Dia do Psicólogo – entrevista com Simone Scheibe
Comunicação IUPV - 27/08/2021 09:34O dia 27 de agosto marca a passagem do Dia do Psicólogo, profissional que integra a equipe multidisciplinar de tratamento para a fibrose cística. Para homenagear todos os psicólogos do Brasil, em especial os que atuam diretamente com pessoas diagnosticadas com fibrose cística e seus familiares, entrevistamos a psicóloga Simone Scheibe.
Simone se formou em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é mestre em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, especialista em Psicopedagogia e trabalha no Hospital Infantil Joana de Gusmão, onde passou a integrar a equipe multiprofissional do Centro de Tratamento para fibrose cística em 2015.
“O papel do psicólogo no cenário da fibrose cística é bem amplo, pois o tratamento da doença e a convivência com uma patologia crônica envolvem uma variedade de aspectos que se configuram como um estressor diário na vida de quem recebeu o diagnóstico e de toda a sua família. Por isso, entendo que a atuação do psicólogo neste contexto é viabilizar a condição psicológica para o melhor enfrentamento da doença em todas as suas etapas, visando sempre uma boa adesão ao tratamento e uma qualidade de vida satisfatória”.
Para Simone, viabilizar e promover uma melhor adaptação familiar à nova rotina após o diagnóstico, além da construção de estratégias de enfrentamento para esse dia a dia, são alguns dos pilares que também fazem parte da atuação do psicólogo no cenário da fibrose cística.
“Precisamos auxiliar paciente e família na contrução de um significado positivo para o tratamento, associado a projetos de vida para além da doença. É importante incentivar o protagonismo da pessoa na rotina do tratamento, além de promover a escuta de suas experiências no convívio com a doença e, quando necessário, identificar o surgimento de complicações psicológicas e psiquiátricas não apenas em quem tem fibrose cística, mas também entre os familiares. Devemos colaborar com a equipe de saúde no que diz respeito à compreensão dos aspectos psicológicos implicados na doença e no seu tratamento, incentivando uma atitude empática e acolhedora, promovendo uma relação de parceria”.
Simone ainda afirma que o acompanhamento psicológico é importante para auxiliar quem tem fibrose cística e sua família na ampliação dos recursos e condições de enfrentamento dos desafios diários, trabalhando sentimentos e apropriações negativas, e possibilitando o movimento para um futuro possível e realizador.
“Durante a minha atuação com pessoas diagnosticadas com fibrose cística e seus familiares já vivi muitos momentos marcantes e significativos. Alguns foram difíceis, outros gratificantes. Lembro de uma situação em que uma adolescente estava muito triste com a piora do seu quadro e por não conseguir atingir as metas do tratamento. Depois de escutá-la longamente, ela conseguiu achar novos sentidos para continuar, saindo da consulta mais animada e conectada com a força e esperança de continuar nessa batalha. Esses são momentos em que vibramos juntos e que nos renovam”.
Para finalizar, Simone deixa uma mensagem para todos os profissionais que, assim como ela, atuam com pessoas diagnosticadas com fibrose cística.
“Compartilhar a trajetória de luta diária de diversos pacientes com a doença e suas famílias é, sem dúvida, uma grande responsabilidade. Percebo que ainda existe um estigma relacionado ao acompanhamento psicológico. Muitos indivíduos procuram a ajuda de um profissional da área quando a situação já está mais grave, o que pode prejudicar o tratamento. Por isso, espero que todos possam encontrar força e motivação para acolher e auxiliar essas pessoas na conquista de lindos objetivos durante suas jornadas de vida”.
O time do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística parabeniza todos os psicólogos e profissionais que atuam nas equipes multidisciplinares de tratamento para a fibrose cística em todo o país. Vocês são inspiração e fazem toda a diferença. Muito obrigado!
Por Kamila Vintureli
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.