Solução Salina Hipertônica pode ajudar bebês com Fibrose Cística a respirarem melhor

Comunicação IUPV - 20/05/2019 11:35

Bebês com Fibrose Cística (FC) podem respirar melhor inalando solução salina hipertônica, de acordo com o estudo “Inalação Preventiva de Salina Hipertônica em Crianças com Fibrose Cística (PRESIS): Um estudo randomizado, duplo-cego, controlado,” publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine.
Na pesquisa, realizada na Alemanha, participaram 40 crianças jovens (idade média de três meses) com FC. Os bebês foram escolhidos de forma aleatória para receber solução salina hipertônica (salina com 6% de sal) ou isotônica (0,9%). Depois, eles foram acompanhados por 12 meses.
Estudos anteriores em ratos descobriram que o quantidade de sal da solução salina hipertônica diminuía o entupimento causado pelo muco nos pulmões, prevenindo o bloqueio das vias aéreas e infecções repetidas. Outros estudos descobriram que a solução trouxe benefícios para bebês mais velhos e crianças com FC.
“Vários estudos, de equipes em todo o mundo, descobriram que nos bebês e crianças com idade pré-escolar com FC, diagnosticados pela triagem neonatal, a doença pulmonar da FC começa nos primeiros meses de vida, deixando uma pequena oportunidade para intervenções terapêuticas preventivas”, disse o Dr. Stahl, autor do estudo e pneumologista pediátrico do Centro de Fibrose Cística e do Centro de Pesquisa em Translação Pulmonar da Universidade de Heidelberg.
“Como a doença pulmonar é o fator mais importante para causar complicações em pessoas com FC, a prevenção, ou pelo menos o atraso do início e avanço dela pode ser uma boa estratégia terapêutica”.
Os pesquisadores também testaram se o índice de depuração pulmonar (IDP) e a ressonância magnética de tórax (RM) poderiam ser realizados com segurança nos bebês e utilizados para conseguir informações sobre o quadro de saúde.
O índice IDP mede quão bem o ar está fluindo pelos pulmões. O bloqueio das menores vias aéreas é o sinal mais precoce da doença pulmonar na FC, e o índice pode identificar essas alterações na respiração. A ressonância magnética pode detectar alterações na estrutura pulmonar.
Os autores relatam que ambos os procedimentos podem ser realizados com segurança nos bebês, apesar do índice de depuração pulmonar, neste estudo, ter sido melhor para medir os benefícios desse tratamento.
Depois de um ano, os bebês que receberam a solução salina hipertônica tiveram um índice de depuração pulmonar melhor, ou seja, o ar estava fluindo melhor por seus pulmões. Além disso, eles ganharam mais peso (500 gramas ou 1,1 libras maior do que o peso médio após um ano de tratamento) e altura (1,5 centímetros ou pouco menos do que uma polegada de altura média após um ano de tratamento).
O ganho de peso confirmou resultado de estudos prévios com a solução salina hipertônica em camundongos para doença pulmonar da FC. As taxas de agravamento pulmonar e eventos adversos entre os grupos de tratamento foram semelhantes.
As limitações do estudo incluem o fato de que a solução salina isotônica (concentração de cloreto de sódio: 0,9%) não é um placebo verdadeiro, ou seja, ela pode, por si só, ter benefícios terapêuticos. Os autores acrescentaram que os bebês foram acompanhados apenas por um ano, portanto, não se sabe se a terapia com solução salina hipertônica é benéfica a longo prazo.
O estudo foi o primeiro controlado randomizado realizado em crianças com FC. “Nós demonstramos que é possível realizar estudos com essa faixa etária desafiadora, usando parâmetros de resultados inovadores e sensíveis, como o índice de depuração pulmonar”, disse o Dr. Stahl. “O tratamento com solução salina hipertônica em crianças com FC é seguro desde o diagnóstico, e nossos resultados sugerem que essa terapia preventiva beneficia a função pulmonar e melhora o desenvolvimento da criança”.

* Este estudo foi financiado pelo Ministério Federal Alemão de Educação e Pesquisa e pela Fundação Dietmar Hopp.
Fonte: AMERICAN THORACIC SOCIETY. Hypertonic saline may help babies with cystic fibrosis breathe better. Science Daily, 9 November 2018. Disponível em: https://www.sciencedaily.com/releases/2018/11/181109073059.htm.
Tradução: Julianna Rodrigues Beltrão, acadêmica do 9º período de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR); presidente da Liga Acadêmica de Humanização do Cuidado em Saúde (LAHCS); atua no setor de Psicologia e Projetos do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística.
Revisão: Verônica Stasiak Bednarczuk de Oliveira, psicóloga – CRP 08/16.156, especialista em análise do comportamento, fundadora e diretora geral do Unidos pela Vida – Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística, diagnosticada com FC aos 23 anos de idade.
Nota importante: As informações aqui contidas tem cunho estritamente educacional. Em hipótese alguma pretendem substituir a consulta médica, a realização de exames e ou, o tratamento médico. Em caso de dúvidas fale com seu médico, ele poderá esclarecer todas as suas perguntas.

Fale conosco