Inalação com antibiótico Imipenem/Cilastatina pode ser alternativa de tratamento para infecções pulmonares em crianças com Fibrose Cística

Comunicação IUPV - 01/03/2020 11:09

A fórmula inalatória de antibióticos de amplo espectro como a associação imipenem/cilastatina pode ser uma alternativa útil para tratar infecções bacterianas pulmonares crônicas em crianças com Fibrose Cística (FC) porque causa menos efeitos colaterais. É o que sugere o estudo “O uso de imipenem/cilastatina inalada em pacientes pediátricos com fibrose cística: uma série de casos”, publicado no Journal of Cystic Fibrosis. 
Pessoas com FC geralmente possuem infecções bacterianas crônicas em suas vias aéreas que, muitas vezes, são causadas por bactérias resistentes aos tratamentos, o que as torna mais difíceis de serem controladas, especialmente em crianças com alergias aos medicamentos ou menos tolerantes aos efeitos colaterais dos antibióticos.
O imipenem/cilastatina é um antibiótico comumente usado para tratar bactérias resistentes. No entanto, pode provocar sérios efeitos colaterais, como toxicidade hepática e gastrointestinal, quando administrados pela via intravenosa, o que pode interferir no uso prolongado.
Relatos de casos de adultos com e sem FC mostram que uma formulação inalada de imipenem/cilastatina trata com sucesso infecções bacterianas – causadas por Mycobacterium abscessus – e causa menos efeitos colaterais porque o antibiótico é administrado diretamente no local da infecção. No entanto, não havia dados sobre o efeito dessa formulação em crianças.
Agora, pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill relataram os casos de duas crianças com FC e infecções pulmonares crônicas que apresentaram resultados positivos após receberem imipenem/cilastatina de forma inalada.
O primeiro caso foi uma menina de 16 anos que estava com infecção pulmonar por M. abscessus por cinco anos antes de iniciar a inalação de imipenem/cilastatina. Ela recebeu diferentes antibióticos, inclusive imipenem/cilastatina intravenoso, mas teve que parar com todos por causa dos efeitos colaterais e a redução da eficácia. A infecção causou declínio na função pulmonar e dificuldade de manter o peso.
A menina tolerou a formulação de imipenem/cilastatina inalada e manteve o tratamento por aproximadamente um ano e meio sem efeitos colaterais significativos, exigindo antibióticos intravenosos por curtos períodos para controlar ainda mais a infecção. A capacidade pulmonar, nesse período, permaneceu estável, com tendência a aumentar. 
 O segundo caso era de um menino de 13 anos com infecção bacteriana pulmonar crônica por M. abscessus por cinco anos. Antibióticos intravenosos não melhoraram sua função pulmonar e causaram efeitos colaterais adversos. Os médicos mais tarde o trataram com imipenem/cilastatina inalada. 
O menino tolerou a terapia sem complicações por seis meses. Durante esse tempo, sua função pulmonar permaneceu estável. Ele relatou aumento na capacidade de exercício e ter menos tosse desde o tratamento.
“Ambos os participantes toleraram vários meses de imipenem/cilastatina inalada sem efeitos colaterais relatados e com função pulmonar estável. Isso permitiu maiores intervalos entre as administrações intravenosas de antibióticos, reduziu a exposição geral aos efeitos colaterais experimentados com terapias anteriores e possivelmente aumentou a qualidade de vida”, escreveram os pesquisadores.
Com base nos resultados, a equipe sugeriu que “em crianças com FC com infecções pulmonares crônicas por Mycobacterium abscessus, o imipenem/cilastatina pode ser uma nova alternativa de tratamento”. Entretanto, ainda precisam ser realizados maiores estudos com pessoas com FC para comprovar a eficácia e os resultados positivos.
Foto:  Pessoas foto criado por prostooleh – br.freepik.com
Fonte: VIVIESCAS, A. Inhaled Imipenem/cilastatin an Alternative Treatment for Lung Infection in Children with CF, Case Reports Show. Cystic Fibrosis News Today. 12 de junho de 2019. Disponível em:  
https://cysticfibrosisnewstoday.com/2019/06/12/inhaled-imipenem-cilastatin-treatment-cystic-fibrosis-lung-infection-children/.
Tradução: Julianna Rodrigues Beltrão, acadêmica do 9º período de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); presidente da Liga Acadêmica de Humanização do Cuidado em Saúde (LAHCS); atua no setor de Psicologia e Projetos do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, psicóloga – CRP 08/16.156, especialista em análise do comportamento, fundadora e diretora geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, diagnosticada com FC aos 23 anos de idade.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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