Saiba como foram as palestras do III Ciclo sobre Exercício Físico na FC, em POA!
Instituto Unidos pela Vida - 24/06/2013 12:13Nossa III Edição Nacional do Ciclo de Palestras sobre Exercício Físico na Fibrose Cística aconteceu em Porto Alegre no dia 15/06/13, na Câmara dos Vereadores de Porto Alegre. Esta foi a 1ª Edição Gaúcha!
I Etapa do Ciclo: Instituto Unidos pela Vida, Associações de Assistência (AGAM e Amucors) e GEDR – Grupo de Estudos de Doenças Raras do RS.
A diretora e fundadora do Instituto Unidos pela Vida, Verônica Stasiak, abriu o evento contando a história de fundação do Instituto, compartilhando sua história pessoal com a Fibrose Cística. Verônica foi diagnosticada em outubro de 2009, com 23 anos, e desde então vem trabalhando em prol da divulgação e conscientização da FC.
Em seguida, ouvimos Cleci Muller, presidente da AGAM – Associação Gaúcha de Assistência à Mucoviscidose, que falou sobre a atuação da AGAM, objetivos, entre outras informações da Associação.
Na sequência, ouvimos Elisabeth Backes, presidente da AMUCORS – Associação de Apoio a Portadores de Mucoviscidose do Rio Grande do Sul, que nos contou sobre o papel da associação na vida dos pacientes e familiares, lutas, conquistas, entre outras atividades. Antecipadamente, Elisabeth convidou a todos para o Momento da FC que acontecerá em Outubro.
Finalizando este primeiro bloco voltado às associações, a Sra Sofia Cavedon, vereadora de Porto Alegre, nos brindou compartilhando um pouco de sua atuação na saúde, inclusive no grupo de estudos das doenças raras do Rio Grande do Sul (GEDR). Colocou-se à disposição para auxiliar as associações gaúchas no que for possível.
II Etapa do Ciclo de Palestras: Palestras Teóricas
A fisioterapeuta Janice Lukrafka iniciou falando da dos comprovados benefícios da fisioterapia no tratamento da fibrose cística. Retratou a evolução das técnicas que iniciaram-se com as clássicas manobras de drenagem postural e hoje incluem manobras desobstrutivas, reexpansivas com mais autonomia para o paciente. Depois, citou dezenas de trabalhos que comprovam os benefícios do treinamento físico na melhora da capacidade aeróbica, aumento na expectativa de vida, melhora na função pulmonar e cardiovascular, aumento no VO2 e ganho de força muscular.
Falou que a ação de desobstrução promovida pelo exercício se deve ao efeito de redução da viscosidade e elasticidade do muco durante a atividade o que leva a uma facilidade maior na expectoração. Por isso, ela defende que o treinamento físico deva ser avaliado como parte das técnicas desobstrutivas.
Falou também da importância de sair do ciclo vicioso da doença onde a piora do quadro clínico diminui a disposição para o exercício e a falta do exercício contribui para a piora no quadro clínico.
Outro ponto importante da palestra foi a participação das equipes na avaliação da capacidade para o exercício. Apresentou diferentes tipos de avaliação e discutiu vantagens e desvantagens de cada um. Falou, por exemplo, das vantagens dos testes submáximos que são mais fáceis de realizar, mais baratos, apresentam menor risco, são confiáveis e validadose podem ser realizados no ambulatório.
Além disso, destacou que o treinamento deve ser individualizado e acompanhado por uma equipe multidisciplinar.
Seguiu mostrando diferentes probramas de treinamento pelo mundo e seus resultados. Há resultados significativos em valores de VEF1, IMC, VO2, força muscular, níveis de atividade e percepção de qualidade de vida.
Concluiu dizendo que o exercício deve ser visto como parte essencial da fisioterapia e portanto deve ser estimulado dentro e fora do ambiente hospitalar.
A professora de Educação Física, Inaê Cherobin, iniciou falando do Serviço de Recreação Terapêutico do HCPA que, desde 1979
atende pacientes hospitalizados. No início, educadores físicos, pedagogos, terapeutas ocupacionais atuavam como recreacionistas.
Em 2010, com a criação da Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, a educação física passou a ter uma atuação efetiva nos atendimentos e um maior reconhecimento entre as equipes.
Citando revisões na literatura técnica no exterior e no Brasil mostrou também os benefícios das práticas e destacou a importância do trabalho do profissional para garantir a aderência e a regularidade dos programas. Também destacou a importância do apoio da família e disse que não importa a modalidade escolhida contanto que ela seja realizada com prazer.
Assim como Janice, Inaê destacou a importância de uma avaliação criteriosa da aptidão física e do estado clínico e destacou que entre os pacientes avaliados, a maioria está apta à prática regular de exercícios físicos.
Também falou da importância do profissional na orientação do tipo, intensidade e duração dos exercícios.
Destacou que os exercícios tem comprovada contribuição na progressão significativamente menor da doença.
Destacou ainda alguns aspectos práticos como o cuidado com a hiponatremia e desidratação durante exercícios mais intensos em dias mais quentes.
Falou que o exercício não deve ser interrompido se houver tosse e que esportes de contato devem ser evitados nos quadros de hepatomegalia (aumento do fígado) e esplenomegalia (aumento de pâncreas).
Mostrou alguns instrumentos usados pelo grupo como a escala subjetiva de percepção de esforço, a cartilha com orientações de alta e o registro em prontuário de todas as atividades.
As palestras se seguiram de perguntas do público e na avaliação de todos foram do mais alto nível técnico.
III Etapa do Ciclo de Palestras – Relatos da Prática!
Após um delicioso coffee break, Cristiano Silveira, coordenador da Equipe de Fibra, compartilhou com os presentes a história da Equipe de Fibra, e outras histórias insipiradoras. Em seguida, ouvimos o relato de Thamiris Sabas, uma atleta de fibra que veio diretamente do Rio de Janeiro para contar sua história e para correr seus primeiros 10km!
Leia abaixo o relato da participação de Thamiris na Maratona!
Participação da Equipe de Fibra na Maratona Internacional de Porto Alegre
Relato de Thamiris Sabas, paciente com Fibrose Cística, que correu sua primeira prova de 10,5km!
“Correr pela segunda vez fora do Rio de Janeiro foi incrível, emocionante e divertido. Começando pelo sábado, com o nervosismo de contar um pouquinho do que passei para todos do auditório, a mão suava e tremia, boca seca…mas no final a sensação de dever cumprido.
Percebi o interesse dos que estavam assistindo durante toda a palestra, isso é importante, é sinal que estamos conseguindo passar nosso “dever de casa” direitinho. Além de proporcionar encontros com pessoas que só conhecia por internet, como a querida Geisa Luz que também correu com a Equipe de Fibra.
A corrida no domingo me deixou bastante ansiosa, pois nunca havia feito 10km. O máximo que consegui foram 7,5km com um sol “de rachar” e foi ótimo, vencendo limites e barreiras. A prova de revezamento domingo foi bem legal, havia duplas, quartetos e octetos. As duplas corriam 21km, os quartetos corriam 10,5km e os octetos, 5km. E ainda tinha a corrida rústica, que foram 8km, onde a Geisa Luz conseguiu seu melhor tempo de prova.
Eu corri no revezamento e meu noivo Douglas também. Não queria correr sozinha, por medo, por nunca ter corrido 10 km, e o
Vinícius topou correr comigo sem nunca ter corrido a mesma distancia também. Assim que percorri os primeiros 200 m, avistei na minha frente alguém muito grande de camisa verde na calçada, ele estava marcando no relógio para não perdermos tempo. Logo no começo tinha algumas descidas, pensei: “Vou sofrer na volta”, mal sabia que havia subidas na ida também. Mas isso não me fez desistir, fomos brincando e dando bom dia aos moradores que estavam nas calçadas de sua casa vendo a turma correr. Logo na metade do percurso, onde fazíamos a volta de 5km, fiquei pensando: “O que eu to fazendo aqui?”
E comecei a imaginar muita coisa. Estava ali porque gosto, mas principalmente por poder representar uma equipe linda, pode mostrar a esperança para todos e me orgulhar de vestir essa camisa. Saber que quando terminasse a prova, todos estariam ali me esperando orgulhosos. Isso me deu mais energia para continuar meus próximos 5km a frente. Sem contar o Vinícius que quando eu pensava em caminhar ele falava: “Super Fibra, ativar!!!” e a gente começava a rir. Acho que se não fosse a companhia dele, não teria completado todo o percurso. Me ajudou muito.
Por final, próximos dos últimos 500 m ele diz: “Ô Thami, vâmbora ! Dispara aê, vamos fazer em 1h e 20s, vamos!!! Vai que eu sei que você consegue!”
E eu disparei, não vi mais nada na minha frente, somente o pórtico de chegada! E quando olhei bem, estavam todos me esperando, chamando, tirando fotos e isso me encheu o olhos de lágrima, uma felicidade sem tamanho.
No dia seguinte restou a saudade as dores musculares. Mas para curar uma dor muscular, nada melhor que um bom descanso e logo após um bom treino!
Um beijo salgado, Thami.”
Agradecemos imensamente à todos os participantes do Ciclo de Palestras que tornaram o dia delicioso, e ainda à todos apoiadores do evento!
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.