H3N2 e fibrose cística: cuidados para evitar a contaminação
Comunicação IUPV - 19/01/2022 07:56A H3N2, nova cepa do subtipo A do vírus influenza, tem causado surtos em todo o Brasil desde o final de 2021. Por conta do seu alto potencial de transmissão, o número de indivíduos contaminados tem aumentado significativamente, todos os dias, ao redor do país. Neste cenário, quais cuidados as pessoas diagnosticadas com fibrose cística precisam seguir para se proteger? De acordo com o infectologista pediátrico Dr Rodrigo Marzola, as recomendações seguem a mesma linha do que toda a população já está seguindo para se proteger contra a covid-19.
“Como estamos no meio de uma pandemia, o uso de máscara de proteção adequada e o distanciamento físico são atitudes fundamentais para evitar a contaminação. O vírus influenza também é transmitido por meio de gotículas, por isso, estar próximo de outra pessoa pode aumentar o risco de contágio por meio da tosse, espirro ou até mesmo da fala. Outra atitude importante é a higienização das mãos, seja com álcool em gel ou por meio da lavagem com água e sabão, por pelo menos 20 segundos. Isso evitará que você se contamine por meio da aproximação das mãos com os olhos, boca ou nariz.”
O professor associado do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), coordenador do Programa de Doenças Respiratórias na Infância e membro da equipe multidisciplinar de fibrose cística do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Dr. Luiz Roberto Agea Cutolo, ressalta também a importância da vacinação.
“A imunização anual contra a gripe é algo mandatório para todas as pessoas diagnosticadas com fibrose cística. Vacinar-se é fundamental e pode reduzir o desenvolvimento de casos graves da doença. Além disso, o uso de máscara de proteção adequada, como a N95 (também conhecida como PFF2), aumenta a proteção, visto que evita o contato com as micropartículas, aquelas que chegam por meio do espirro, tosse, canto e até mesmo do choro.”
Riscos da contaminação
Dr Rodrigo explica que a síndrome gripal, caracterizada pela presença de tosse, coriza e febre alta, também pode evoluir para uma síndrome respiratória aguda grave (SRAG), que acontece quando a pessoa tem falta de ar e queda na saturação.
“O grande problema é que essa situação traz danos ao epitélio pulmonar, causando uma lesão inflamatória tão grave que abre portas no pulmão para uma infecção bacteriana. Sabemos que no período de duas a quatro semanas de contaminação pelo influenza é possível o desenvolvimento de outras infecções, como pela pneumococo – principal causadora da pneumonia -, e pela Staphylococcus aureus, por exemplo. De maneira resumida, isso significa que a contaminação pelo influenza pode ser uma porta de entrada para outras infecções bacterianas de gravidade, reforçando a importância da vacinação para que quem tem fibrose cística evite o contato com o vírus e, consequentemente, reduza os riscos de sequelas e consequências para a saúde.”
Dr Luiz ainda reforça que pessoas com fibrose cística que apresentam casos leves da doença e poucas manifestações respiratórias, na maioria das vezes, possuem uma boa recuperação após a infecção pelo influenza.
“Porém, em casos moderados ou graves de fibrose cística, os riscos de dano respiratório podem ser maiores, principalmente em relação às exacerbações. É importante lembrar que 60% das exacerbações na infância são desencadeadas por um vírus inicial e o H3N2 pode ser um deles, com o agravante de que as complicações bacterianas da gripe são maiores do que as causadas por vírus respiratórios mais banais.”
O que fazer após a contaminação pelo H3N2?
Caso você ou seu familiar com fibrose cística apresente sintomas gripais como tosse, coriza, febre e cansaço, o primeiro passo é buscar orientação médica com os profissionais que fazem o seu acompanhamento no Centro de Referência.
“O uso de medicamentos pode ajudar na redução dos sintomas, lembrando que as primeiras 48 horas são fundamentais para que se tenha um melhor benefício desse tratamento. Além disso, ingerir bastante líquido, alimentar-se de forma mais leve, evitar atividades com uso excessivo de força e descansar são atitudes relevantes para uma melhor recuperação”, afirma Dr Luiz.
Em caso de familiares de pessoas com fibrose cística contaminados pelo H3N2, Dr Luiz reforça a necessidade de isolamento desses indivíduos para reduzir o contato e a transmissão do vírus.
“Quem tem fibrose cística deve evitar qualquer proximidade com pessoas que apresentem sintomas respiratórios. Quando um familiar está contaminado, o ideal é que ele fique isolado em um ambiente da casa e utilize a máscara de proteção mesmo dentro da residência. Essas atitudes são fundamentais e ajudam na proteção de quem tem fibrose cística.”
Em caso de dúvidas sobre o H3N2 e a fibrose cística, entre em contato com a equipe médica do seu Centro de Referência ou busque ajuda na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de você.
Por Kamila Vintureli
Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.