A importância da aceitação e adesão ao tratamento
Comunicação IUPV - 02/07/2020 08:00Por Luana Reinert, de 19 anos e diagnosticada com Fibrose Cística nos primeiros meses de vida. Atualmente está na lista para o transplante pulmonar.
Uns dos desafios que envolve a Fibrose Cística é o fato de envolver um tratamento extenso e sintomas clínicos aparentes, ou seja, nem sempre é uma doença invisível e é possível notar características físicas ou ações, como a tosse ou falta de ar.
Muitos pacientes têm acesso ao tratamento adequado de maneira precoce por meio da triagem realizada no Teste do Pezinho, logo nos primeiros dias de vida, mas há também aqueles pacientes que descobrem tardiamente e que precisam se adaptar à nova rotina para poder se cuidar, e são nessas horas que começam os desafios.
Vou trazer meu próprio relato e visão de pessoa com Fibrose Cística: “Lembro da dificuldade de adesão ao tratamento em minha fase adolescente, pois quis parar de ir ao fisioterapeuta por vergonha, passei a não tomar meus medicamentos na frente das pessoas, e também não fazia fisioterapia ou inalação com pessoas no mesmo quarto (inclusive meus pais). A não aceitação da minha doença e do meu tratamento fez com que eu tivesse minha primeira internação (a qual foi extremamente complicada) e talvez tenha sido um dos agravantes para acelerar o progresso da minha doença. E também é válido mencionar sobre a minha baixa autoestima e desenvolvimento de depressão, na época, por ter vergonha de ter necessidades diferentes de pessoas sem a doença”.
Vale ressaltar que a terapia com um profissional de psicologia, nessas horas, é de cunho essencial para ajudar a passar por esse processo de aceitação.
Os benefícios de ter essa aceitação e conseguir executar o tratamento corretamente é inestimável, até porque se não temos vergonha, iremos fazer o tratamento correto e evitaremos futuras infecções ou até internações. Se aceitamos fazer o nosso tratamento como uma rotina, parando de vê-lo como algo cansativo e tedioso, e ao invés disso passamos a enxergá-lo como uma forma de autocuidado e uma chance de praticar o amor próprio cuidando de si mesmo, temos então uma melhora tanto física quanto emocional.
Devemos lembrar que está tudo bem não se sentir confortável, mas a partir do momento que enxergamos o quanto isso pode ser ruim para nós, começa-se a trabalhar dia após dia para que seja mais um obstáculo vencido. Porque ter Fibrose Cística ou amar alguém de fibra é motivo para sentir-se orgulhoso, principalmente por estar enfrentando batalhas diárias e estar em pé sempre continuando! E os medicamentos, as internações, fisioterapias só nos tornam mais fortes, mais incríveis e pessoas mais evoluídas.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.