Dia do Psicólogo – entrevista com Raquel Nogueira Duarte
Comunicação IUPV - 27/08/2020 07:18O dia 27 de agosto marca a passagem do Dia do Psicólogo, profissional que faz parte da equipe multidisciplinar de tratamento para a Fibrose Cística e que tem um papel fundamental para que as pessoas diagnosticadas com a doença tenham cada dia mais saúde e qualidade de vida.
E para homenagear todos os Psicólogos do Brasil, em especial os que atuam diretamente com pessoas com Fibrose Cística, entrevistamos a Psicóloga Raquel Nogueira Duarte. Ela se formou em Psicologia em meados de 2005, na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
“Eu sempre fui tocada e chamada pela área da saúde, campo que sempre me instigou e desafiou desde a graduação, quando realizei estágios em Psicologia Hospitalar. Segui nessa área por um bom tempo, dedicando-me principalmente aos pacientes em hemodiálise, juntamente com um trabalho na Assistência Social com adolescentes autores de ato infracional em cumprimento de medida socioeducativa de Liberdade Assistida”, relembrou Raquel.
Após essa trajetória, foi no ano de 2014 que a Raquel iniciou seu trabalho focado na Fibrose Cística, integrando a equipe multidisciplinar de tratamento para a doença no Hospital Infantil João Paulo II.
“Confesso que, até esse momento, eu nunca tinha ouvido falar sobre a Fibrose Cística, nunca tinha escutado esse nome e nunca havia trabalhado com crianças. Deparei-me, assim, com um desafio duplo! Comecei do zero, aprendendo com cada profissional da equipe multidisciplinar e também com cada paciente que atendia – bebês, crianças, adolescentes e os familiares – um pouco do que se trata a Fibrose Cística e todo este mundo particular. Também pude perceber com muita clareza a importância do trabalho em equipe, de forma multidisciplinar, com os saberes se complementando, com o objetivo de acolher o paciente em sua integralidade. Afinal, somos um todo, complexo e singular”, afirmou.
Raquel afirma que, no cenário de cuidados da Fibrose Cística, o Psicólogo atua desde o primeiro momento, quando a família recebe a confirmação do diagnóstico do filho para a doença após a realização do Teste do Suor.
“Todo o trabalho se inicia nesse momento, quando acolhemos os familiares, damos todas as orientações necessárias e buscando auxiliá-los na elaboração e enfrentamento desta nova realidade e sobre como lidar com ela. É muito comum que a Fibrose Cística seja uma doença totalmente desconhecida pela família que recebe o diagnóstico, o que causa muita angústia, medo do desconhecido e insegurança em relação ao futuro. São muitas as questões subjetivas e afetos que surgem neste momento e que precisam ser acolhidos e elaborados, por isso é tão importante a presença de um Psicólogo na equipe multidisciplinar”, afirmou Raquel.
A Psicóloga do Hospital Infantil João Paulo II ainda afirma que o acompanhamento psicológico pode se tornar um grande aliado no caminho de enfrentamento e aceitação da doença, tanto para as pessoas diagnosticadas, quanto para suas famílias.
“Lidar com o nascimento de uma criança já se trata de um grande desafio (falo isso de carteirinha pois me tornei mãe recentemente), e, neste momento tão delicado, lidar com um diagnóstico de uma doença genética, rara, ainda muito desconhecida, trata-se de um desafio único. Poder contar com um Psicólogo neste percurso agrega qualidade de vida, auxiliando na construção de estratégias para elaboração e enfrentamento das questões, afetos e desafios vindos com a Fibrose Cística em cada etapa da vida, tanto por parte dos pacientes como de seus familiares, assim como contribui com a adesão ao tratamento por todos, como consequência. Sabemos que a adesão a qualquer tratamento crônico é algo extremamente desafiador, mas possível, e a “chave” para a qualidade de vida. O acompanhamento psicológico pode ser um grande aliado neste caminho. Vemos como quando a família “abraça” a Fibrose Cística e o tratamento, aderindo a este, torna-se tão mais fácil a adesão pela criança e pelo adolescente ao tratamento. E também pelo adulto. Por que não?”, finalizou Raquel.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.