"Nunca deixei a peteca cair, nunca desisti do meu sonho, das minhas vontades", por Sofia Cogo

Instituto Unidos pela Vida - 30/11/2016 16:30

img_20160821_202739Meu Nome é Sofia, sou de Três Pontas (MG), minha vida com a fibrose cística começou quando eu tinha 10 anos, foi quando surgiu o diagnóstico (antes eu tratava de bronquite, asma…). Quando surgiu a notícia caiu como uma bomba na minha família. Nós somos de classe média, de uma cidadezinha do interior, simples e sem muitos recursos.

Logo fui encaminhada para a UNICAMP, onde eu faço o tratamento até hoje. Foi muito difícil pra mim, mas principalmente para a minha família. Meu pai não aceitou bem a situação e, enfim, meus pais acabaram se separando. Eu, minha mãe e meu irmão fomos morar na casa da minha tia. E eu fui seguindo com o tratamento com muita dificuldade de adesão ao mesmo.

Em 2013, eu tinha acabado de me formar no Ensino Médio e resolvi entrar para a faculdade de Enfermagem (loucura, né ?), minha mãe me apoiou muito e eu estava muito empolgada. Num dia normal desses de consultas de rotina fui para a UNICAMP e meu médico Dr. Fernando resolveu me internar para descolonização (ah é! esqueci de mencionar que sou colonizada por pseudomonas). Foi o fim da picada, eu nunca tinha sido internada por causa da fibrose cística e teria que ficar 16 dias no hospital, justamente agora que estava começando a faculdade. Mas não desisti, fiquei os 16 dias e voltei firme e forte para a faculdade um dia depois da alta.

Só que eu era uma paciente diferente da maioria, eu não tinha cansaço, não sentia nada, era como se eu não tivesse FC. O tempo foi passando, os problemas foram surgindo, a doença foi se agravando, daí lá vai a Sofia mais uma vez pra UNICAMP ficar internada pra descolonizar os pulmões já com quadro de exacerbação, muita dispneia, magra (mais do que já era), saturação caindo a todo momento, com pancreatite.

Durante a internação uma residente do hospital conversou comigo, disse que eu iria ter que usar oxigênio pelo menos 16 horas por dia, que era para eu abandonar a faculdade, que eu nunca seria capaz de ser uma Enfermeira. Quando ela saiu do quarto eu entrei no whatsapp e contei tudo a minha mãe. Ela sofreu muito pois ela sabia que aquele era o meu sonho, que a enfermagem era minha vida, minha escolha. E por mais que pareça bobagem eu nunca me interessei por nada que não fosse de enfermagem, da área da saúde.

Então, tive alta hospitalar! Fiquei 6 meses afastada da faculdade e pensando comigo: quem ela é pra me colocar limites? Eu sei o que eu quero pra mim, eu não vou desistir do meu sonho porque uma pessoa veio e me disse que sou incapaz. Quem sabe de mim é Deus  e Ele tem o melhor para mim.

Hoje, tenho 21 anos, falta 1 ano e meio para terminar a faculdade de Enfermagem, eu estou bem de saúde, convivo com FC, não uso mais oxigênio, moro com minha mãe e meu irmão em uma casa nossa . Tenho um namorado que faz enfermagem também, que aceita minha doença e me ajuda em tudo. E posso dizer que eu sou uma pessoa normal, aliás normal não, porque com todos os meu problemas eu nunca desisti. Nunca deixei a peteca cair, nunca desisti do meu sonho, das minhas vontades.

Beijos Salgados!!!

Sofia

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