Reabilitação por telemedicina pode ajudar crianças com fibrose cística a sentirem menos ansiedade
Comunicação IUPV - 26/09/2022 14:55A telereabilitação, reabilitação à distância com o uso da tecnologia, pode ajudar crianças com fibrose cística a se sentirem menos ansiosas ou deprimidas, ter uma imagem mais positiva sobre seus corpos e também a melhorar suas habilidades de caminhar longas distâncias. Esses dados foram encontrados em um pequeno estudo.
Entretanto, os níveis de ansiedade e depressão reportados por seus cuidadores não foram diferentes dos cuidadores daqueles pacientes que não se inscreveram no Programa de Reabilitação.
O estudo chamado “O efeito da telereabilitação na qualidade de vida, ansiedade e depressão em crianças com fibrose cística e seus cuidadores: um estudo randomizado e cedo.”, foi publicado na revista científica Pediatric Pulmonology.
A fibrose cística leva a produção de um muco mais espesso e grosso. Quando ele obstrui os pulmões, pode levar a dificuldades para respirar e a infecções pulmonares.
Exercícios, quando realizados regularmente, são encorajados e podem ajudar a manter as vias aéreas limpas. Entretanto, quando os exercícios são praticados em grupos ou em hospitais, podem espalhar as infecções. Quando realizados em casa, pode ser difícil seguir um calendário consistente por longos períodos de tempo.
Assim, a telereabilitação surgiu como uma possível solução para melhorar o acesso aos cuidados de reabilitação. Agora, o time de pesquisadores da Turquia está tentando entender como um Programa de Reabilitação a curto prazo pode afetar os níveis de ansiedade e depressão, assim como a qualidade de vida.
Os pais de crianças com fibrose cística geralmente se preocupam em engajar a prática de esportes e exercícios, mas se preocupam menos quando pensam que estão sendo utilizados como parte de um Programa de Reabilitação. Assim, os pesquisadores também verificaram os níveis de ansiedade e depressão dos cuidadores principais dessas crianças.
O estudo
Esse estudo incluiu 28 crianças com fibrose cística com idade média de 9,8 anos e seus cuidadores. As crianças foram divididas em dois grupos iguais para receber ou não a reabilitação (grupo controle). O Programa consistiu em três sessões semanais de uma combinação de treinos de alta intensidade em forma de jogos e exercícios pelo aplicativo Zoom. As sessões duraram 12 semanas (aproximadamente três meses).
Para medir os níveis de ansiedade e depressão, os pesquisadores usaram uma ferramenta chamada “Escala de depressão e ansiedade em crianças – revisado”. No início do estudo, a nota média geral para ansiedade foi de 6,3 pontos, o que caiu para 3,4 pontos após o Programa de Reabilitação. Além disso, a nota média para depressão caiu de 6,2 para 3,9 pontos. As notas também diminuíram no grupo controle, que foram, ao final do estudo, de 6,6 pontos (para ansiedade) e 7,8 pontos (para depressão).
Estes resultados indicam que o uso da telereabilitação pode ajudar as crianças com fibrose cística a se sentirem menos ansiosas ou deprimidas. Entretanto, não houve diferença nos níveis de ansiedade ou depressão dos cuidadores, que foi medido usando duas ferramentas chamadas: Escada de Ansiedade-Traço e Inventário de depressão de Beck.
Em seguida, os pesquisadores olharam a qualidade de vida das crianças, que foram relatadas por seus cuidadores. Eles observaram uma mudança na pontuação da imagem corporal no grupo da reabilitação, que melhorou de 78,5 para 86,5 pontos. Entretanto, ao final do estudo, esses números não apresentaram diferença em relação ao grupo controle.
Os pesquisadores também aplicaram o teste de esteira de seis minutos para verificar a performance funcional ou o condicionamento físico. Eles verificaram que o grupo de reabilitação foi capaz de andar distâncias mais longas ao final do estudo (483,1 vs. 431,8 metros) e que essa distância foi maior do que a encontrada no grupo controle (405,7 metros).
Assim, este estudo demonstrou que a abordagem da telereabilitação, que inclui tanto a postural, quanto exercícios de alta intensidade, pode melhorar a ansiedade, a depressão e a performance funcional em crianças com fibrose cística”, disseram os pesquisadores.
Não foram observadas diferenças no volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1), medida de função pulmonar.
“Este pequeno estudo, realizado em um único Centro de Referência, pode ajudar a estabelecer modalidades de tratamentos similares em outros locais de tratamento”, concluíram os pesquisadores, que adicionaram que “estudos de larga escala são necessários para obter resultados mais robustos.”
Como parte das limitações do estudo, os pesquisadores mencionaram que não poder monitorar a frequência cardíaca era “um grande revés” e que intervenções capazes de fazê-lo remotamente “seriam mais saudáveis”.
Fonte: https://cysticfibrosisnewstoday.com/2022/03/11/telerehabilitation-help-children-cystic-fibrosis-feel-less-anxious-depressed/. Acesso em 14 de junho de 2022.
Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas e Mestranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Quer fortalecer o trabalho realizado pelo Unidos pela Vida? Clique aqui e escolha a melhor forma de fazer uma doação.
Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.