Depoimento – Ane Mocellin

Comunicação IUPV - 14/04/2021 07:53

Eu me chamo Ane Tomazi Mocellin Gensas, sou gaúcha de Porto Alegre/RS e aos 11 meses de vida fui diagnosticada com fibrose cística por meio do Teste do Suor. Na época eu tinha muito refluxo, situação que me deixava desnutrida e tornava difícil a missão de ganhar peso. Além disso, o suor mais salgado que o normal e as seguidas pneumonias também foram sintomas que indicaram a presença da doença.

Hoje estou com 30 anos, tentando levar uma vida normal dentro dos limites da doença e dessa pandemia, causada pela covid-19, que veio para mudar a vida das pessoas. Nunca foi fácil lidar com a fibrose cística, mas durante o período de isolamento social, tudo ficou um pouco mais cansativo e preocupante, afinal, além das apreensões relacionadas à doença e à rotina cansativa, tive que lidar com a ansiedade de todo dia ter um sintoma diferente do novo coronavírus. 

Acabei desenvolvendo Transtorno de Ansiedade Generalizada. Por causa disso, e também pela minha vontade de ajudar o próximo, comecei a fazer  um curso online  de formação em psicanálise pelo Instituto Brasileiro de Psicanálise Clínica. Eu me formo em dezembro de 2021 e vou realizar atendimentos online. Estou bem feliz com essa nova porta se abrindo na minha vida, pois, infelizmente, com a pandemia o agravamento das doenças mentais piorou e surgiu uma demanda de psicólogos, psiquiatras e psicanalistas como nunca visto antes.

Em julho de 2018, criei o blog Respirar Esperança, espaço em que eu compartilho minhas experiências de vida, tanto as que envolvem a fibrose cística, quanto as que não são relacionadas diretamente a ela. Por ter a doença, já vi e ouvi muitas coisas que, na hora, representavam o fim do mundo. Hoje, vejo que tudo isso fez parte do meu crescimento como pessoa. Caso eu compartilhe essas experiências, alguém se identifique e veja que é possível superar, já me dou por satisfeita.

No final de 2018 fui diagnosticada com diabetes relacionada à fibrose cística, mais um choque na minha vida e na minha rotina. Foi um momento de muita raiva, onde passei dias me perguntando “por que mais isso?”. Comecei a usar insulina uma vez ao dia e mudei minha dieta alimentar, e hoje posso dizer que já estou acostumada com a “tia bete”.

A vida não é fácil, mas tudo vale a pena. Sempre digo que, sem o apoio e a presença da minha mãe, minha filha de quatro patas, Vick, minha família, amigas e minha psicóloga, não teria chegado até aqui. Vejo cada vez mais que somos nossa própria cura para muitas coisas. Acreditar em nós mesmos é o início de uma vida muito melhor. É preciso crer que somos capazes de ser felizes e de lutar pela nossa saúde. Muitas vezes, essa luta será difícil, mas não temos outra opção a não ser lutar. Então, faremos isso.

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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