Conheça o depoimento de Leticia Becker!
Instituto Unidos pela Vida - 30/09/2015 14:11Me chamo Leticia Becker, tenho 18 anos e sou de Santa Catarina. Podemos dizer que a minha vida teve seu primeiro contato com a FC há 16 anos. Desde o meu nascimento os sintomas da FC já eram presentes em minha vida, como por exemplo, desnutrição e dores constantes, porém devido a falta de conhecimento da doença, o diagnóstico só aconteceu aos dois anos. Nesta época estava internada para tratamento de uma pneumonia e ao ser examinada por um médico residente, ele falou para minha mãe: “Fala para o médico dela que ela pode ter FC”, minha mãe então perguntou: “O que é isso?” e ele respondeu: “Deixa para saber isso depois, se for o caso, mãe”. Dez dias depois disso, meus pais receberam o diagnóstico de que eu tinha Fibrose Cística. No primeiro momento veio o medo, a angústia, e o sofrimento. Aos poucos as coisas foram se encaminhando, o tratamento foi dando resultado, e eu fui seguindo minha vida, entre internações, brincadeiras de criança, e uma rotina totalmente diferente.
Aos seis anos, fomos surpreendidos com mais um diagnóstico, dessa vez a Diabetes começou a fazer parte da minha vida, e isso fez com que a minha rotina mudasse um pouco mais, e os sentimentos se repetissem. Mas segui em frente com a rotina de tratamento da FC, mesmo ela não sendo tão simples assim.
Com 16 anos passei por uma fase bem complicada em minha vida, tanto da parte da FC quanto da parte emocional: muito medo, angústia, sofrimento, frustração e decepção, tudo isso misturado aos sonhos de uma jovem como outra qualquer. Todos esses sentimentos fizeram com que o meu estado de saúde se agravasse, e quinze dias após completar 17 anos fui hospitalizada. O que aconteceu neste período em que eu estava no hospital foi muito difícil, porém fez com que eu mudasse totalmente o meu ver sobre a vida e sobre a FC. A partir daí os meus dias se tornaram mais alegres, a rotina da FC passou a não ser mais tão estressante, o que resultou numa boa melhora no meu quadro de saúde. Nesta época estava no meu último ano da escola, e tudo que eu desejava era curtir os últimos momentos deste período junto com os meus amigos, pois eles me apoiaram muito, , cada um do seu jeito.
Em janeiro deste ano, resolvemos juntos com a equipe médica, fazer uma cirurgia do pulmão, com o objetivo de melhorar minha qualidade de vida. A cirurgia foi um sucesso, e minha recuperação seguia normalmente. Mas sabe aquele ditado que diz: “Estava bom demais para ser verdade”?! Então… uma semana depois da cirurgia, tive uma hemorragia gravíssima, que fez com que eu fosse para a UTI. O desespero tomou conta de mim, não sabia o que poderia acontecer dali para frente. Mas como minha força de vontade de continuar vivendo, sempre foi muito forte em minha vida, consegui me recuperar e em uma semana eu estava em casa.
Em julho deste ano, completei meus 18 anos, e mais uma vez fui hospitalizada, porém desta vez foi uma internação tranquila, na qual recebi a notícia de que meu pulmão está MARAVILHOSO, mesmo que sem um pedacinho, e que por enquanto a necessidade de uma cirurgia no outro pulmão está descartada. Além de todas essas bênçãos, hoje tento levar uma vida igual a de qualquer outra pessoa. Estou cursando faculdade de Direito, trabalhando, e seguindo com meu tratamento da FC.
Desde que nasci vários profissionais da medicina passaram pela minha vida, e todos de alguma forma contribuíram para que eu chegasse até aqui. Como nossa vida é cheia de chegadas e partidas, alguns ainda estão presentes e outros deixarão saudade, mas um deles irei lembrar para sempre, pois deixou uma marca em minha vida, ou melhor, em meu corpo.
Muitos acham que uma cicatriz é uma coisa feia ou ruim, mas por trás dela sempre se esconde uma história, que no meu caso é uma história boa, pois ela serviu para melhorar minha qualidade de vida, e sempre que me olho no espelho e vejo esta marca me lembro com muito carinho e gratidão do profissional que a fez.
Considero-me uma pessoa muito abençoada e agradeço a Deus por ter aprendido tudo o que já aprendi, pois talvez se não tivesse FC não seria quem sou hoje. Agradeço também aos meus amigos, familiares e profissionais da saúde, que sempre estiveram presentes em minha vida, e principalmente aos meus pais que independente da circunstância sempre estiveram ao meu lado.
“A vida nem sempre é fácil, mas ninguém disse que seria, e mesmo assim ela continua sendo linda.”
Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.