Irmã de Paciente | Daniela Freitas
Instituto Unidos pela Vida - 07/05/2010 21:50Irmã de Denise Rodrigues Sisdeli, que tem FC, de Viradouro – SP.
“Começo esta conversa agradecendo a iniciativa da Verônica, uma pessoa iluminada, de bem com a vida e que não se assusta com as adversidades que todos nós passamos, mas em especial as pessoas portadoras de Fibrose Cística.
Gostaria de poder de alguma forma ajudar os familiares dos portadores de FC, pois como eu acho que a maioria até pouco tempo desconhecia essa doença. Só descobri quando minha irmã foi para Unicamp em maio de 2008, com 32 anos de idade. Atualmente ela tem 33 e com a graça de Deus e ajuda da medicina viverá por muitos longos anos. Tivemos uma infância normal, sempre fomos ligadas, pois somos duas irmãs, e devido ao emprego do meu pai, a transferência de cidades nos aproximou mais. A primeira vez que minha irmã teve problemas pulmonares foi quando ela tinha 3 meses, ficou internada um mês no hospital em Ribeirão Preto, mas na época em 1976, não levantaram nenhuma suspeita de FC. O tempo passou e tivemos uma infância normal, só que em certos momentos ela tinha crises meus pais levavam em vários médicos, mas nunca nenhum levantou a hipótese de FC, até câncer falaram para minha mãe que era. Na adolescência minha irmã sofreu… E isso me corta o coração! Mas também não sabíamos nada a respeito. Por isso a conscientização para o exame do pezinho do bebê é tão importante, nós somos muito desinformados a respeito, por isso é necessário a divulgação.
Com a confirmação procurei me informar a respeito e fui conhecendo pessoas com FC pela internet, Isso me ajudou muito a tentar compreender, pois eu simplesmente “pirei”, não aceitava, não entendia eu não ter nascido com nada e minha irmã ter esse problema, por fim acabei em um psquiatra que me fez entender que certas coisas na vida não podemos carregar nos ombros e nem nos sentir culpados, simplesmente existem e temos que enfrentá-las. E ele sempre me dizia não se lamente e não se torture, é melhor você ajudar no que for necessário do que ficar chorando ou se martirizando, e foi isso que eu fiz, não adianta lamentações, por isso eu tento na medida do possível tentar ajudar e compreender minha irmã.
Não moramos na mesma cidade, mas nos falamos todos os dias por msn, e sempre cobro dela o exercício aeróbico que é fundamental para os portadores de FC, não só para os portadores, todos nós precisamos de uma atividade física.
Não vou negar que até hoje choro quando ela precisa tomar medicação intravenosa, me corta o coração, mas ela é forte e agüenta firme esse tratamento, não perde uma veia e olha que ela fica com o cateter, escalpe, mas ela é super cuidadosa, cuida bem da veinhas como ela diz.
Enfim, a luta não é fácil, medicação, exercícios, mas não pode desanimar isso eu sempre digo para minha irmã. Tenho fé que novas medicações estão a caminho e vão ajudar e muito as pessoas portadoras com FC, e eu vou estar viva para ver toda essa evolução junto com a minha irmã, pois eu acredito sim, que ela tem uma longa jornada aqui na terra.
Gostaria de finalizar agradecendo a Verônica uma pessoa nota dez, animada, empreendedora e de bem com a vida. Gostaria de agradecer a Deus por ter tido minha irmã como minha irmã, porque quando me desanimo com algo lembro da força dela para lutar no dia a dia, internações, acompanhamento, idas a Campinas, etc. Estou aqui sempre e caso algum familiar quiser conversar, trocar idéias, ficarei feliz.
Força, fé e jamais desistam, pois nossa vida é feita de escolhas e caminhos, e podemos sim vencer os obstáculos ajudando as pessoas que amamos! Não desistam!”
Depoimento enviado para a equipe do Instituto Unidos pela Vida por e-mail por Daniela Freitas.
Este relato tem cunho informativo. Não pretende, em momento algum, substituir ou inferir em quaisquer condutas médicas. Em caso de dúvidas, consulte sua equipe multidisciplinar.