Dicas de Alimentação Infantil | Por Erika Moreira

Instituto Unidos pela Vida - 24/04/2013 13:43

image001Eis que de repente me tornei mãe. Uma mãe de Fibra de um lindo menino, hoje com um ano e dois meses de idade. Desde a gravidez, almejava uma boa alimentação para ele e depois do diagnóstico da fibrose cística, vi que esse desejo iria ser imprescindível para mantê-lo sempre bem. Então, me vi mergulhada no universo da Nutrição Infantil com todas as cores de seus alimentos, e quem diria que seria um grande desafio? Vi que não iria ser muito fácil quando, no primeiro dia de introdução dos sólidos, tamanha foi a careta do meu rapazinho para uma papinha feita com todo amor e carinho. Cuspiu tudo! Chateada? Sim, mas não desisti, e isso aconteceu uma, duas, três vezes… Fui substituindo frutas e vegetais até que um dia ele comeu uma colher cheia! Eba! Fiquei feliz. E as colheradas se repetiram uma, duas, três…
Quando alguém ler esse relato pode pensar: mas toda criança não é assim? E eu vou responder: sim, é. E por que estou relatando isso às mães de Fibra? Porque quero que vejam que recusa inicial de alimentos é “coisa de criança”, independente da FC. E que a ansiedade materna é grande e isso muitas vezes atrapalha. Pois, aprendi com meu filho que até os bebês têm um radar enorme que capta facilmente o estresse.
Diante disso, estou aqui como mãe para falar das experiências com meu filho, somando a tudo o que li, ouvi e me foi ensinado. A primeira lição que aprendi é que criança gosta de rotina. Horários devem ser bem definidos e estabelecidos desde o início. Organize a rotina do seu bebê com hora para banhos, soneca e alimentação. Normalmente, eles alimentam-se de três em três horas, portanto, estabeleça um cardápio com horário para cada refeição. É claro que no corre-corre do dia a dia às vezes fica complicado. Então, se permita de vez em quando atraso de no máximo meia hora. Atrasos maiores confundem o bebê.
Com rotina estabelecida, muitas mães se perguntam: seis meses, introdução de sólidos. E agora? Com o reizinho lá de casa nunca funcionaram os sucos (ele não gosta) e depois com a necessidade de uma alimentação mais calórica, o ideal mesmo são papas de fruta, pois possuem um valor calórico maior, as frutas mais leite e aveia, por exemplo, podem ser uma refeição. Sucos são acrescidos de água e não podem ser chamados de refeição, se quiser oferecê-los após almoço ou jantar é uma opção, mas em pequenas quantidades.
Sempre digo que os bebês são mais espertos do que nós mães pensamos e nessa idade tudo que eles fazem e entendem é por associação, tipo assim: se eu chorar, tenho carinho. Então, que tal fazer nossos bebês associarem o cadeirão a hora do papa? O cadeirão ajuda a nossa turminha saber que está na hora de desacelerar e de comer. E para eles fica mais prazeroso se for perto da mesa da família.
Observo que uma das maiores preocupações de uma mãe de Fibra é se a criança está ganhando peso ou não, entretanto temos que estar atentas se o alimento oferecido ao bebê condiz com a sua idade. Esse cuidado é importante porque diminuímos os riscos de alergias alimentares e respeitamos tempo de maturação do intestino do bebê. Meu pequeno com a idade que tem, eu nunca ofereci nada adoçado com açúcar para ele, digo, nenhum tipo de açúcar nem mascavo e nem demerara. Nunca dei bolachas, pois prefiro alimentos que acrescentem algo de especial, vitaminas, por exemplo, biscoitos contem calorias vazias (sem nenhum valor nutricional importante) e muitas vezes esses petiscos atrapalham a próxima refeição do bebê. Eu gosto de combinar frutas mais doces com azedas (manga madura com acerola) ou no máximo um pouco de maltodextrina, que é um carboidrato menos doce, ele não induz o paladar do bebê apenas para coisas doces (consulte a nutricionista do Centro para verificar se seu bebê pode usá-lo). E esse é o grande problema, temos que oferecer uma alimentação variada com frutas, legumes e verduras, como fazer dessa maneira se condicionarmos nossos filhos só com alimentos doces? E o mel? O mel pode ser oferecido apenas a partir de um ano de idade pois pode conter uma bactéria que provoca o botulismo. Engordar para muitos é preciso, mas temos que ter bom senso.
E o que tem no Cardápio do Erick Levi? Tem de tudo um pouco.
cozinheira_12Uma alternativa bem calórica para o café da manhã é o mingau, que pode ser feito com frutas, leite, gema de ovo, aveia e cacau em pó (este último a partir dos nove meses). Vejam bem: é cacau! Não é achocolatado, esse não é ideal para bebês). Nas papas salgadas, uso muitas raízes (inhame, mandioca, batata doce), folhas (acelga, couve), abóbora, quiabo, chuchu, maxixe, cenoura, batata inglesa, muita salsa, beterraba, gema de ovo, aveia, fubá de milho, feijão, arroz, macarrão, carnes (boi, carneiro e frango), ou seja, alimentos de todos os cinco grupos alimentares (tubérculos e cereais, grãos, proteína de origem animal, legumes e folhas verdes). Tempero usando azeite, cebola, tomate, alho, cheiro verde e para servir, uso mais um pouco de azeite por cima do prato ou manteiga. A manteiga, rica em vitamina A e D, utilizo uma colher de sobremesa diária. Aprendi que uma boa papa salgada tem que ter pelo menos um alimento de cada grupo para ficar bem completa em seus nutrientes. Nas papas doces, inicialmente usava uma a duas frutas no máximo, depois dos oito a nove meses, comecei a misturar mais frutas para suprir a necessidade das porções diárias de uma criança da idade dele, algo em torno de quatro a cinco porções.
Queridas mães de Fibra, tudo o que consegui com a alimentação do meu filho, foi aos poucos, não de uma vez. Cada criança tem seu tempo e sua necessidade, devemos aprender a observar nossos filhos com o olhar atento de mãe que só nós temos, enxergando tudo que eles precisam em tempo. Portanto, calma. Não quis comer? Respira fundo, aquieta o coração e passa para o próximo horário de alimentação. Por muitas e muitas vezes isso aconteceu comigo e com meu filho e ainda acontece. Crianças são mini-humanos com suas vontades e têm dias em acordam sem muita disposição. Afinal, não acontece conosco da mesma maneira? Meu reizinho, por vezes fica muito “ocupado” brincando e não tem “tempo” para comer, nem queiram ver o tamanho da birra quando o tiro dos brinquedos! Hahaha…
O meu objetivo neste relato, não é ensinar ou dar receita de bolo TipoDeComoFazerComer! Mas passar serenidade, paciência e compreensão para as mães de Fibra, e pedir que não rotulem seus filhos como sendo uma criança com FC, não que isso seja pejorativo. Minha idéia é dizer que com ou sem FC, são bebês e crianças e todas precisam da mesma sensibilidade e percepção na maneira de lidar com elas.
Gostaria de agradecer a todas as pessoas que me auxiliam em minha caminhada de Fibra junto com meu filho: Meu marido, minha mãe, minha tia Nalva a equipe do Heom (Hospital Otavio Mangabeira de Salvador) e as nutricionistas Thatty Cristina Morais e Karine Nunes Durães, acho que estou seguindo tudo direitinho, não é meninas?
Desejo do fundo do meu coração, muita saúde e paz para todos!
“Ser profundamente amado por alguém nos dá força. Amar profundamente nos dá coragem.” (Lao-Tzé)
Relato de Erika Laiza Lacerda Moreira, mãe de um menino com Fibrose Cística.
Contato: erikalaiza@hotmail.com
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.
 

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