Pesquisas mostram que pessoas com fibrose cística podem se beneficiar de suplementos vitamínicos

Comunicação IUPV - 16/10/2023 07:59

Pessoas com fibrose cística que complementam sua dieta com vitamina C também podem obter maior benefício de outro antioxidante, a vitamina E, resultando em uma redução na inflamação generalizada. É o que sugere um estudo conduzido pela Oregon State University (OSU).

As descobertas, publicadas na revista Nutrients, são importantes porque mais de 160.000 pessoas em todo o mundo têm fibrose cística, doença genética rara e ainda sem cura que causa sintomas como tosse crônica, pneumonia de repetição, diarreia e suor mais salgado que o normal. 

“A fibrose cística é uma doença genética associada ao aumento da inflamação e, como muitas doenças inflamatórias, vem com uma grande quantidade de estresse oxidativo”, disse Maret Traber, do Linus Pauling Institute da OSU, que liderou o estudo.

O estresse oxidativo ocorre devido a um desequilíbrio no corpo entre os radicais livres, que podem causar reações químicas nocivas, e os antioxidantes. Antioxidantes são moléculas capazes de ceder um elétron a um radical livre, fazendo com que o radical livre se torne menos reativo sem se tornar ele próprio instável.

“Além do estresse oxidativo, a fibrose cística também é caracterizada por problemas com a absorção de gordura, que limita a absorção de vitamina E, um antioxidante solúvel em gordura”, disse Traber, professor da Faculdade Estadual de Saúde Pública e Ciências Humanas do Oregon. “Baixos níveis de vitamina E associado ao alto estresse oxidativo são uma receita para mais inflamação, o que pode contribuir para uma série de resultados negativos para a saúde”.

As dificuldades dos pacientes com a absorção de gordura significam que eles precisam consumir quantidades maiores do que o normal de vitaminas lipossolúveis como a vitamina E, disse Traber. Os pacientes precisam de pelo menos 400 miligramas de vitamina E diariamente para atingir concentrações sanguíneas normais, disse ela.

Neste estudo, os pesquisadores analisaram se os suplementos de vitamina C poderiam ajudar os pacientes a usar melhor a vitamina E absorvida. A vitamina C pode reciclar formas oxidadas de vitamina E e também é útil para reduzir os aspectos de estresse oxidativo da inflamação, disse Traber.

Após 3 semanas e meia de doses diárias de mil miligramas de vitamina C, os participantes do estudo tenderam a concentrações sanguíneas mais baixas de um biomarcador de estresse oxidativo chave, malondialdeído ou MDA, e também a uma desaceleração na eliminação de vitamina E da corrente sanguínea.

“Como a vitamina E permanece por mais tempo, ela pode entrar melhor nos tecidos e proteger melhor as membranas celulares do estresse oxidativo”, disse Traber.

Os benefícios das descobertas, publicadas na revista Nutrients, não são exclusivos das pessoas com fibrose cística, observou ela. Fumantes, por exemplo, normalmente têm problemas associados ao estresse oxidativo e podem se beneficiar de vitamina C extra e possivelmente vitamina E extra. Pacientes com síndrome metabólica também têm problemas com vitamina C e E.

“Este estudo usou vitamina C muito além do que alguém pode facilmente obter da dieta”, disse ela. “Mil miligramas é o equivalente a 15 laranjas ou quatro ou cinco pimentões médios. Mas a pesquisa sugere que uma dosagem alta pode ser benéfica em condições inflamatórias.”

Scott Leonard, do Instituto Linus Pauling, também contribuiu para a pesquisa, assim como médicos da Universidade da Califórnia, em Davis, e cientistas da Maharaja Sayajirao University of Baroda, na Índia, e da Brock University, no Canadá.

Fonte: https://www.sciencedaily.com/releases/2022/09/220929133437.htm. Acesso em 04 de junho de 2023.

Traduzido por: Mariana Camargo, biomédica, PhD e mãe da Sofia, diagnosticada com fibrose cística.

Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, fundadora e diretora executiva do Unidos pela Vida, diagnosticada com fibrose cística aos 23 anos. Psicóloga, especialista em análise do comportamento, tem MBA em Direitos Sociais e Políticas Públicas e Mestranda em Ciências Farmacêuticas com ênfase em Avaliação de Tecnologias de Saúde pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

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Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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