Equipe de fibra: depoimento com Felipe Espíndola
Comunicação IUPV - 03/11/2020 07:33A Equipe de Fibra, projeto que faz parte do Programa de Incentivo à Atividade Física do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, possui atletas de fibra nos quatro cantos do Brasil e ao redor do mundo! São pessoas com fibrose cística, familiares e amigos que vestem a nossa camisa, praticam atividades físicas e divulgam a doença;
E a equipe do Unidos pela Vida entrevistou um desses grandes atletas de fibra, o Felipe Espíndola. Ele tem 34 anos e foi diagnosticado com fibrose cística aos 15 anos de idade. De acordo com Felipe, antes de receber a confirmação de que tinha a doença, precisou encarar situações difíceis e que poderiam ter sido evitadas caso o diagnóstico tivesse vindo precocemente.
“Desde um ano de idade eu já tinha graves infecções e precisava ficar internado. Era uma vida dura, difícil. Eu chegava a ter duas pneumonias por ano, perdia meses de aula, tinha o Índice de Massa Corporal (IMC) muito abaixo do normal e, apesar de todos esses sintomas, nunca ninguém desconfiou que eu poderia ter fibrose cística”, relembrou Felipe.
As primeiras suspeitas de que o que estava causando todos esses problemas de saúde em Felipe poderia ser a fibrose cística vieram quando ele precisou encarar outro grande desafio.
“Após ter um abcesso e uma infecção muito grande, uma médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre insistiu que eu fizesse o Teste do Suor, exame que confirmou o diagnóstico para fibrose cística. Eu estava com 15 para 16 anos, na adolescência, e foi um período de muita negação, algo que se seguiu durante os três próximos anos. Foi em 2016, enquanto estudava e trabalhava, que resolvi começar a fazer academia. Na época estava muito bem de saúde, mas tive uma grande hemoptise e precisei ficar internado por quase um mês. Esse foi um momento crucial para mim, pois foi quando decidi encarar tudo que estava acontecendo na minha vida e correr atrás do prejuízo”, contou Felipe.
E foi nesse momento que, mesmo sem saber, Felipe passou a integrar a Equipe de Fibra. Ele começou a fazer Educação Física e a se interessar cada vez mais por tudo que fosse relacionado à atividade física e a fibrose cística.
“Eu comecei a ler e traduzir muitos artigos sobre fibrose cística e passei a gostar, pois via os resultados aparecendo conforme colocava tudo que aprendia em prática. O esporte sempre fez parte da minha vida, jogava futebol, tive até propostas para jogar em outros lugares, mas além das infecções recorrentes, eu já não suportava mais a carga excessiva de exercícios. Mas quando entendi o funcionamento da nutrição, aliada ao esporte, as coisas mudaram. Nos últimos 13 anos, internei apenas uma vez, em 2016, ganhei 18 quilos e em 2019 aumentei minha capacidade pulmonar, que era em torno de 63%, para 70%”, contou Felipe.
Felipe não chegou a se formar em Educação Física, mas sua vida profissional acabou ganhando rumos que surpreenderam a todos.
“Por sempre ter que estar indo ao hospital, perdi vários empregos. Por isso, decidi empreender há 12 anos. Na época eu me formei em massoterapia, tive loja de roupas, fiz aula de teatro neste meio tempo, e há quatro anos criei uma marca que trouxe para Florianópolis e fiz dois pontos físicos com café e cerveja artesanal. Por conta da pandemia, decidi me desfazer do negócio. Não quero mais ficar preso a nada, quero autonomia para viajar e fazer o que gosto. Comecei a fazer publicidade, escrevi um E-book de marketing, faço coaching comportamental voltado ao esporte e estou preparando um material sobre fibrose cística que também vai virar palestra”, afirmou Felipe.
Felipe conheceu a Equipe de Fibra por meio do Instagram há pouco mais de um ano. Foi quando decidiu se envolver mais com as temáticas relacionadas à fibrose cística novamente e a conhecer outros atletas de fibra.
“Fico muito feliz ao ver projetos como a Equipe de Fibra, de incentivo ao esporte. Sou a prova de que esporte e nutrição são capazes de mudar a vida de uma pessoa com fibrose cística. É claro que sempre é preciso ter uma estrutura psicológica por trás disso tudo pois, em muitos casos, e no meu próprio caso no passado, nos auto sabotamos e nos limitamos antes mesmo de praticar as ações por medo de não conseguir. Não podemos esquecer que somos o nosso maior investimento e, sim, podemos melhorar e muito nossa qualidade de vida através do esporte. Um passo de cada vez, mas sempre progredindo. Precisamos estar bem para realizar nossos sonhos. Vislumbre esse bem maior. Só depende de você. Desistir não pode ser uma opção. Amo a vida, minha família, meus amigos e faço tudo o que está ao meu alcance para me manter bem. A vida é agora. Dê o primeiro passo e jamais irá se arrepender”, finalizou Felipe.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.