Ser mãe de fibra – por Talita Cauper Coelho

Comunicação IUPV - 21/05/2020 08:27

Por Talita Cauper Coelho, Jornalista e mãe do Pablo, de 7 anos e diagnosticado com Fibrose Cística.

Outro dia me perguntaram o que a Fibrose Cística significa para mim. Isso me levou direto ao dia em que recebi a notícia de que o exame do Pablo tinha alteração e precisava ser refeito. Ele tinha uns 20 dias e a primeira coisa que pensei foi “seja lá o que for, farei de tudo para que meu filho tenha qualidade de vida, e me recuso a permitir que seja limitante para ele ser o que quiser”.

Durante a gravidez nós idealizamos nossos filhos, faz parte da natureza humana, desejar o melhor e mais belo, a gente nunca se prepara para algo fora do normal; ingenuidade a nossa pensar que somos um “padrão de fábrica”. 

Na gestação do Pablo não foi diferente, idealizei meu bebê, e desejei, assim como desejo todos os dias aos que amo, que ele fosse merecedor de viver nesse mundo, honesto, amável e forte, sou dessas que acreditam nessas qualidades. 

Passados 7 anos, alguns altos e baixos, muitas lições da vida e da Fibrose Cística, chego à precoce conclusão de que a Fibrose Cística é um desafio e um privilégio. Pode parecer estranho, mas acredito que tudo tem um propósito, e nesse caso, cuidar de uma criança com uma doença tão peculiar e desafiadora, seja um privilégio sim. Me permitiu ampliar meus conceitos, rever as prioridades, aprender a ser paciente, resiliente, enxergar o próximo com mais afeto e menos julgamento, afinal, nunca saberemos o que se passa na intimidade do outro, e acima de tudo, me ensinou a ser forte.

A mãe, cuidadora, responsável pela pessoa de fibra é forte, ela vira médica, enfermeira, fisioterapeuta, nutricionista, administradora e é amor. Infelizmente muitas vezes essa rotina é solitária, ela absorve nos absorve, e de repente, já vencemos mais um dia. 

Mas não se trata do que a Fibrose Cística significa para mim, aliás, nem imagino o que é ter essa doença. Do meu ponto de vista, as pessoas de fibra são super-heróis, eu sou só a pessoa que dá suporte para o sucesso das suas conquistas, com muito orgulho.  

Ela é só uma doença, como qualquer outra coisa que qualquer pessoa pode ter. Requer cuidados, remédios, disciplina e conhecimento, faz parte das nossas vidas, mas não merece lugar de destaque, esse posto é reservado à quem somos e o que fazemos. 

Existe uma linha tênue entre cuidar e educar para que nossos filhos façam parte do mundo, como pessoas de bem, isso sim dá muito trabalho. Eu sou mãe de fibra, ou só uma mãe. Minha única certeza é de que desejo o melhor e mais lindo futuro ao meu filho, minha missão é ensiná-lo a ver a sua vida como um presente que deve ser cuidado e aproveitado, isso só será possível se existir disciplina com o tratamento e dedicação no caminho da conquista dos seus sonhos.  

Então eu agradeço todos os dias pela benção que é ter um filho de fibra por tudo que ele me ensina todos os dias, pela sua força, vontade de viver, por ter escolhido compartilhar a sua existência comigo. 

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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