Estudo piloto indica que o tratamento com Trikafta® pode eliminar o fungo Aspergillus na fibrose cística

Comunicação IUPV - 01/04/2024 07:44

Menos amostras de escarro foram positivas para fungos após o tratamento em comparação com antes

De acordo com um estudo piloto, o Trikafta®, uma terapia tripla que combina as moléculas elexacaftor, tezacaftor e ivacaftor, eliminou o fungo Aspergillus nos pulmões e preveniu infecções graves em crianças e adultos com fibrose cística.

“Esses resultados preliminares são muito encorajadores e apoiam a hipótese de que o início da terapia [Trikafta] melhora rapidamente a depuração pulmonar de Aspergillus em pacientes com fibrose cística”, escreveram os pesquisadores, observando que estudos maiores e de maior duração são necessários para reforçar esses “resultados promissores”.

O estudo, “Advento de elexacaftor/tezacaftor/ivacaftor para o tratamento da fibrose cística: Quais as consequências na doença relacionada ao Aspergillus? Informações preliminares”, foi publicado como uma carta ao editor no Journal of Cystic Fibrosis.

A fibrose cística é causada por defeitos na proteína CFTR que regula o transporte de água e sal através das células. Esses defeitos levam ao acúmulo de muco espesso e pegajoso em órgãos como os pulmões e predispõem os pacientes a infecções bacterianas e fúngicas graves, muitas vezes causando hospitalizações.

Os moduladores são projetados para melhorar a função das proteínas CFTR defeituosas. Existem dois tipos principais — os corretores, que auxiliam no enovelamento e transporte celular das proteínas CFTR, e os potencializadores, que aumentam a possibilidade de manter a abertura do canal CFTR na superfície celular. O Trikafta contém ambos os tipos de terapias.

Ensaios clínicos demonstraram que o Trikafta melhora a função pulmonar, diminui as exacerbações pulmonares e ajuda a reduzir o número de visitas hospitalares devido a infecções bacterianas, entre outros benefícios. No entanto, pouco se sabe sobre seu impacto nas infecções fúngicas.

Os cientistas analisaram amostras de escarro coletadas de 58 pacientes com fibrose cística – 15 crianças e 43 adultos. As amostras foram coletadas de dois anos antes a um ano após o início do Trikafta. Eles foram cultivados para verificar infecções por Aspergillus e os níveis de imunoglobulina E (IgE, um tipo de anticorpo) e IgE específico de Aspergillus fumigatus em amostras de sangue foram medidos.

Menos amostras de escarro foram positivas para Aspergillus após o tratamento com Trikafta em comparação com as coletadas antes do tratamento em todos os pacientes.

“Isso pode ser devido em parte à restauração do CFTR, que está associado ao aumento da depuração mucociliar, mas também aos moduladores do CFTR que amortecem as espécies reativas de oxigênio induzidas por Aspergillus”, escreveram os cientistas. A depuração mucociliar é um mecanismo de defesa que resulta na eliminação do muco e das substâncias nocivas das vias aéreas. Espécies reativas de oxigênio causam dano oxidativo quando superam as defesas antioxidantes do corpo.

Os anticorpos IgE totais também foram significativamente reduzidos após o tratamento com Trikafta, mas não houve alteração nos níveis de IgE específica para Aspergillus.

Os cientistas sugerem interpretar os resultados do anticorpo com cautela. Uma vez que os pacientes visitam hospitais com pouca frequência quando fazem tratamentos eficazes, como Trikafta, os exames de sangue de rotina são mais espaçados e podem não refletir com precisão os níveis de IgE total ou específica para Aspergillus.

No geral, “podemos esperar que os paradigmas de ontem sobre o impacto dos fungos na fibrose cística estejam prestes a mudar em um futuro próximo. Como consequência, o acompanhamento de pacientes com a doença e os hábitos de tratamento podem ser profundamente transformados e levar à abstenção da terapia antifúngica”, escreveram os cientistas.

Fonte: https://cysticfibrosisnewstoday.com/news/study-aspergillus-cleared-cf-patients-with-trikafta-treatment/. Acesso em 04 de junho de 2023.

Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.

Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas, Mestre e Doutoranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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