Exposição ao Fumo Passivo Agrava a Fibrose Cística

Instituto Unidos pela Vida - 08/12/2014 07:54

Pesquisadores em Johns Hopkins descobriram a primeira evidência genética de que o fumo passivo pode agravar doenças pulmonares. O relatório descreve uma variação genética que debilita a função pulmonar, também reduzindo a expectativa de vida de quem sofre de fibrose cística e é fumante passivo.

A Fibrose Cística (FC) é uma doença que afeta mais de 30.000 indivíduos nos EUA e as principais complicações geralmente acontecem nos pulmões. “Apesar dos avisos públicos, incluindo um relatório dos cirurgiões gerais dos EUA declarando que não há níveis de fumo passivo que sejam livres de risco, uma grande quantidade de pessoas com FC são fumantes passivas, ou seja, exposição de pessoas não fumantes ao ar contaminado pela fumaça do cigarro. Infelizmente, os estudos publicados tem sido inconsistentes ao associar efeitos clínicos adversos em pacientes com FC com o fumo passivo,” descrevem os autores.

Nós estamos muitos surpresos que uma mudança genética tão pequena possa dobrar os efeitos negativos do fumo passivo em função pulmonar nesses pacientes,” diz  Dr. Garry Cutting, professor de pediatria e membro do Instituto McKusick-Nathas de Medicina Genética.

“Sempre suspeitamos que ser fumante passivo é prejudicial a pacientes com doenças pulmonares, e agora nós temos uma prova de um gene específico que claramente afeta os pacientes com FC.”

Dos 812 participantes do estudo, 188 foram expostos ao fumo passivo em casa. Os participantes foram recrutados entre 2000 e 2006 como parte do estudo de Irmãos Gêmeos com FC e do Registro de Dados da Fundação de Fibrose Cística.

O time de pesquisadores descobriu que o paciente com FC que é fumante passivo tem um declínio na função pulmonar, medido pela quantidade de ar que uma pessoa consegue expirar em um segundo. De acordo com Cutting, qualquer fumo passivo pode reduzir essa medida pelo menos 10%.

“Sabemos que alguns pacientes tendem a ter manifestações clínicas mais severas que outros, então, nós avaliamos se a genética estaria ligada no como estes pacientes reagem à fumaça,” diz Cutting. O time então comparou a função dos pacientes com suas respectivas variações genéticas, assim como a variação de um outro gene, TGFbeta1, o qual já foi demonstrado afetar a severidade da FC e asma.

Pacientes com FC que também possuíam a mutação específica no TGFbeta1 tiveram resultados duas vezes pior em funções pulmonares após serem expostos ao fumo passivo quando comparados com os que não foram expostos. Para Cutting, ser fumante passivo equivale a aproximadamente 7 anos de declínio em função pulmonar.

“Isso significa que um paciente de FC com 17 anos com a mutação no TGFbeta1 e fumante passivo teria a mesma função de um paciente de 24 anos que não fora exposto,” diz Cutting. “Essa interação gene-ambiente acelera drasticamente o declínio da função pulmonar.

Ref. JAMA. 2008;299[4]:417-424

Autores do artigo: J. Michael Collaco, Lori Vanscoy, Lindsay Bremer, Kathryn McDougal, Scott Blackman, Amanda Bowers, Kathleen Naughton, Jacky Jennings, Jonathan Ellen and Cutting, todos de Johns Hopkins

A pesquisa foi financiada pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, pela Fundação de Fibrose Cística e pelo Instituto de Pesquisa Médica do Comissário de Bordo,

Link original: Science Daily

Traduzido por Thiago Arzua: Estudante no terceiro ano de “Pre-Med” na University of South Florida, em Tampa nos EUA, visando a uma graduação em Medicina. Voluntário também em um laboratório de neurobiologia, com ênfase em doenças neurodegenerativas como Alzheimer’s. Foi também assistente de pesquisador em um laboratório de química sintética por mais de um ano, incluindo contribuições em artigos publicados, e diversas conferências nos EUA. Em março 2014 foi ao Peru em uma missão para ajudar comunidades carentes com programas educacionais e clínicas gratuitas. Quando no Brasil, atua como voluntário no Hospital de Clínicas de Curitiba, e no Hospital do Trabalhador.

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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