Fertilidade em homens com fibrose cística

Comunicação IUPV - 25/04/2022 07:29

De acordo com uma publicação da Cystic Fibrosis Foundation (CFF), estima-se que entre  97 a 98% dos homens com fibrose cística sejam inférteis. Porém, apesar dessa questão, ainda é possível que essas pessoas tenham uma vida sexual normal e tenham filhos biológicos com ajuda das técnicas de reprodução assistida (TRA).

Sobre esse assunto, a CFF destaca os seguintes pontos:

• A maioria dos homens com fibrose cística  (97 a 98%) são inférteis, mas não são estéreis. Ou seja, eles podem produzir espermatozóides;

• A infertilidade de homens com fibrose cística ocorre por causa da ausência do canal espermático;

• Seu médico pode te encaminhar para um especialista em reprodução masculina (andrologista), profissional que pode fazer uma avaliação para confirmar se você é ou não infértil.

A biologia da reprodução masculina e a fibrose cística

Para entender os motivos da infertilidade em homens com fibrose cística, é interessante entender primeiro a biologia do sistema reprodutor masculino. Ele é dividido em três partes: os testículos, os epidídimos e os vasos deferentes.

Os espermatozóides (as células reprodutivas) são produzidos nos testículos. Os epidídimos são tubos localizados atrás dos testículos onde os espermatozóides são armazenados até estarem maduros e disponíveis para a ejaculação. Os vas deferens são tubos longos que conectam os epidídimos aos ductos ejaculatórios e agem como um canal para que os espermatozoides maduros cheguem até o pênis durante a ejaculação. 

A maioria dos homens com fibrose cística são inférteis por causa da ausência na formação do canal espermático (conhecido como ausência bilateral congênita dos vas deferens – CBAVD). Por causa dessa ausência do canal, os espermatozoides nunca chegam ao sêmen, tornando assim impossível para eles alcançarem e fertilizarem um óvulo durante a relação sexual. A ausência dos espermatozoides no sêmen também pode levar ao homem apresentar um ejaculado mais fino e com baixo volume. 

A diferença entre infertilidade e esterilidade

A diferença entre infertilidade e esterilidade é a chave para entender os efeitos da fibrose cística no sistema reprodutor masculino. Apesar dos vas deferens estarem ausentes, os espermatozoides não estão. De fato, a produção de espermatozoides nos testículos é normal em 90% dos homens com fibrose cística e CBAVD, o que significa que homens com a doença ainda podem se tornar pais biológicos por meio de técnicas de reprodução assistida. O seu médico deve estar apto a te encaminhar para um urologista (ou especialista em infertilidade), que pode fazer exames para verificar se você é infértil. 

Embora a causa da CBAVD não seja completamente conhecida, sabe-se que pode estar associada a mutação no gene CFTR, que também causa problemas no pâncreas e pulmões. Acredita-se que a CBAVD é causada por padrões similares aos encontrados na fibrose cística, que torna de extrema importância homens com CBAVD serem testados para a doença. Como a CBAVD geralmente não apresenta sinais e sintomas externos, os homens com a condição têm uma vida sexual ativa, e alguns deles nem desconfiam que apresentam fibrose cística ou CBAVD até tentarem conceber uma criança. 

Apesar da maioria dos homens com fibrose cística serem inférteis, alguns apresentam espermatozóides em seu ejaculado. Se sua infertilidade não foi confirmada por exames médicos, você deve usar métodos contraceptivos para prevenir uma gravidez indesejada.

Outra condição que homens com fibrose cística apresentam, apesar de rara, é um tipo de infecção chamada de candidíase masculina. Essa condição apresenta sintomas como ferida, coceira e irritação no pênis.  

Fonte: Cystic Fibrosis Foundation, traduzido em 18/02/2022 

Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.

Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas e Mestranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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