Depoimento – Patrícia de Andrade Machado
Comunicação IUPV - 24/07/2023 07:06Eu me chamo Patrícia de Andrade Machado e quero compartilhar um pouco da minha história com vocês, começando por 2019. Esse foi um ano muito difícil para mim, marcado por superação e luta.
Nessa época eu precisei me afastar de tudo, da faculdade, do trabalho, da família e dos meus amigos. Isso aconteceu por conta de uma internação, momento difícil e eu não sabia o que poderia acontecer. Em 2019, eu soube que a minha vida estava por um fio e eu tinha uma decisão para tomar.
Escolher entre fazer ou não uma cirurgia muito delicada foi complicado, mas eu não tinha outra escolha. Era realizar o procedimento para tentar melhorar um quadro de infecção pulmonar ou esperar, mesmo sabendo que, nessa espera, o pior poderia acontecer.
Eu optei pela cirurgia e fiquei seis meses internada no hospital, lutando pela minha vida. Mesmo com a cirurgia realizada, eu tive uma piora no quadro durante o pós-operatório. A minha função pulmonar ficou muito baixa, eu tive problemas cardiorrespiratórios e eu não sabia que sairia desse internamento.
Foram dias difíceis e de muita luta para melhorar. Naquele momento, a única coisa que eu queria era ir para a minha casa. Após os seis meses, finalmente recebi alta, mas no final do ano eu tive uma piora e precisei internar novamente. Dessa vez, achei que seria somente um susto, que as infecções pulmonares iriam cessar e que nos anos seguintes, a fibrose cística me daria uma trégua para que eu pudesse voltar para a minha rotina, viver e lutar pelos meus sonhos.
Infelizmente, não houve trégua alguma. Em 2020 e 2021, foram oito internações por ano. O meu quadro estava piorando mais e mais e a luta para melhorar era diária. Em certo momento, minha médica disse que não sabia mais o que fazer, pois todas as possibilidades de tratamento já foram feitas e nada estava resolvendo.
Em algumas internações eu só chorava pensando que a única coisa que eu desejava era voltar a estudar, voltar a viver, mas a fibrose cística não estava me deixando fazer isso. A minha indicação era a realização do transplante pulmonar, mas para mim, essa seria a última opção. Eu jurei para mim que enquanto eu pudesse lutar por esses pulmões, eu não iria passar por outras cirurgias.
Foi no final de 2021, em uma das consultas, que a minha médica veio conversar sobre uma medicação que poderia me ajudar, um dos moduladores. Eu me lembro até hoje das palavras dela: “Ou a gente tenta esse tratamento, ou eu não sei mais o que fazer por você.”
Isso me deixou ao mesmo tempo feliz e triste, porque eu sabia que era muito difícil conseguir esse tratamento e que ele não estava disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) naquele momento.
Após nova luta, eu comecei a usar o medicamento e foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. O tratamento estava fazendo efeito e já no primeiro mês eu senti muita diferença, principalmente nas secreções pulmonares e no sangramento, que foram diminuindo. Com o passar dos dias, a infecção ia embora.
Minha vida mudou muito depois que comecei a fazer o uso desse tratamento. Eu pude voltar com as caminhadas na rua, pude sair para passeios, até corrida eu fiz. Sei que ainda preciso melhorar muito e aos poucos eu vou voltar com a minha rotina de vida e viver cada dia mais e mais. Esse tratamento me deu a esperança de vida que eu já tinha perdido, me ajudou a voltar a respirar e viver, que é o que eu mais desejo.
Hoje eu só quero dizer para todas as pessoas diagnosticadas com fibrose cística do Brasil que nunca desistam de lutar por suas vidas. A vida é um dom de Deus, que Ele nos deu para viver, cuidar e valorizar.
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Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.