Entrevista com a Cláudia Cometti | Mulheres de fibra que nos inspiram

Comunicação IUPV - 24/03/2021 07:05

O segundo texto da série Mulheres de fibra que nos inspiram, realizada pelo Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística para marcar a passagem do mês das mulheres, traz a entrevista realizada com a Cláudia Cometti

A história da Cláudia com a fibrose cística começou quando seu filho, Vitor, foi diagnosticado com a doença aos dois anos de idade. Receber essa notícia fez com que ela passasse a pesquisar mais sobre o tema, e possibilitou o início imediato do tratamento adequado para a patologia.

“Quando recebi a confirmação, eu nunca tinha ouvido falar sobre a fibrose cística e o diagnóstico foi um verdadeiro choque para mim. Porém, com o passar do tempo, comecei a entender melhor e aceitá-la como algo que faria parte das nossas vidas, e isso nos causou uma verdadeira transformação de rotina, de conceito de vida e de planejamento do que viveríamos a partir dali.”

Mas o diagnóstico para fibrose cística do Vitor não foi a única surpresa que a doença reservava para Cláudia. Após iniciado o tratamento para o seu filho, ela recebeu a indicação para a realização do Teste do Suor, exame padrão ouro para o diagnóstico da doença. O resultado também foi inesperado.

“Eu já apresentava problemas pulmonares desde jovem e em 2016 fiz os exames que confirmaram o diagnóstico para a fibrose cística. Apesar do susto inicial, receber essa confirmação trouxe vários aspectos positivos para nossas vidas, pois com o tratamento adequado temos mais saúde, mais disposição e muita união entre todos da família.”

Algum tempo após receber o diagnóstico, Cláudia decidiu inserir a prática de atividades físicas na sua rotina de tratamento e também na do seu filho. De maneira regular e orientada, ela começou a fazer musculação, natação e corrida.

“No início era tudo muito difícil e correr apenas três minutos parecia impossível para mim.  Pouco antes do diagnóstico eu estava com a saúde muito debilitada, com o peso abaixo do ideal e sem resposta aos antibióticos. Mas com o início da prática da atividade física associada ao tratamento multidisciplinar, comecei a reversão do quadro, diminuindo as intercorrências, aumentando cada vez mais minha função pulmonar e conseguindo correr distâncias cada vez mais longas.”

Em 2019 Cláudia participou da Corrida 10 Milhas Garoto ao lado do seu esposo Wilken. Foram 16km em 1h49m e sem intervalos. Ela afirma que, durante o percurso, um filme com toda a trajetória do que viveu até ali passou em sua cabeça.

“Enquanto corria para alcançar essa grande conquista, lembrei das muitas batalhas travadas desde os meus 16 anos de idade, quando comecei a apresentar os sintomas de doença pulmonar. Lembrei-me das várias internações, das hemoptises, que no início me assustavam, mas foram se tornando tão frequentes que deixei de contá-las. Dos ciclos de antibióticos, das bronquiectasias cada vez mais numerosas, da indicação de cirurgia para retirada de duas partes do pulmão e das minhas duas gravidezes dificílimas. Foi o diagnóstico para a doença que me permitiu saber o que causava tudo isso e começar o tratamento que me trouxe mais saúde e qualidade de vida. Neste sentido, não tenho dúvidas de que a prática de atividades físicas foi fundamental para a minha melhora e fico feliz em saber que inspiro tantas pessoas pelo Brasil. E para todas elas eu deixo o meu incentivo para que incluam o exercício físico na rotina de tratamento e acreditem que podem viver com saúde e realizar todos os seus sonhos. Para mim, ser mulher de fibra é lutar todos os dias, mesmo que o corpo não queira, pois a gente sabe que não há essa opção. É ser contra tudo, contra todos e às vezes até contra si mesmo.”

Além desta linda mensagem de força e superação, Cláudia também deixou um recado especial para todas as mulheres de fibra do Brasil, incluindo as diagnosticadas com fibrose cística, mães de fibra e profissionais que atuam com a doença no país.

“Eu falo sempre que é possível ser feliz tendo fibrose cística. Eu tive meu diagnóstico tardio, meu filho aos dois anos, e mesmo sofrendo com o avanço da doença desde muito nova, segui perseverando. O que percebo quando olho para a comunidade da fibrose cística é que, quando o diagnóstico vem precoce, junto com ele vem o estigma da pessoa que é doente, que nasceu doente e vai viver doente. Isso traz uma visão muito negativa da vida e que não devemos seguir por esse caminho. É possível viver bem com a doença e precisamos ser otimistas neste cenário. Sei que temos um tratamento a seguir e precisamos escolher pela vida ao optar por fazer o que é necessário para se viver melhor. Mas conseguimos recuperar o corpo e a saúde com um olhar mais otimista em relação a tudo isso. Pais, deixem seus filhos viverem, experimentarem e terem vida. Ensinem o tratamento e a sua importância, mas também mostrem que é possível viver e ser feliz”.

Por Kamila Vintureli

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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