Remadores de Fibra

Instituto Unidos pela Vida - 06/04/2015 10:38

remadores de fibra

O pessoal do Vou de Canoa escreveu um texto sobre a travessia de canoa havaiana para a divulgação da Fibrose Cística do dia 3 de abril. Olha só que legal:

O capitão Max, responsável pela traineira Rio Boa Sorte, relata: “Quando dizia aos meus colegas do clube, também donos de barco, que acompanharia um grupo de 14 atletas que sairiam remando da Praia de Itaipu até a Ilha Grande, todos perguntavam: – Eles são loucos? Eu respondia: – Não. São de fibra.”

O Remadores de Fibra nasceu da parceria da escola de canoa havaiana Itaipu Surf Hoe com o projeto Equipe de Fibra, do Instituto Unidos pela Vida, com o intuito de fortalecer o propósito destes dois últimos de divulgar a doença genética Fibrose Cística, uma doença que afeta os sistemas respiratório e digestivo de crianças gerando graves complicações a sua saúde. Remar de Niterói a Ilha Grande defendendo a causa de crianças com uma doença ainda sem cura foi o combustível desta travessia.

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A largada foi a 1h da manhã de sexta-feira, 03 de abril de 2015. Ver o amanhecer do dia em plena remada foi lindo. Mas o início, durante a noite, foi de arrepiar. Sair a 1h da manhã com a lua completamente cheia e a superfície do mar prateada com seu reflexo foi algo emocionante. As vagas estavam grandes mas não tinha vento forte, apenas uma leve brisa soprando pelas costas. A canoa subia e descia nas ondas, seguindo o balanço do mar, mas não havia respingo de água nos remadores, não havia aspecto de mar mexido, apenas o silêncio daquela noite enluarada quebrado pelo som dos remos deslizando na água. Senti algo que os antigos da polinésia deviam sentir ao lançar suas canoas na vastidão do Pacífico para chegar em ilhas remotas sem saber se voltariam: sensação de desbravamento. A segurança com que eu estava iniciando esta travessia em pleno Século XXI, em uma canoa fabricada e equipada com tecnologia e acompanhada por um barco de apoio, sem dúvida era bem maior que a dos ancestrais polinésios, que precisavam dar as primeiras braçadas à luz da lua ou sob as estrelas sem prever em quanto tempo chegariam ao seu destino. E sem nem mesmo ter a certeza de que chegariam… Mas a confiança em nós mesmos e o imenso respeito que sentíamos pela canoa nesta madrugada, acredito, eram os mesmos que o destes ancestrais homens do mar. Em momentos ímpares assim, remando para longe em um fino casco de barco, o sentimento de cuidado e respeito pela canoa fica mais vivo. Ela passa a ser a nossa pequena ilha de segurança naquele horizonte escuro. Passa a ser parte da nossa família, um integrante da nossa equipe e um elemento primordial para o sucesso ou fracasso da empreitada. Molokai, a canoa vermelha do Itaipu Surf Hoe, acredito que tenha passado da sua infância para a adolescência após esta expedição. Trabalhou incansavelmente por 12 horas e 45 minutos sem interrupção, amadureceu e ganhou respeito ao vencer os 130km entre a Praia de Itaipu e a Ilha Grande sem nos deixar em apuros.
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Ao amanhecer já estávamos praticamente na metade do caminho, no início da Restinga da Marambaia. Dali em diante a paisagem não se altera. É monótono e o remador tem que controlar a ansiedade, pois são 43km sem mudança do cenário: mar, faixa de areia, restinga e céu, nada mais. Somado aos movimentos contínuos e repetitivos da remada, este trecho do percurso leva quase a uma hipnose e é preciso força e determinação para sair dali com a moral ainda erguida.

Na chegada, pegamos uma forte correnteza no Canal de Sepetiba para entrar na Baía da Ilha Grande, mas logo avistamos nosso objetivo final e aí foi só alegria. Pisamos juntos na areia grossa da Praia do Abraão – os 14 remadores que se revezaram no trajeto – demos as mãos fazendo uma roda envolvendo a canoa e agradecemos a Deus e a todas as forças do Universo por conspirarem para que tudo desse certo: condições de mar perfeitas, canoa em ótimo estado e atendendo a todas as nossas expectativas, plena sintonia entre os atletas e um excelente trabalho da equipe de apoio composta pelos três tripulantes da traineira Rio Boa Sorte, dois massoterapeutas, um cinegrafista e um fotógrafo.
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O ponto alto da nossa chegada foi o encontro com duas crianças com Fibrose Cística, Antony e Alexia, seus familiares e demais defensores da causa, que foram até a Ilha Grande só para nos receber e agradecer pela campanha iniciada. Naquele momento sentimos que ao fortalecer nossos braços e corpos com aquela remada, era como se estivéssemos levando mais força para eles próprios ali na areia a nos esperar. Passamos a entender que quanto mais pessoas conhecerem a Fibrose Cística, mais atenção a doença receberá e, consequentemente, mais estudos e mais pesquisas poderão um dia encontrar sua cura.

O projeto Remadores de Fibra não termina com a chegada na Praia do Abraão. Pela divulgação da Fibrose Cística muitas águas ainda vão rolar, e digo isto nos dois sentidos da expressão, com remadas e campanhas em defesa da causa do Antony, da Alexia, do Pedro, da Thamires e de tantas outras crianças e jovens que um dia se descobriram com Fibrose Cística.

Esta remada teve o essencial apoio de:
Instituto Unidos pela Vida
Projeto Equipe de Fibra
Secretaria de Esporte e Lazer de Niterói
Toyota SGA Oceânica
Way Suplementos
Copy&Cor
Studio de Pilates Flavio Pontes
Instituto Collunas
Fred Gomes Fotografia
Adriano Diogo Filmes
Texto originalmente publicado aqui.

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