Saiba mais sobre a Semana Mundial de Conscientização Sobre o Uso de Antimicrobianos

Comunicação IUPV - 19/11/2024 08:07
 Semana Mundial de Conscientização Sobre o Uso de Antimicrobianos

Realizada anualmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a Semana Mundial de Conscientização Sobre o Uso de Antimicrobianos acontece de 18 a 24 de novembro e busca conscientizar a população sobre o uso racional de antimicrobianos e melhores práticas para evitar a resistência a esses medicamentos.

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, por se tratar de um problema que afeta a todos, desde pessoas até os animais e o meio ambiente, a campanha busca construir um movimento de colaboração entre todos os setores, em um verdadeiro esforço global na luta contra a resistência a antimicrobianos.

Mas afinal, o que são antimicrobianos?

De acordo com o Ministério da Saúde, antimicrobianos são medicamentos indicados para o combate de microrganismos – como bactérias, fungos e vírus – e redução da sua multiplicação no organismo. Eles são divididos em dois tipos: quimioterápicos (sintéticos) e antibióticos (naturais). 

Como a resistência a antimicrobianos acontece?

A resistência aos antimicrobianos, conhecida no Brasil pela sigla RAM e internacionalmente pela sigla AMR (Antimicrobial Resistance), é vista como um dos principais problemas relacionados à saúde pública no mundo. 

Muitos microrganismos possuem a capacidade de se tornarem resistentes aos antimicrobianos utilizados para combatê-los, fazendo com que os tratamentos sejam ineficazes. Na prática, isso significa que esses microrganismos não serão eliminados durante o tratamento com o uso do antimicrobiano, multiplicando-se e, em algumas situações, agravando o quadro das infecções.

Essa resistência a antimicrobianos pode ser causada por diversos fatores, como o uso dos medicamentos de forma excessiva, utilização sem prescrição ou acompanhamento de um profissional da saúde, e interrupção do tratamento antes do tempo previsto. 

Uso de antimicrobianos na fibrose cística

A mutação genética que causa a fibrose cística faz com que o corpo produza um muco pegajoso e espesso nos pulmões, pâncreas e em outros órgãos. Esse muco pode se acumular nos pulmões, permitindo que os microrganismos se fixem e se multipliquem, aumentando o risco de infecções para as pessoas com fibrose cística.

Apesar dos avanços no tratamento para a doença, as infecções pulmonares ainda são um grave problema de saúde que pode levar a piora mais rápida da função pulmonar e diminuir a qualidade de vida de quem tem fibrose cística. Os principais causadores dessas infecções são Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, complexo Burkholderia cepacia e Aspergillus spp..

Quando surgem essas situações, é geralmente recomendado o tratamento com o uso de antimicrobianos. Após as primeiras doses, um grande número de microrganismos são combatidos e com isso, há uma significativa melhora nos sintomas causados pela infecção.

Porém, quando o paciente suspende o uso, aqueles microrganismos que ainda resistem na infecção, podem se multiplicar, reiniciando o processo de infecção, porém, agora poderão ser resistentes ao antimicrobiano. Neste cenário, como os novos microrganismos são descendentes daqueles mais resistentes, é provável que o mesmo medicamento não cure mais essa infecção, surgindo, assim, uma resistência ao antimicrobiano.

Como evitar a resistência a antimicrobianos na fibrose cística?

As principais indicações para prevenir o aparecimento de novas resistências são: a utilização de medicamentos apenas sobre prescrição médica, com atenção à dosagem e horários corretos. Nunca se deve tomar doses maiores ou encurtar o tempo, acreditando que irá acelerar a cura. 

Além disso, mesmo com a melhora dos sintomas, nunca pare o tratamento antes do período indicado, não faça uso de bebidas alcoólicas durante o tratamento e não utilize nenhum antimicrobianos que estejam fora do prazo de validade, pois além de não fazer efeito, também irá contribuir para o aumento da resistência à medicação.

Em caso de dúvidas sobre o tema, lembre-se sempre: a melhor opção é buscar ajuda e orientação de um profissional da saúde. Ele poderá te auxiliar com todos os seus questionamentos sobre a resistência a antimicrobianos.

Referências:

ANVISA. Antimicrobianos: bases teóricas e uso clínico. Disponível em: <https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_web/modulo1/conceitos.htm>. Acesso em: 10 mai 2022.

ATHANAZIO, R. et al. Diretrizes brasileiras de diagnóstico e tratamento da fibrose cística. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/CtkWJ8LjzyxPvKvLB5fGndC/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em: 10 mai 2022.

BEDNARCZUK, V. O. Entendendo a Fibrose Cística: Uso de Antibióticos. Disponível em: <https://unidospelavida.org.br/entendendo-a-fibrose-cistica-uso-de-antibioticos/>. Acesso em: 10 mai 2022.

CHAVES, G. et al. Resistência a Antimicrobianos: a formulação da resposta no âmbito da saúde global. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sdeb/a/8sybmgm7ZxDmzF8stXfY9KS/?lang=pt#:~:text=A%20Resist%C3%AAncia%20a%20Antimicrobianos%20(AMR,)%20por%20seus%20Estados%2DMembros>. Acesso em: 10 mai 2022.

FIOCRUZ. Resistência bacteriana aos antibióticos. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ioc/media/resistencia_bacteriana_antibioticos_ioc_fiocruz.pdf>. Acesso em: 10 mai 2022.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Consenso Sobre o Uso Racional de Antimicrobianos. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd08_03.pdf>. Acesso em: 10 mai 2022.

OPAS. A partir de agora, a “Semana Mundial de Conscientização sobre o Uso de Antimicrobianos” (WAAW, em inglês) será chamada de “Semana Mundial de Conscientização sobre a RAM. Disponível em: <https://www.paho.org/pt/noticias/6-6-2023-partir-agora-semana-mundial-conscientizacao-sobre-uso-antimicrobianos-waaw-em>. Acesso em 08 nov 2023.

Texto: Kamila Vintureli, jornalista e gestora de comunicação do Unidos pela Vida

Revisão conteúdo científico: Jannaina F. de Melo Vasco, biomédica formada pela Pontifícia Universidade de Goiás (UCG-GO).

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Nota importante: As informações aqui contidas têm cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e/ou o tratamento médico. Em caso de dúvidas, fale com seu médico.

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