Depoimento – Beatriz Goti

Comunicação IUPV - 05/01/2021 07:08

O Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística traz o relato da Beatriz da Silva Goti. Ela tem 23 anos, mora na cidade de Lins, em São Paulo, e foi diagnosticada com fibrose cística aos nove meses de vida por meio do Teste do Suor.

Crescer já com a rotina de tratamento para a doença estabelecida em sua vida fez com que a Beatriz tivesse uma adaptação rápida ao tratamento, principalmente durante a adolescência, fase em que a adesão pode se tornar um verdadeiro desafio para quem tem fibrose cística. Atualmente Beatriz estuda Psicologia e afirma que as etapas recomendadas pelos médicos nunca a atrapalharam em nada.

“A fibrose cística nunca foi um incômodo na minha rotina. Ela apenas torna um dia a dia que seria considerado normal um pouco mais pesado por conta do tratamento. São muitos medicamentos e inalações, mas com organização é possível realizar todas as etapas e manter uma rotina normal. Utilizar as enzimas antes das refeições, fazer as inalações e todos os outros aspectos do tratamento estão presentes nos meus dias, mas não me atrapalham e sigo estudando, fazendo minhas atividades da faculdade.”

Além das atividades educacionais, momentos de lazer junto com a família e amigos também sempre fizeram parte da rotina de Beatriz. Agora, com a pandemia, esses momentos ficaram um pouco diferentes.

“Eu gosto muito de viajar e conhecer novos lugares sempre fez parte da minha vida. Neste momento de isolamento social meus momentos de lazer mudaram um pouco, afinal, é preciso evitar locais aglomerados para se proteger. Mas antes da pandemia eu sempre saía para comer e me divertir com meus amigos. Gosto muito de dançar e conhecer pessoas novas.”

Seus familiares, amigos e seu namorado formam a rede de apoio de Beatriz. São pessoas que a incentivam na busca pela realização dos seus sonhos e dão todo o suporte que ela necessita para que seus objetivos sejam alcançados.

“Todos sempre estiveram ao meu lado, me apoiando, em todos os momentos difíceis da minha vida. Inclusive meus médicos e minha psicóloga, que considero como peças fundamentais nesta minha rede de apoio. É muito importante ter esse suporte pois nos ajuda a enxergar além da fibrose cística. Eles conseguem enxergar nossos sentimentos, angústias e medos, além de serem um grande estímulo para continuar  e vencer todas as etapas da vida, principalmente aquelas que acabam se tornando mais difíceis por conta da doença.”

Beatriz ainda ressalta que o acompanhamento psicológico é um aspecto fundamental no tratamento para a fibrose cística, principalmente em relação à aceitação da doença e adesão.

“Quando a gente adere ao tratamento aceitamos a doença e quem somos. Sei que o tratamento pode ser desgastante em alguns momentos, mas ele é necessário para melhorar a nossa qualidade de vida e diminuir o número de infecções. Não é a cura, mas permite que quem tem fibrose cística viva melhor. Neste sentido, vejo o acompanhamento psicológico como algo essencial na vida de todo ser humano, mas para nós que temos fibrose cística, acredito que seja primordial. Desde pequenos temos que aprender a lidar com internamentos e somos privados de várias coisas por um excesso de cuidado que, de imediato, não entendemos. Por isso, o acompanhamento psicológico nos ajuda a entender nossa condição, a aceitá-la e a não nos anularmos por conta dela.”

O acompanhamento psicológico para os cuidadores de pessoas com fibrose cística é algo que Beatriz também vê como essencial e que permite a esse familiar um melhor entendimento sobre a realidade de quem tem a doença e amplia sua visão para que possa agir da melhor maneira possível.

“Precisamos nos permitir e para que isso aconteça precisamos ser estimulados. O excesso de cuidado, que vem principalmente dos familiares, acaba sendo algo ruim para as duas partes. A fibrose cística faz parte de nós, mas ela não é tudo que somos. Precisamos nos enxergar para além dela e entender que, mesmo com toda a dificuldade, sonhar e alcançar nossos objetivos é possível. Não devemos nos vitimizar ou nos anular por conta de uma doença, pelo contrário, devemos olhar para a nossa força e o quanto ela pode ser fonte de determinação para as pessoas ao nosso redor.”

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

Fale conosco