Pessoas com fibrose cística podem ter animais de estimação?

Comunicação IUPV - 26/12/2020 07:39

Na rotina de trabalho do time do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, recebemos diariamente diversas dúvidas do nosso público. São pessoas com fibrose cística, familiares, estudantes e profissionais da saúde que nos consultam sobre questões variadas, como onde realizar o diagnóstico para a doença, quais os principais sintomas e formas de tratamento.

E recentemente, nossa equipe recebeu o seguinte questionamento de uma mãe de fibra: pessoas com fibrose cística podem ter animais de estimação? E para nos ajudar a responder essa dúvida, conversamos com a Dra. Mônica Firmida, Médica Pneumologista do Ambulatório de Fibrose Cística da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Mas afinal, pessoas com fibrose cística podem ter animais de estimação?

De acordo com a Dra. Mônica, a resposta é SIM! Ou seja, não existem restrições em relação a pessoas com fibrose cística conviverem no mesmo ambiente que animais de estimação, como gatos e cachorros.

“Não há nenhum estudo científico que mostre que existe um risco maior de pessoas com fibrose cística terem exacerbações ou piora no quadro clínico por conviver com animais domésticos. No entanto, existem riscos inerentes a conviver com animal para qualquer tipo de pessoa. A primeira dúvida comum é em relação às pessoas que possuem algum tipo de alergia, asma ou dermatite atópica. Quem possui esses quadros, e que também pode ter fibrose cística, precisa ser cuidadosamente avaliado para saber o que causa a alergia. Quando a relação é óbvia e a família sabe que sempre que a pessoa tem contato com um animal doméstico a alergia é desencadeada, não é indicado que se tenha um pet em casa”, afirmou.

Porém, de acordo com a Dra. Mônica Firmida, isso não é uma regra, pois existem pessoas que possuem alergias causadas por outros fatores não relacionados aos animais de estimação.

“Por isso, se houver alguma dúvida sobre o que causa as crises de alergia, procure um médico! Hoje em dia existem testes de alergia que identificam se aquela pessoa tem um potencial maior ou não de ter alergia causada pelo pet. Outra questão importante em relação ao risco de ter animais domésticos são os quadros de zoonoses. Quase todos os animais têm o potencial de transmitir algum tipo de doença, por isso, é fundamental que, ao adotar, o animal seja levado ao veterinário para tomar vermífugos e todas as vacinas. Por exemplo: existe um tipo de verme muito comum em filhotes de cachorros que causa toxocaríase em humanos, que ao contato pode causar um quadro respiratório acentuado. Por isso, é importante que cada animal seja avaliado especificamente em relação aos possíveis riscos”, afirmou.

Planejamento é fundamental!

A Dra. Mônica ainda afirma que, na hora de decidir por ter um animal de estimação, o planejamento é algo fundamental para que todos estejam em segurança, tanto os animais, quanto o familiar com fibrose cística e todas as pessoas da casa.

“Quando começarem a pensar em ter um animal doméstico, planejem-se! Verifiquem se a família realmente está disposta a cuidar do animal, arcar com os custos que ele trará e como será cuidar desse pet e ao mesmo tempo da pessoa que tem uma doença crônica. Se tudo isso foi cuidadosamente analisado, as coisas poderão fluir da melhor maneira possível. Em relação a parte psicológica e de neurodesenvolvimento de crianças, há uma série de benefícios comprovados sobre o convívio com animais. Inclusive a Terapia com Animais é um campo muito estudado e utilizado para diversas doenças, principalmente doenças crônicas. Por isso, sem dúvidas, essa relação tem muitas vantagens”, afirmou.

É importante lembrar que não são apenas os gatos e cachorros que tornam necessários alguns cuidados específicos na hora de decidir sobre o convívio em família. De acordo com a Dra. Mônica, outros animais, como pássaros e tartarugas, também vão requerer orientações e cuidados específicos.

“Os pássaros, por exemplo, não são isentos de preocupação quando falamos de doença respiratória, pois há pessoas que desenvolvem alergias pelo convívio com esses animais e também há infecções específicas transmitidas por determinados pássaros. Por isso, é importante ter uma consulta prévia com um profissional antes da decisão. Outra situação comum é de famílias que tinham animais antes de receber o diagnóstico para fibrose cística do filho, e se questionam se precisam buscar outro local para esse animal morar. Mas isso não é necessário! Quando a gente já convive com animal há muito tempo, e quando a gente nasce em um ambiente em que o animal faz parte, o próprio mecanismo imunológico tem uma chance menor de desenvolver alergia no contato com aquele animal, pois esse convívio faz com que nosso organismo entenda que ele faz parte da nossa natureza, que é uma convivência natural. Ou seja, se não houverem situações específicas, não é preciso ficar sem o pet”, finalizou Dra. Mônica.

Esperamos que você tenha gostado deste material e, caso tenha dúvidas relacionadas à fibrose cística, envie para o nosso e-mail contato@unidospelavida.org.br. Ficaremos felizes em ajudar a esclarecer todos os seus questionamentos!

Por Kamila Vintureli

Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

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