Fibrose cística não impede Pedro, dez anos, de correr na Maratona do Rio
Instituto Unidos pela Vida - 27/07/2015 16:28Pedro Silveira, 10, é portador de fibrose cística, e no domingo, 26, completou a primeira corrida da vida dele. O menino participou da Maratona do Rio de Janeiro e completou a prova de 6km junto com Thamiris Sabas, 23, que também tem a doença.
Os pais do garoto Cristiano Silveira e Marise Amaral correram os 42km. Mãe e filho cruzaram a linha de chegada juntos. Todos correm na Equipe de Fibra e buscam incentivar outros portadores a praticar esporte. Dias antes da prova, Pedro corria em volta da mesa da sala de casa ansioso para que chegasse o domingo.
– O último quilômetro foi mais difícil. Eu vi a linha de chegada e o meu corpo não queria mais continuar, mas fiquei empolgado e terminei super bem. Todas as crianças deveriam dedicar um pouco do seu tempo aos exercícios físicos – contou o menino, que completou os 6km em 37 minutos.
Depois dessa prova, Pedro quer participar ao lado dos pais de outras corridas ainda neste ano.
-Eu fiquei muito feliz porque eu estava pensando o tempo todo na mamãe e no papai. Me senti parte da Equipe de Fibra. Achei que fosse ser muito difícil, mas eu me empolguei tanto que acabei rápido e me senti tão feliz que nem deu tempo de ficar cansado.
Cristiano e Marise sempre correram por Pedro e para mostrar as pessoas que a fibrose cística não deve ser um limitante.
– Me deu orgulho quando ele disse que queria correr. Ele sabe que fazemos isso por ele, e agora ele quer fazer também. Quando isso começou a fazer parte da rotina do Pedro foi um gás a mais, um incentivo e mais uma motivação para continuar com o projeto Equipe de Fibra – disse Cristiano, que é fundador da equipe.
Pneumonia de repetição, desnutrição, tosse crônica, dificuldade para ganhar peso e estatura, diarreia, pólipos nasais e alongamento das pontas dos dedos são os principais sintomas da fibrose cística, que não tem cura e pode ser diagnosticada já no teste do pezinho. Também são condições que fazem algumas pessoas pensarem ser impossível para quem tem a doença praticar qualquer esporte.
Porém, esportistas que tem fibrose cística, como o argentino Marcos Marini, que completou 100km do El Cruce de Los Andes, provam junto com médicos e pesquisas cientificas, que a prática diária de exercício físico é uma aliada e deve fazer parte do tratamento.
– Por conta dos sintomas as pessoas ainda tem muito receio em praticar exercício físico, mas sabemos que é algo que ajuda, porque previne outros problemas. Melhora a capacidade respiratória, muitos ganham peso e massa muscular, se alimentam melhor. Eles se sentem mais motivados para se cuidarem melhor, além de melhorar a autoestima e a socialização – explica Cristiano.
Em média, uma pessoa com fibrose cística dedica pelo menos 3 horas diárias ao tratamento, que inclui sessões de fisioterapia, medicação, acompanhamento médico e nutrição. Segundo Cristiano, por conta disso, alguns acham que pode ser ruim acrescentar mais uma atividade no dia e deixam o esporte de lado.
– Pode ser mais uma atividade na rotina, mas é um tempo utilizado que evita uma possível internação. É importante mudar e começar a pensar que pode ser que se perca 30 minutos se exercitando, mas isso pode evitar uma hospitalização de semanas – explica Cristiano.
A Equipe de Fibra é formada por pessoas que têm a fibrose cística, amigos, parentes e médicos. No Rio de Janeiro, a turma já soma 40 corredores. Outros estados brasileiros também já contam com corredores pela causa, como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
– Acreditamos que com esse projeto tiramos o foco da doença. Queremos mostrar e dizer que quem possui Fibrose Cística pode lutar contra ela, e pode ter uma melhora muito grande. O exercício não resolve tudo, mas ajuda no tratamento.