Série especial Coronavírus: isolamento social

Comunicação IUPV - 01/04/2020 09:00

O terceiro texto da Série Especial Coronavírus, criada pelo Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, traz informações importantes sobre o isolamento social, medida importante para toda a população, de acordo com os órgãos competentes mundiais de saúde, principalmente para as pessoas do grupo de risco, como por exemplo quem tem Fibrose Cística, e seus familiares.

Por definição, o isolamento social é um comportamento em que uma pessoa ou um grupo de pessoas optam por se afastar de interações e atividades sociais, ficando em casa por um longo período de tempo. Por conta da pandemia causada pelo novo Coronavírus, optar pelo isolamento social foi uma das principais recomendações dadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar que o vírus se espalhe ainda mais no país e no mundo.

Com essa indicação, aulas foram suspensas, lojas que comercializam itens considerados não essenciais fecharam e diversas empresas optaram por seguir as atividades com seus funcionários em home office, trabalhando de casa. Na maioria das cidades, apenas serviços essenciais seguem com o funcionamento regular, como hospitais, farmácias, supermercados e postos de combustível.

Isolamento para quem tem Fibrose Cística

Pessoas com Fibrose Cística estão no grupo de risco para a contaminação do novo Coronavírus, por isso, a recomendação de isolamento social deve ser seguida de maneira ainda mais rigorosa, incluindo seus familiares e pessoas próximas, que, idealmente, também devem permanecer em quarentena.

Decidir pelo isolamento social pode parecer difícil, mas é uma atitude que ajuda a controlar o número de casos de pessoas contaminadas no Brasil e no mundo. E para saber como as pessoas com Fibrose Cística estão seguindo essa recomendação, fizemos uma enquete em nossa página no Instagram perguntando Você tem Fibrose Cística e está em isolamento social? 90% das pessoas responderam que sim, e 10% responderam que não (71 pessoas participaram da pesquisa). Além disso, também perguntamos se os familiares e pessoas que moram com uma pessoa com Fibrose Cística estão em isolamento social. 92% dos familiares responderam que estão em casa, e 8% afirmaram que não estão em quarentena (91 pessoas participaram da pesquisa).

Isolamento de fibra!

Nossa equipe conversou com pessoas com Fibrose Cística e seus familiares em isolamento social para saber como está sendo a rotina e quais outros cuidados estão seguindo para evitar a contaminação pelo novo Coronavírus. O Gabriel Cortez mora em Penápolis/SP, tem 22 anos e foi diagnosticado com Fibrose Cística nos primeiros meses de vida. Ele optou por seguir em isolamento social para se proteger e proteger a sua família.

“Confesso que esse período de isolamento está sendo bom para mim em vários aspectos, pois estou tendo mais tempo disponível para dedicar no tratamento para a Fibrose Cística. Agora faço tudo com mais calma e estou aproveitando para colocar a matéria da faculdade em dia. A parte ruim de tudo isso é mudar alguns hábitos. Antes eu ia três vezes por semana para a natação e agora tenho que improvisar novas atividades para me manter ativo. Na minha opinião, a quarentena serve para darmos valor à vida e para a nossa família. Por estar no grupo de risco, acho importante me manter atento às notícias, orientações médicas, seguir com o meu tratamento e não sair de casa, por mais que digam que é só uma gripezinha. Aos meus amigos da Fibrose Cística, eu peço: passe álcool em gel e lave as mãos corretamente, faça o tratamento certinho e o mais importante, por mais difícil que seja, fique em casa”, afirmou Gabriel.

Conversamos também com a Andréia Graupner, a mãe de fibra da Maria, de 2 anos e diagnosticada com Fibrose Cística no primeiro mês de vida. Desde o dia 15 de março a família optou pelo isolamento social para proteger a saúde dessa linda salgadinha.

“Quando decidimos ficar em casa pensamos principalmente na Mariazinha, foi uma precaução. Naquele dia não imaginávamos tudo que aconteceria durante a semana, com o governo estadual ordenando a quarentena e fechando o comércio. Toda a situação nos assustou um pouco, principalmente ao ver as notícias da população alvoroçada em supermercados e farmácias, fazendo com que itens básicos começassem a faltar. Parecia que o mundo ia acabar e essas atitudes egoístas de muitas pessoas me deram medo. No momento, nossa preocupação maior é o meu esposo, que trabalha como caminhoneiro fazendo entregas em supermercados. Infelizmente, ele não pode ficar em isolamento e sai de casa todos os dias. Mas, para evitar que ele traga algo para cá, quando chega em casa ele já coloca a roupa para lavar, higieniza as mãos antes de tocar em qualquer coisa e toma banho imediatamente. Está sendo um momento de reflexão e união. Deixamos o medo de lado e tomamos todas as medidas de prevenção para evitar a contaminação. Desejo que todos nós possamos tirar muitos aprendizados dessa fase difícil, que sejamos mais humanos e com mais preocupação em ajudar o próximo, sem egoísmo e sem distinção. Que possamos espalhar o amor e o cuidado, para juntos, vencermos”, disse Andréia.

Transplantados

De acordo com o Grupo Brasileiro de Estudos de Fibrose Cística (GBEFC), pessoas com Fibrose Cística que realizaram transplante de pulmão ou fígado devem redobrar os cuidados e conversar com a equipe de transplante para ter mais informações sobre medidas adicionais de proteção.

Por isso, nossa equipe também conversou com a Andressa Suellen Batistão, de 28 anos, diagnosticada com Fibrose Cística aos 8 anos e transplantada pulmonar há 5 anos e 11 meses. Ela trabalhava fora mas foi liberada para permanecer em isolamento social.

“Neste tempo em casa procurei me dedicar aos treinos, atividade que precisei reduzir por conta do novo emprego, e também para estudar as matérias de Educação Física do meu curso à distância. As pessoas que moram comigo, meu marido e minha mãe, também estão em casa e tomando todos os cuidados possíveis de higiene. Combinamos de não ligar a televisão por muito tempo em jornais para não entrarmos em pânico, pois moramos no estado de São Paulo, região mais afetada no país. Também entrei em contato com minha equipe médica para remarcar a próxima consulta, pois, caso não haja necessidade extrema, não pretendo sair de casa até tudo se resolver”, afirmou Andressa.

É importante lembrar que o isolamento social não é a única recomendação para evitar a contaminação pelo novo Coronavírus. Lavar as mãos com água e sabão por 20 segundos várias vezes ao dia, usar álcool em gel, evitar tocar a boca, olhos e nariz, não compartilhar objetos pessoais, evitar o contato com pessoas doentes e locais com aglomeração de pessoas e pouca ventilação também são medidas importantes no combate ao COVID-19.

Referências:

https://www.who.int/news-room/q-a-detail/q-a-coronaviruses

http://portalgbefc.org.br/site/pagina.php?idpai=9&id=241

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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