Questões reprodutivas mais comuns em mulheres com fibrose cística

Comunicação IUPV - 21/03/2022 07:24

A maioria das mulheres com fibrose cística apresentam os níveis hormonais, o desenvolvimento do sistema reprodutor e o desenvolvimento sexual normais. Apesar disso, é possível que parte dessas mulheres apresentem especificidades  associadas à fibrose cística neste contexto.Confira no texto quais são essas condições e saiba mais sobre cada uma delas.

Vaginite fúngica

Certos antibióticos e corticóides, medicamentos que a maioria das mulheres com fibrose cística tomam diariamente, têm  demonstrado que podem alterar os níveis normais de acidez e bactérias na vagina. Por essa razão, mulheres com fibrose cística estão mais suscetíveis a apresentar vaginite fúngica (também conhecida como sapinho ou infecção vaginal por levedura), causada pelo microorganismo chamado Candida albicans.

Os principais sintomas da vaginite fúngica incluem coceira, irritação, desconforto e dor durante o sexo ou ao urinar. Homens com fibrose cística também podem apresentar esse tipo de infecção (conhecida como candidíase masculina), embora isso seja menos comum. Eles podem apresentar sintomas como feridas no pênis, irritação e coceira. 

Pelo fato da vaginite fúngica ser tão comum em mulheres com fibrose cística, é importante fazer exames anuais com seu médico ou ginecologista. Ser regularmente analisada e tratada para vaginite fúngica e outras infecções é essencial para uma boa saúde sexual e reprodutiva, e pode ajudar a melhorar o conforto no dia a dia significativamente. 

Incontinência urinária por esforço

A incontinência urinária por esforço (IUE) é a liberação de pequenas quantidades de urina durante atividades como tossir ou espirrar. Essa é a primeira queixa de saúde reprodutiva que as mulheres com fibrose cística experienciam. Uma em cada quatro mulheres com a doença apresentam a IUE no seu dia a dia. As tosses frequentes  – especialmente para as mulheres jovens – podem enfraquecer o assoalho pélvico, assim como o estresse físico causado pelo parto natural. A limpeza do muco nos pulmões é uma importante forma de tratamento da fibrose cística, então tratar a IUE é fundamental para que a tosse seja efetiva, pois muitas pessoas deixam de tossir por medo da perda de urina. 

Exercícios Kegel (para o fortalecimento da musculatura) podem ajudar as mulheres a fortalecer os músculos que sustentam a bexiga. Esses exercícios fazem a contração e o relaxamento regular dos músculos por 3 segundos. É recomendado fazer esses exercícios por 10 vezes, pelo menos 3 vezes por dia. Trabalhando corretamente esse grupo muscular, mulheres com fibrose cística podem prevenir e controlar a incontinência, enquanto aumentam, consequentemente, o seu prazer sexual. Os exercícios Kegel ajudam a ter uma solução a longo prazo, ao invés de investir em calcinhas absorventes, e também podem ajudar a melhorar a saúde sexual de forma geral. 

Menstruação ausente ou irregular

A baixa nutrição, baixo peso e a função pulmonar comprometida juntos, podem afetar a habilidade do corpo em ovular e menstruar regularmente. Por essa razão, algumas mulheres com fibrose cística podem apresentar ausência ou menstruação irregular associadas a estar abaixo do peso ou desnutridas. Mulheres jovens com a doença também podem apresentar uma puberdade tardia e ter a sua primeira menstruação muito tempo após suas amigas. 

Se você tem menstruação irregular ou menos frequente, é importante conversar com a sua equipe médica ou nutricionista. Juntos, vocês podem tratar os problemas relacionados ao pulmão e a má-nutrição, para assim, melhorar a saúde em geral e encontrar formas de ganhar peso de maneira saudável. 

Fonte: Cystic Fibrosis Foundation, traduzido em 05/02/2022. (https://www.cff.org/common-reproductive-issues-women-cf)

Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.

Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas e Mestranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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