Eu me tornei uma guerreira sendo mãe de Fibra

Comunicação IUPV - 07/11/2018 11:34

Por Ruggieria da Costa e Silva
Aceitação! A palavra mais difícil de digerir. Há 2 meses recebi em meus braços meu príncipe, o filho tão sonhado e esperado com muito amor e cuidado. Tudo ia bem, até que uma ligação da NUPAD informando sobre a necessidade de recoleta do Teste do Pezinho fez meu coração de mãe bater diferente naquele momento.
Então repetimos o teste, tanto pelo SUS como pela rede privada, e o resultado novamente deu indicativo para Fibrose Cística e a necessidade da realização do Teste do Suor. Comecei a buscar informações sobre o que era Fibrose Cística. Até então, eu nunca tinha ouvido falar sobre a doença. Quanto mais eu lia, mais desesperada eu ficava. Eu só sabia chorar.
No dia 17 de setembro de 2018,  aguardávamos o resultado do Teste do Suor e eu ainda estava com o coração cheio de esperança achando que seria um mero engano. Às 11h, o meu esposo entrou na sala, olhou nos meus olhos com uma ternura inexplicável e fomos levados até uma sala mais reservada para recebermos o resultado. Meu esposo já sabia, mas não teve condições de me dar  aquela difícil notícia.
A assistente social foi quem me contou. Eu ali, com meu bebê nos braços, recebi o resultado que confirmava que meu pequeno tinha Fibrose Cística. Eu me engasgava com o choro, meu coração doía, eu questionava e brigava com Deus. Fiquei ali por um bom tempo… Sem rumo, sem saber o que fazer, sem chão.
Eu só queria que tudo tivesse sido um engano, um erro, mas não foi. Começamos imediatamente as consultas e exames, e finalmente iniciamos oficialmente o tratamento com as enzimas, sal, soro e inalação. É tudo tão novo e difícil de lidar.
Confesso que ainda tenho dificuldades em expor para as pessoas o que o meu filho tem, é minha batalha interna, mas sei que aos poucos vou vencê-la. Nossos dias tem sido um de cada vez. Tem hora que acerto, outras que ainda erro, mas confio que tenho e devo fazer  o impossível para oferecer o melhor para o meu filho. As lágrimas ainda são minhas companheiras diárias do banho, minhas brigas com Deus estão diminuindo e ele tem achado meios  extraordinários de me confortar.
Sigo confiante e disposta para aprender a cuidar do meu filho exatamente da forma que ele precisa. Estou me doando inteiramente a esse propósito, mas ainda tenho pesadelos, medos e sentimentos de impotência. Mas além disso, a cada dia, a certeza é de que no dia 17 de setembro de 2018,  junto com aquele diagnóstico, nasceu uma mamãe de fibra e cheia de garra.
O caminho é longo e pode ter dias com sabor de algodão doce e dias bem amargos, mas para qualquer que seja o sabor dos nossos dias, eles serão repletos de amor e dedicação. Aos poucos, estou aprendendo a aceitar e a entender a Fibrose Cística em nossas vidas e ressuscitando todos os nossos sonhos perdidos. Que Deus, mesmo com toda a minha má-criação, possa me entender e continuar me fortalecendo.
Hoje, eu me olho no espelho e mesmo com meu rosto cansado e abatido, eu me vejo especial, afinal, só recebemos a carga que somos capazes de carregar. A Fibrose Cística me trouxe lágrimas, desespero, angústia e preocupações, mas também trouxe união das nossas famílias e muito cuidado e amor uns pelos outros. Desejo pra mim, e para todas as outras mamães de fibra, força e coragem e um caminho repleto de luz!
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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