Empatia – Por Daiane Marin

Comunicação IUPV - 08/07/2021 07:07

Por Daiane Marin, de 26 anos e diagnosticada com fibrose cística nos primeiros meses de vida

Empatia. Talvez essa tenha sido uma das palavras mais mencionadas no último ano. Segundo o dicionário, empatia significa a “identificação de um sujeito com outro; quando alguém, através de suas próprias especulações ou sensações, se coloca no lugar de outra pessoa, tentando entendê-la.” Lendo essa definição pode parecer algo fácil de ser colocado em prática, mas não é isso que estamos vendo na nossa sociedade. Se colocar no lugar do outro pode parecer fácil quando continuamos a ver o mundo do outro com as nossas lentes, mas ao nos despirmos de nossos preconceitos e opiniões e realmente buscarmos ver o outro com as lentes dele, a realidade se mostra muito mais dura. 

Desde o início da pandemia vemos campanhas abordando os hábitos que deveríamos ter para cuidarmos de nós e das pessoas próximas, porém, ainda assim, vemos pessoas se aglomerando com a justificativa de que eles não ficarão doentes, negando a eficácia do uso da máscara e álcool gel e algumas que simplesmente negam a existência do vírus e de sua gravidade. Essas atitudes mostram uma grande falta de empatia e cuidado com o próximo. Sabemos o que precisamos fazer para desacelerar a contaminação, mas parece que para muitos esses cuidados básicos incomodam mais que uma possível contaminação que coloca em risco a saúde de todos.

Devemos levar a importância da empatia para todas as áreas da nossa vida. Nós que temos fibrose cística também passamos por diversas situações de falta de empatia. Muitas vezes somos vistos como mimados ou exagerados devido ao excesso de cuidados que temos desde a infância. Ou ainda ouvimos comentários como “Nossa, mas você nem parece doente”. Realmente não me considero uma pessoa doente, mas convivemos com uma patologia que não tem cara e que na maioria das vezes não é visível para quem observa, mas com a qual travamos uma batalha interna diariamente. Quando há sinais visíveis, como uso de oxigênio, por exemplo, ou simplesmente quando temos uma crise de tosse, a situação pode se tornar ainda mais difícil, pois além da falta de empatia, pode haver julgamento por parte dos outros quando os olhares se lançam em nossa direção.

É preciso que os pais e cuidadores também tenham empatia, se coloquem em nosso lugar e entendam que às vezes toda essa rotina pode nos deixar exaustos e com vontade de pular uma nebulização ou fisioterapia, mas que nós também possamos entender nossos pais e cuidadores e que percebamos que todas as cobranças e lembretes são fruto do amor e preocupação que eles sentem por nós. Tenho certeza que se eles pudessem fazer o tratamento em nosso lugar naqueles dias em que estamos cansados e sem paciência, eles fariam. Mas, como não podem, muitas vezes a única forma de expressarem essa preocupação conosco é por meio do incentivo e da cobrança de que façamos o tratamento da forma correta. Então tenhamos em mente isso e busquemos também ser mais gentis com as pessoas que nos amam e só querem nos ver bem.

Poderia continuar escrevendo aqui inúmeras situações em que observamos a ausência de empatia diariamente, então diante de tantas situações enfrentadas, que possamos ser fortes e nos valorizar, pois ninguém melhor que nós para conhecer o caminho e as batalhas enfrentadas para chegarmos até aqui. Que sigamos de cabeça erguida e com coragem para enfrentarmos a falta de empatia e os demais desafios que surgirem. 

Finalizo com uma citação de Gabriela Freitas que diz “empatia é saber enxergar a alma do outro sem julgar nada do que está ali, é respeitar o espaço e o tempo de cada um, e compreender que as dores pesam de jeitos diferentes dentro de cada pessoa. Nem sempre o que é fácil para você também vai ser para o outro”.

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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