício das profissões mais complexo.
Na semana passada, o gerente comunitário da Cystic Fibrosis News Today fez uma pergunta aos seguidores nas redes sociais: aos adultos com FC que trabalham (ou trabalharam no passado), como a doença afetou a sua carreira, positivamente ou negativamente? É possível que você considere essa questão bastante clara, mas as respostas mostraram que não é bem assim.
Eu poderia escrever uma longa coluna sobre as maneiras pelas quais a FC pode tornar a carreira mais difícil e, na verdade, em muitos casos, impossível. Mas hoje eu não quero fazer isso. Nossos seguidores compartilharam uma série de histórias e situações conosco. Muitos leitores disseram que a FC os ajudou a pensar além, para fora da caixa, e a criar carreiras em direções inesperadas. Conversei com pessoas que acabaram trabalhando em empresas familiares — e assim puderam contar com a compreensão e o apoio de pessoas próximas que vieram junto com essa oportunidade. E vários leitores nos contaram como fizeram a transição de trabalhos em escritório para trabalhos nos quais podiam permanecer maior tempo dedicados à sua saúde. O trabalho autônomo também se mostrou comum entre as pessoas com FC.
Naturalmente, nem tudo é positivo. Algumas pessoas formaram-se na graduação dos sonhos e não puderam seguir em frente devido à condição de saúde causadas pela doença. Outras sentiram que a FC dificultou que buscassem promoções ou avançarem mais rapidamente na função.
O que me intrigou foi como as pessoas tiveram ao mesmo tempo pontos positivos e negativos para compartilhar. Elas reconhecem que a FC trouxe condições que dificultaram a busca de algumas das ambições, mas, por outro lado, acreditam que isso também deu maior foco e uma razão para se esforçar mais. E acho que isso combina perfeitamente com os meus próprios sentimentos.
Sempre me perguntei, sem conseguir chegar a uma resposta, como seria a minha vida sem FC. Não tenho vergonha de admitir que viver com Fibrose Císyica moldou imensamente a minha personalidade e os meus desejos e vontades. Embora seja uma questão recorrente e muito provavelmente um exercício inútil, cheguei a duas conclusões. Se fosse mais saudável, eu me arriscaria mais e seria mais espontânea. Possivelmente eu teria assumido algumas das oportunidades mais arriscadas que tive no passado, e provavelmente teria trabalhado no exterior por pelo menos um ano. Mas também acho que eu ficaria inquieta frente às minhas falhas, ou talvez tivesse dificuldade para encontrar meu lugar no mundo. E, honestamente, acredito que teria menos motivação para alcançar o sucesso do que tenho graças a Fibrose Cística
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.
Fonte: AYLWIN-FOSTER, E. Does Having CF Affect a Career Negatively or Positively? Cystic Fibrosis News Today. 11 de abril de 2019. Disponível em: https://cysticfibrosisnewstoday.com/2019/04/11/how-does-having-cf-affect-career-negatively-positively/.
Traduzido por Vera Carvalho, voluntária de tradução para o instituto Unidos pela Vida. Vera é tradutora profissional com especialidade na área científica (carvalho.vera.carvalho@gmail.com).
Revisado por Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, Psicóloga (CRP 08/16.156), especialista em análise do comportamento, gestora de projetos sociais, fundadora e diretora do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, membro do Grupo Brasileiro de Estudos em Fibrose Cística, diagnosticada com FC aos 23 anos de idade. Tem 32 anos e é mãe da Helena. Contato: veronica@unidospelavida.org.br