Dia do Assistente Social – entrevista com Alcione Cipriano da Cruz

Comunicação IUPV - 15/05/2020 09:45

No Brasil, o dia 15 de maio marca a passagem do Dia Nacional do Assistente Social, profissional essencial na equipe multidisciplinar de atendimento à pessoas com Fibrose Cística e seus familiares. E para entender um pouco mais sobre a rotina destes profissionais, o Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística entrevistou a Alcione Cipriano da Cruz. Vem com a gente conferir essa linda história!

A Alcione é formada em Assistência Social pela Universidade Veiga de Almeida e atualmente atua como Assistente Social na Associação Carioca de Assistência à Mucoviscidose (ACAM-RJ). De acordo com a Alcione, a atuação do Assistente Social na Fibrose Cística é realizada com o comprometimento e respeito à vida.

“Na ACAM-RJ eu consigo utilizar todo o conhecimento que aprendi na universidade e colocar em prática os instrumentos técnicos e operativos da profissão. Aqui nossa atuação é direta ao associado. Realizamos a escuta qualificada, orientando e acompanhando os casos, realizando entrevistas e acolhendo a família que recebe o diagnóstico. Também é indireta no que se refere ao controle social em que representamos todos os associados em instâncias públicas de direitos, como o Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, o Conselho Municipal de Assistência Social e outras instâncias e associações. Realizamos relatórios, planos de trabalhos para manutenção de registros nestes conselhos, orientações sociais relativas a benefícios e vida social, acompanhamentos, visita domiciliar entre outras atividades importantes que contribuem para que a família realize o tratamento”, contou Alcione.

A Assistente Social da ACAM-RJ ainda reforça que a Fibrose Cística requer um atendimento multidisciplinar e que os profissionais do Serviço Social somam esforços aos outros profissionais que fazem parte da equipe multidisciplinar de atendimento.

“Desempenhamos um papel significativo na associação. Somos nós que recebemos as pessoas que tiveram o diagnóstico recentemente, ouvimos suas histórias, sabemos um pouco mais de suas vidas e as inserimos na associação. Utilizamos instrumentos que facilitam a dinâmica do trabalho e desenvolvemos as ações com empatia. Entendemos que a partir do momento que há a inserção de um novo membro na associação, a luta coletiva por melhores condições na Fibrose Cística é fortalecida”, afirmou.

A presença da Fibrose Cística na vida da Alcione não é algo recente. Ela afirma que começou a atuar diretamente com atendimentos ligados à doença ainda no período da faculdade.

“A busca por estágio não foi nada fácil. A procura foi cansativa, confesso que pensei até em desistir do período na universidade, mas eu não desisti. Quando estamos procurando estágio, enviamos currículo para vários lugares sem a preocupação de viver aquele sonho de atuar nesta ou naquela área. Somos estimulados pela oportunidade. Onde nos chamarem, lá estaremos. O que queremos é apenas uma oportunidade de nos lançarmos e experimentar um pouquinho o sabor de estar em campo aprendendo, sendo desafiado. Neste cenário eu fui chamada para o processo seletivo da ACAM-RJ. Eu me perguntei “Será que desta vez dará certo?”, “Mas  e o que  significa ACAM-RJ?”, “Que lugar é esse?”. Eu não tinha muito tempo para pesquisa, mas busquei rapidinho informação para saber que lugar era aquele. Mucoviscidose. “Muco o que? Nunca ouvi falar nisso! Que estranho… Nossa que lugar deve ser esse? Vamos lá!”. Eu não podia perder aquela oportunidade e, no fim, passei pelo processo seletivo e comecei em 2011. No início continuava sem entender direito que universo era aquele, mas fui me apaixonando. A Fibrose Cística tem esse poder: quem se envolve se apaixona. Desde então estou envolvida com a patologia e a associação”, relembrou Alcione.

Desde então, Alcione trabalha incansavelmente no atendimento de pessoas com Fibrose Cística e seus familiares, e nesta trajetória, viveu muitos momentos que marcaram sua carreira profissional.

“Existem vários acontecimentos marcantes, felizes e tristes, acontecimentos exitosos e outros não. Porém, fazem parte de um todo muito importante que agrega valor ao fazer profissional e também a ter uma percepção mais global da realidade. É interessante parar e resgatar rapidamente na memória um acontecimento para compartilhar. Para mim, foi marcante o acompanhamento de um menino que realizou transplante pulmonar. A história é longa, cheia de emoção, mas falarei sobre a parte final, a parte pós transplante, mas é preciso dizer que cada fase dessa história é uma vitória e a equipe profissional da ACAM-RJ vibrou em todas.  Nesta fase, veio mais um desafio a ser vencido: o retorno para casa. Esse momento, que deveria ser só de alegria, virou um grande problema, visto que a casa em que residia não tinha condições de abrigar esse novo menino, com novos pulmões. Quanta dedicação teve essa mãe, quanta dedicação tivemos nesse caso. O papel das assistentes sociais da ACAM-RJ em toda trajetória desse menino foi muito profissional e especial, foi um grande desafio. Foi uma batalha árdua que envolveu uma grande rede para que se chegasse a um desfecho. Felizmente a batalha foi vencida e a volta para casa aconteceu”, contou.

Para a Alcione, atuar como Assistente Social no atendimento de pessoas com Fibrose Cística e seus familiares é um aprendizado constante e um grande desafio.

“Temos a possibilidade de acompanhar a jornada da família e ver a modificação que pode ser provocada. Temos diversos momentos importantes, mas quando percebemos que orientações sociais transformam uma realidade e contribuem para o empoderamento de uma mãe, quando percebemos a emancipação para lutar por seus direitos, quando não se contentam com um “não” e buscam o SIM, é lindo, gratificante! Temos uma profissão belíssima e cheia de desafios. Não é fácil! Ninguém disse que seria, mas é importante seguir firme e não desistirmos de nos importar com o outro, valorizar a vida e a história do outro. Todo mundo tem uma história. Toda história importa. Toda vida importa. Sei que viveremos dias turbulentos e de muita luta social. Vemos direitos sendo violados, retrocessos em direitos já conquistados, a Constituição Federal sendo desprezada. Não podemos esmorecer, valerá a pena nosso esforço em defender o que acreditamos e nos propomos  ao escolher essa profissão”, finalizou Alcione.

A equipe do Instituto Unidos pela Vida parabeniza, hoje e sempre, a Alcione e todos os profissionais que atuam no atendimento de pessoas com Fibrose Cística e suas famílias. Vocês nos inspiram e fazem toda a diferença em nossas vidas. Muito obrigado!

Por Kamila Vintureli

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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