"Se você não se dedicar, se você não for à luta, nada vai mudar", por Pâmela Ullrich

Instituto Unidos pela Vida - 24/01/2017 11:30

15940413_1804894439776411_358693728994294848_nMinha mãe, Reni Ullrich, conta que, 24 horas depois que eu nasci, comecei a chorar e não parei mais. Chorava de dor na barriga, tinha muita diarreia e não ganhava peso. Tive as primeiras gripes e o problema do pulmão apareceu também. Passei pelas mãos de 35 médicos sem que nenhum soubesse a causa daquele sofrimento. Tratavam-me como se fosse asma ou bronquite e muitas vezes chegavam a culpar minha mãe pela minha situação. Cheguei aos cinco anos pesando 11 kg e os médicos da minha cidade, Sinop no Mato Grosso, falaram pra ela que era só esperar porque não havia mais o que fazer.

Minha mãe brigou com eles e conseguiu que me encaminhassem para capital, Cuiabá. Lá, o Dr. Arlan Azevedo, só de me olhar, identificou os sintomas da fibrose cística, confirmada depois pelos exames. Éramos muito pobres e minha mãe lutou muito por mim. Trabalhou e cuidou de mim porque sabia que um dia eu teria que ir para São Paulo e ela se preparou para isso. Foi ela que me manteve aqui.

Eu melhorei com o tratamento, cheguei a passar dois anos sem internar, mas no Mato Grosso faltavam muitos remédios. Comecei academia com uns 15 anos, mas antes eu já fazia muitas coisas. Fiz ballet e até capoeira! Eu melhorei muito depois que comecei a me exercitar. Engordei e não perdi mais peso. Eu me sentia bem. Acontece que, com uns 16 anos, eu comecei a sentir muito cansaço. Eu não saía mais porque não conseguia parar em pé e isso me incomodava muito. Quando eu comecei a cansar, até nas atividades mais simples como me vestir, eu resolvi pesquisar sobre o transplante. Terminei o ensino fundamental na marra internando muito e cansada. Depois disso, parei de estudar e minha vida inteira parou.

Falei com meu médico sobre o transplante e no começo ele não me apoiou, mas eu insisti que queria mudar as coisas porque daquele jeito não dava mais. Ele começou a mexer nos meus exames e se deu conta que a minha função estava em 23%. Foi aí que decidiu me ajudar com os trâmites para cirurgia. O TFD foi complicadíssimo e muitas outras coisas ruins aconteceram nessa época. Eu estava muito mal com muita secreção e muita infecção e não havia recurso pra mim no Mato Grosso. Minha mãe e eu finalmente conseguimos nos mudar pra São Paulo. Alugamos uma casa e ela deixou uma pessoa cuidando do comércio dela pra mandar dinheiro. Em São Paulo, parecia que tudo estava se encaminhando, mas então uma medicação nova me causou arritmia cardíaca. Fiquei traumatizada! Desenvolvi síndrome do pânico e depressão. Eu já estava parada, sem fazer exercício. Parei porque passei a ter medo. Nessa época eu já estava dependente de O2 e estava na fila do transplante.

A virada

Foi então que eu decidi colocar um ponto final naquele medo. Com meu namorado, Natan Ayres, que é transplantado e me ajudou e ajuda muito, consegui sair do pânico e da depressão. Agradeço a Deus e também aos exercícios que eu considero um verdadeiro remédio. Comecei em casa mesmo. Primeiro por 5, depois 10, 15, 20… até chegar a meia hora diária de exercícios. Com um ano de treinamento minha função subiu para 28% para surpresa do Dr. Rodrigo Athanazio e a Dra. Samia Rached que cuidam de mim no InCor. Tenho certeza, que essa melhora vai me dar mais tempo para esperar pelo transplante.

Tem uma frase filme do “Sucker Punch – Mundo Surreal” que eu gosto muito: “Para aqueles que lutam por ela, a vida tem um sabor que os que se protegem jamais provarão“. É a mais pura verdade.

Se você não se dedicar, ninguém vai empurrar seus braços e pernas e se você não for à luta, nada vai mudar.

Hoje minha rotina de segunda a sexta inclui 30 minutos pedalando em uma bicicleta ergométrica que ganhei de uma amiga que já passou por isso e hoje é transplantada. Também faço musculação para fortalecer pernas e braços. Toda quinta-feira, eu levanto às 4h pra ir ao InCor para fazer exercícios com o Fisioterapeuta Fábio Rodrigues. Lá eu pego mais peso e faço 30 minutos de esteira em uma velocidade boa.

Meu sonho, depois do transplante, é me casar com o Natan. Imagino a gente andando de bicicleta pelo parque!

Esse depoimento foi escrito um dia antes da cirurgia de transplante pulmonar da Pâmela, realizada no dia 29 de dezembro de 2016! Ela passa bem e já respira sem a ajuda de aparelhos! =)

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