Dicas para melhorar a alimentação do seu filho com fibrose cística
Comunicação IUPV - 02/01/2023 07:01Bons hábitos alimentares duram a vida toda, por isso, lembre-se sempre de elogiar e recompensá-los. Se as batalhas na hora das refeições se mantiverem e afetarem o crescimento do seu filho, considere a alimentação por sonda para garantir uma boa nutrição.
Fazer seu filho comer pode ser um desafio, e quando ele tem fibrose cística, isso pode ser um motivo a mais para se preocupar. O reforço positivo e o engajamento podem ser uma longa jornada para trazer a paz de volta à mesa de jantar. Se você está ficando exausto com as batalhas diárias, experimente algumas dicas abaixo.
Faça refeições estruturadas
- Mantenha 3 refeições principais e 3 lanches programados todos os dias, aproximadamente no mesmo horário;
- Deixe seu filho saber que é a hora de comer. Diga: “é hora do café da manhã”, ao invés de perguntar se ele quer comer naquele horário;
- Reduza as distrações – sem TVs, brinquedos, livros ou jogos na mesa;
- Sente à mesa com seu filho. Relaxe e curta o momento juntos;
- Limite o tempo sentado à mesa para 20 minutos.
Reforce e recompense os bons hábitos
- Repare quando seu filho pegar um pedaço de comida, e o parabenize na mesma hora. Parabenize tudo que esteja associado com fazer alguma coisa certa na mesa de jantar, inclusive sentar na mesa onde as refeições são realizadas quando chamado.
- “Você veio sentar na mesa quando a mamãe/papai chamou. Adorei!”
- “Você tomou suas enzimas super rápido! Muito bem!”
- “Você pegou o garfo! Iupi!”
- “O papai/mamãe adora quando você come um pedaço atrás do outro!”
- “Bom trabalho bebendo seu suco. Isso te tornará forte e alto.”
- Responda a questões e converse com eles quando começarem a comer. Olhe para outro membro da família ou para o seu prato se eles começarem a conversar ao invés de comer, reclamar sobre a comida servida, brincar com a comida, ou pedir uma comida diferente. Com isso, você irá ensiná-los que eles só vão ter sua atenção se comer o que você oferece.
- Não os convença, negocie (“Se você der mais uma mordida…”) e nem torne-se um cozinheiro ágil e faça outra coisa para eles.
- Recompense os bons hábitos ao final da refeição com um combinado que não seja ligado a comida. Crianças adoram carinho nas costas, beijos e abraços.
- Tenha certeza que todos que estejam sentados à mesa saibam antes como responder seu filho durante as refeições. Ter respostas diferentes das pessoas irá confundi-lo e demorará mais para ele aprender o que é esperado durante as refeições.
Dê escolhas
- Não tente enganar seu filho escondendo alimentos novos ou que não gosta por alimentos que ele gosta;
- Deixe seu filho escolher se ele irá abrir as cápsulas de enzima ou você;
- Deixe seu filho escolher entre duas opções de aditivos de alta caloria na comida dele. Exemplo: mais queijo, mais manteiga, mais azeite, ou todos.
Faça comidas divertidas
Há muitas maneiras pelas quais você pode trazer diversão de volta às refeições. Verifique com o nutricionista do seu filho se ele pode trazer ideias que funcionaram com outras famílias ou peça para entrar em contato com outro familiar que encontrou maneiras de melhorar a alimentação.
Para crianças menores, brinque com as apresentações dos alimentos fazendo “desenhos de animais com a comida”. Tenha ideias online pesquisando “apresentação de comidas para bebês e imagens”.
Leve as crianças mais velhas para o supermercado para ajudar você a escolher as comidas que elas possam gostar. Crie jogos, como o concurso de calorias, para testar o conhecimento deles sobre comida, e faça-os pensar na comida de uma maneira diferente. Nesse jogo, faça sua criança acertar o número de calorias e gramas de gordura que tem uma determinada comida. Dê recompensas quando eles acertarem a resposta correta.
Outro jogo que poderia ser feito é com o consumo de cálcio. Mostre para as crianças fotos de duas comidas e peça para elas escolherem a que tem mais cálcio. Faça um picnic dentro de casa ou finja estar em um restaurante.
Como introduzir novos alimentos para uma criança
Você sabia que leva de 8 a 12 vezes (às vezes mais) antes que uma criança goste de uma comida? A maioria dos pais param de oferecer novos alimentos após 3 ou 4 vezes. Por isso, oferecer comida muitas vezes pode aumentar a probabilidade da sua criança começar a gostar de determinado alimento. Quando a criança se recusar a comer algo:
- Não reaja. Responda quebrando o contato visual e não mencione mais o comer ou não aquela comida;
- Ofereça novos alimentos em pequenas quantidades (por exemplo, a quantidade de uma colher de chá);
- Não tire a comida do prato da criança. Mesmo que ela não coma, ter o alimento no prato é uma boa maneira da criança se acostumar com o alimento e aumenta as chances dela experimentar;
- Elogie seu filho por tocar, experimentar e comer a nova comida;
- Não obrigue seu filho a engolir a comida uma vez que esteja na boca dele. Isso pode fazer com que ele tenha medo de experimentar novos sabores. Deixe-o cuspir, e então o elogie por experimentar algo novo (“Eu gostei que você experimentou a comida! Você é muito corajoso.”);
- Ao invés de denominar a comida como “ele não gosta”, tente nomeá-la como “ainda é muito novo para experimenta-la”. Você pode dizer: “Gostei de como você experimentou. Então acho que você não é tão novo para comê-la.”
- Ao final da refeição, tire o prato de comida da frente da criança. Não ofereça de novo até a hora do lanche. Seu filho irá compensar a comida que ele não comeu no almoço.
Como gerenciar os dias de exacerbações
Recusar comida é bem comum de acontecer nos dias em que seu filho não está se sentindo muito bem. Pelo fato de que a criança com fibrose cística pode perder peso rápido, é importante ter um plano para gerenciar os dias em que ela estiver doente. Converse o o nutricionista para tentar encontrar a melhor forma de fazer seu filho se alimentar, e use também algumas dicas:
- Ofereça as comidas de alta caloria que você sabe que seu filho gosta, ao invés de tentar algo novo. Shakes podem ser uma boa opção;
- Ofereça uma recompensa adicional se ele finalizar toda a refeição ou lanche. Como seu filho não estará se sentindo muito ativo, assistir a um filme pode ser uma boa opção;
- Quando seu filho começar a se sentir melhor, vá aumentando aos poucos a quantidade de comida que você oferece e suas expectativas para o quanto ele vai comer.
A alimentação por gastrostomia pode restaurar a dinâmica da família
Se nada parece ajudar, e a hora da refeição continua a ser um desafio, converse com os médicos do Centro de Referência sobre a possibilidade da gastrostomia.
Com ela, um bóton é inserido diretamente no estômago por meio de uma porta que é cirurgicamente implantada. Algumas pessoas optam por passar a dieta líquida altamente calórica no estômago ou intestino durante a noite. Durante o dia, o tubo é desconectado e fechado. Outras pessoas usam seringa para administrar porções de dieta líquida altamente calórica em diferentes períodos no decorrer do dia. Há muitas formas diferentes de usar a gastrostomia, e não há uma maneira melhor ou pior.
A alimentação por esse procedimento suplementa a dieta durante o dia. Os pais relatam que ela remove o estresse e a tensão da hora da refeição, aumenta o peso da criança mais rápido e ajuda a família a focar em coisas melhores, fortalecendo a relação familiar.
Se você tem depressão
Um estudo realizado em 2016 demonstrou que se um pai ou cuidador tem depressão, há uma maior probabilidade do seu filho com fibrose cística não tomar as enzimas. Se você tem um filho com a doença e está tendo sintomas de depressão, converse com um profissional da área da Psicologia a respeito disso para obter o melhor tratamento.
Fonte: https://www.cff.org/managing-cf/getting-your-kids-cf-eat. Acesso em 15 de julho de 2022.
Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas e Mestranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
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Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.