Entrevista com a Dra. Mônica Firmida | Mulheres de fibra que nos inspiram

Comunicação IUPV - 19/03/2021 16:53

Março é considerado o mês da mulher, e para marcar a passagem deste período tão importante, o time do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística entrevistou três mulheres de fibra, representando todas aquelas que nos inspiram todos os dias. Começamos a série de relatos apresentando a Dra. Mônica Firmida, médica pneumologista do Ambulatório de Fibrose Cística da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), figura super carismática no universo da fibrose cística no Brasil.

A medicina sempre foi sua paixão, e mesmo em meio a muitas dificuldades, Dra. Mônica seguiu firme para conquistar seu objetivo de se tornar pneumologista. Ela afirma que sua dedicação e força de vontade foram fundamentais para que este sonho se tornasse realidade.

“Sempre tive a certeza que atuaria na área da saúde e todo o meu caminho acadêmico foi trilhado com base neste objetivo. Abdiquei de muita coisa na época do vestibular e foquei totalmente nos estudos, o que valeu a pena. Estudei boa parte da minha vida em escola pública e, apesar de ser um curso concorrido, quando temos determinação e estudamos, conseguimos alcançar esse objetivo.Tive total apoio da minha família e não sofri preconceito por ser mulher e almejar atuar na área de pediatria e pneumologia. Acreditei na minha capacidade, na minha perseverança, e dessa forma sigo até hoje, vivendo meu grande sonho de ajudar centenas de pessoas por meio da minha profissão. O único momento em que realmente senti preconceito por ser mulher foi durante os dois anos em que atuei como militar na Marinha do Brasil. Naquela época, minha turma era a primeira que tinha mulheres concorrendo ao corpo de saúde da Marinha. Ali, o tempo inteiro, a gente sofria situações grosseiras de preconceito, não só por ser uma novidade estarmos lá no mesmo quadro dos homens, mas por mínimas questões do dia a dia. Não era só comigo, era com todas as mulheres, infelizmente”.

Apesar da convicção sobre a carreira que gostaria de seguir, Dra. Mônica não imaginava que a fibrose cística faria parte dos seus dias como acontece hoje. Ela contou que encontrou seu caminho profissional trabalhando com a patologia quando ainda estava na faculdade.

“Foi no meu terceiro ano que atendi a primeira pessoa com fibrose cística, paciente que me marcou muito e para quem dediquei minha dissertação de Mestrado. Quando fiz minha residência médica acabei passando pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF), lugar onde meu interesse pela fibrose cística aumentou, principalmente por conta da atenção que eu via a Dra. Laurinda, chefe do serviço na época, dedicando para as pessoas diagnosticadas com a doença. Desde esse momento o meu envolvimento com elas foi aumentando e, quase sempre, quando precisavam ficar internadas, era eu quem cuidava.”

Apesar de ter optado por estudar a fibrose cística durante o Mestrado e por fazer sua residência na área de pneumologia, a Dra. Mônica acreditava que seu ciclo de atendimento direto à doença havia se encerrado. Porém, em 2004, tudo mudou.

“Passei para a UERJ como professora em 2004, quase 10 anos após finalizar minha residência em pediatria. Nesta época optei por ser professora da medicina de família e fui parar no atendimento de adultos com fibrose cística. Aceitei o desafio de imediato e acabei transferida para a pneumologia. Foi assim que nasceu a equipe multiprofissional da UERJ que, com a mudança de poucas pessoas, segue atuando até hoje.”

Após tantos anos trabalhando diariamente no atendimento de pessoas com fibrose cística, a Dra. Mônica afirma que atuar nesta área tão específica é a verdadeira missão da sua vida e que esse caminho não surgiu ao acaso.

“Trabalhar com a fibrose cística é algo que abraço com muito amor e carinho. Considero um verdadeiro privilégio poder viver as inúmeras coisas que vivo nessa trajetória relacionada à doença. Tenho muito afeto pelas pessoas que atendo e gosto de entendê-las, ouvir suas dúvidas, esclarecê-las e ajudá-las com seus planos de vida. Neste cenário, o que me motiva é o aspecto humano presente nisso tudo. Sei que a fibrose cística é uma doença difícil e que requer muito cuidado, muitos exames e muitos detalhes que precisam ser avaliados durante as consultas, e se a gente não tiver sensibilidade para lidar com isso, existe a chance de realizar uma abordagem centrada apenas na doença, e não deve acontecer dessa forma. Acredito que temos muito a fazer pela condição humana, esse é o tipo de medicina que eu gosto de realizar, é isso que me motiva. Busco olhar para as pessoas individualmente, com cuidado, levando suas singularidades em consideração.”

Pode ser que você esteja lendo esse depoimento enquanto também sonha ou já está lutando para seguir carreira na área da saúde, como a Dra. Mônica. Para te motivar e inspirar a seguir batalhando por esse objetivo, ela deixou a seguinte mensagem. 

“A medicina é realmente uma paixão sem remédio e eu faria tudo de novo. Esse ano eu vou completar 29 anos de formada e neste período todo eu só fui aprendendo a desfrutar, cada dia mais, da convivência humana e todos os aspectos que chegam junto com ela. Eu espero que a medicina me torne uma pessoa melhor nesta passagem por nosso planeta Terra. Por isso, digo para todos que querem seguir neste caminho: nunca perca esse altruísmo, essa esperança e vontade de cuidar. Se engana quem acha que é uma profissão para ganhar dinheiro, ficar rico, e se o foco for esse, é melhor pensar em seguir outros caminhos. Ser médico exige uma dedicação muito grande, que diversas vezes nos afasta da família em feriados importantes e momentos de confraternização com os amigos, mas que nos traz um ganho gigante em todos os aspectos.”.

Por Kamila Vintureli

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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