A fertilidade em mulheres com fibrose cística

Comunicação IUPV - 14/03/2022 07:29

Mulheres com fibrose cística têm o muco cervical mais espesso e podem também desenvolver questões ovulatórias devido a desnutrição. Entretanto, a maioria das mulheres diagnosticadas com a doença são férteis e podem engravidar se não usarem métodos contraceptivos.

Neste cenário, quando o assunto é fertilidade feminina e fibrose cística, podemos considerar algumas questões:

  • Pode levar mais tempo para mulheres com fibrose cística engravidarem do que mulheres que não têm a doença
  • A maioria das mulheres com fibrose cística são aptas a engravidar e ter uma gestação normal, considerando sua condição clínica de saúde
  • Seu obstetra tem que estar pronto para te ajudar a entender as questões da sua saúde reprodutiva e te auxiliar a tomar as decisões sobre o planejamento familiar, se assim você desejar 

Muco cervical mais grosso

Mulheres com fibrose cística apresentam o muco cervical mais grosso do que mulheres que não têm a doença devido a função da proteína cystic fibrosis transmembrane conductance regulator (CFTR). O muco mais grosso dificulta a penetração do espermatozóide  na região do cérvix e pode aumentar o tempo que essa pessoa levará para alcançar a gravidez. 

Ovulação irregular

A desnutrição pode levar a uma irregularidade na ovulação – que consiste na liberação do óvulo para o útero – e pode também contribuir com problemas de fertilidade. Essa é uma outra razão pela qual mulheres com fibrose cística podem ter problemas para engravidar. Entretanto, a maioria das mulheres diagnosticadas com a doença podem engravidar e ter uma gestação normal. 85% dos casais americanos relataram que engravidaram após os primeiros 12 meses de tentativas. 

Assim, apesar do muco mais grosso e da possibilidade de questões ovulatórias, é importante lembrar que mulheres com fibrose cística são férteis. Embora a puberdade e a menstruação possam ser irregulares e atrasadas, mulheres saudáveis com fibrose cística geralmente não têm a fertilidade comprometida e apresentam experiências positivas ao engravidar. Por essa razão, embora seja uma doença grave, todas as mulheres com fibrose cística que ainda não desejam ter filhos, devem usar métodos contraceptivos para prevenir uma gravidez indesejada. 

A tecnologia da Reprodução Assistida

Porém, se você tem dificuldade em engravidar, as técnicas de Reprodução Assistida e outras opções alternativas, como a adoção, são viáveis para começar uma família. Seu obstetra deve estar apto a te ajudar a entender a sua saúde reprodutiva e te ajudar a tomar as decisões certas no planejamento familiar. Além disso, você pode esclarecer todas as suas dúvidas sobre esse tema discutindo com a sua equipe interdisciplinar de tratamento para a fibrose cística.

Importante

Com o avançar do tratamento e diagnóstico precoce, o sonho de constituir uma família tem se tornado uma realidade possível na vida de muitas pessoas com fibrose cística. Contudo, tal qual na vida de quem não convive com uma realidade tão complexa quanto a imposta pela fibrose cística, o ideal é que este passo seja muito planejado. Cuidar de uma criança é trabalhoso, demanda muita energia (mental e física), e promove um desgaste na saúde de quem tem fibrose cística. Portanto, converse muito com sua equipe médica, cônjuge e família sobre este desejo, prepare-se, cuide-se para realizar seu sonho – seja por qual via for (natural, assistida ou adoção), e seja muito feliz! Ah! Nunca deixe de colocar a máscara primeiro em você. Para cuidar dos outros, precisamos estar bem! 

Fonte: https://www.cff.org/fertility-women-cf 

Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.

Revisão e complementação: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas e Mestranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). É mãe da Helena, que não tem fibrose cística.

Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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